sábado, 7 de junho de 2014

07.- AINDA ACERCA DA NOITE DE QUINTA-FEIRA

ANO
 8
Livraria virtual em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2797

Quando fiz os agradecimentos na abertura de minha fala na quarta-feira no SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO SEDUC/ RS, disse que meu agradecimento especial se dirigia ao Secretário Estadual de Educação. Acrescentei que se fruímos sua sabedoria na abertura do Seminário, mostrando a atualidade do Manifesto dos Pioneiros de 1932, eu tenho o privilégio de a cada duas semanas compartir (estar juntos em sala de aula) com o Jose Clovis, em um seminário no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA. Ser hoje um destes sábados dá um sabor diferente a meus aprendizados.
Esta edição sabatina se faz na esteira do relato que encerra a blogada desta sexta-feira. Ainda estou marcado pelo encontro com os caingangues que tive na URI de Frederico Westphalen. Ontem enviei a seguinte mensagem:
Muito queridos colegas Camila, Edite, Breno e Vanderlei,
permitam-me ser presunçoso. Ontem à noite, fizemos história. Sou muito grato a vocês duas e a vocês dois. Eu, já em Porto Alegre, ainda estou impactado com o seminário de ontem. Tentei fazer uma síntese no blogue deste 6 de junho. É muito difícil. Talvez meu relato canhestro (os que escrevem com a canha, relevem meu preconceito) tenha marcas da emoção que vivo, quando senti esboroarem-se algumas de minhas convicções.
Lembro-me, nesta manhã de sexta-feira chuviscosa, de maneira continuada de David Hume [1711-1776, filósofo iluminista e historiador escocês] que me recorda: “Se acreditamos que fogo esquenta e a água refresca, é somente porque nos causa imensa angústia pensar diferente!”
Acredito que fruímos, ontem, momentos que aprendemos, uma vez mais, abandonar nossas certezas. Tive o privilégio de nesta semana participar do 2º SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO SEDUC/ RS. As reflexões induzidas por aquelas cerca de 30 indígenas na noite de ontem não foram menores. Não podemos deixar a peteca cair.
Fizemos o Seminário As marcas da presença de indígenas na universidade. O canteiro para semeação foi bem preparado. As sementes são de qualidade, como as de milho crioulo, que o Antonio Valmor Campos estudou na sua dissertação. A hibridização que há nas sementes que foram lançadas ontem não são do tipo daquelas usadas por agricultores que são seduzidos pelas grandes sementeiras biopiratas, que são programadas para serem estéreis na segunda geração. Nossas sementes são híbridas sim, mas caldeadeadas na miscigenação de culturas e não marcadas por OGMs, organismos geneticamente modificados, que uma sementeira, enganosamente, decodifica mentirosamente por organismos geneticamente melhorados.
De novo obrigado pela parceria. Relevem minha emoção.
Fizemos a semeadura num seminário, como Michel Mafesolli nos ensinou na noite desta segunda-feira. Mas mesmo as melhores sementes requerem cuidados. O seminário ou a sementeira requer irrigação e luz para que a terra não fique crestada e a germinação feneça.
Adito, ainda, que termos entre nós as médicas cubanas Dayse e a Ysenia foi muito significativo. Elas se sentiram acolhidas apreciaram muito o evento.
Eu quero estar nesta tribo. A estima e a admiração do ac

3 comentários:

  1. Mestre, somos testemunhas do seu empenho e dedicação para que a germinação de preciosas sementes aconteçam. Penso que isto é parte da prática que, por dever, precisamos executar. Mesmo que ao nosso redor esteja repleto de incoerências, ainda assim acredito na coerência, na ética, no reconhecimento, principalmente no que diz respeito à questão indígena. O recado deles foi claro: Querem espaço de preservação da sua cultura. Uma integração que, realmente, respeite seus saberes. Manifestam o desejo de permanecerem na Universidade. E de permanecerem indígenas.
    Parabéns pela iniciativa. Sabemos que a parceria Attico Chassot e a Camila Camargo, sua orientanda e já mestre em educação, idealizaram o projeto fazendo acontecer. A professora Edite Sudbrack e o professor Breno Sponchiado apoiaram. E o intruso aqui apenas assistiu e tirou a foto. O problema é que gostei da ideia e agora vão ter de me suportar no projeto. Fico grato.

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  2. O que me preocupa é ver o índio cada vez mais inserido nas mazelas da "vida civilizada". O indígena contaminado pelo consumismo, substituindo seus valores pelos nossos falsos e deturpados desejos de consumo. A meu ver, enterra-se a cultura indígena a cada dia. Aqui em Niterói tivemos um episódio que exemplifica bem o problema. Uma determinada tribo reivindicou uma área na praia de camboinhas onde se dizia solo sagrado pois encontravam-se enterrados ancestrais indígenas. Houve um movimento de repercussão nacional e os índios ganharam o direito a permanência da pequena comunidade. Meses depois encontramos a tribo explorando a área cobrando preços extorsivos para quem quisesse estacionar seu carro para ir a praia.

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  3. Estimado Antonio, muito pertinente sua colocação. Esta foi a maior preocupação dos indígenas que se constatou em suas falas na Quinta-feira durante o seminário. Na minha humilde percepção.
    Infelizmente isto fica restrito a estes eventos que não possuem a cobertura da grande mídia. Aí entram os tais "interesses" civilizacionais...

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