quarta-feira, 23 de abril de 2014

23. — MAIS UMA VEZ NA ATENAS BRASILEIRA


ANO
 8
JUIZ DE FORA - MG
EDIÇÃO
 2752

Esta é a terceira vez que estou em Juiz de Fora. Na viagem, a estada de quase três horas em Viracopos/ Campinas teve com marca ausência de sinal para internet e telefone celular só para emergência. Momentos para experenciar o difícil sermos desasados.
Mais uma vez frui no voo destinado à Zona da Mata (é assim que o destino é anunciado) a troca de experiências com pessoas de outra grei. Conversei com duas irmãs gêmeas que voltavam de um concurso em Brasília na área jurídica. Analisar a prova que se submeteram no dia anterior foi significativo.
No aeroporto em Goianá era esperado pela Cristhiane. O papo de 40 km até Juiz de Fora foi precioso. No hotel novos problemas com internet e telefone.
 Ontem a atividade central foi a fala que fiz à noite para cerca de 70 professores e alunos. Recebi distintas  manifestações de apreciação à mesma. A Cristhiane, à apresentação, destacou o quanto o livro A ciência através dos tempos foi significativo em sua história profissional. Leu, à guisa de abertura, trecho do Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto.
Da agenda de hoje destaco a defesa de dissertação da Patrícia Maria de Azevedo Xavier, uma bacharel e licenciada em Química que estudou os saberes populares da produção artesanal de doces por pequenos produtores de Juiz de Fora – MG: Um olhar a partir da abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade. Patrícia é a primeira orientanda que Professora Dra. Cristhiane Cunha Flôr leva à defesa, o que confere diferenciadas emoções para o evento.
A leitura do trabalho foi muito fruída pois envolve uma área que há muitos anos recebe meus estudos e neste trabalho a gratificação foi espraiada quando vi não apenas vários das propostas que defendo merecerem destaque, mas ver a presença estudos de pelo menos quatro de meus orientandos: Inês Reichelt, André Siqueira, Antonio Valmor de Campos e Luciana Venquiaruto.
 Patrícia trouxe o alerta de Eric Hobsbawm (1917-2012) “A destruição do passado — ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal a das gerações passadas — é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio”*.
Ela destaca em seguida minha sugestão quando sugiro que é no apossamento das recomendações de Hobsbawm, que nós, educadoras e educadores, temos também o ofício cometido aos historiadores: lembrar o que os outros esqueceram. É neste espírito que a dissertação que examinaremos esta tarde revisita nossas raízes passadas para encontrar perspectivas para o futuro.
* HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 13

4 comentários:

  1. O saber é como a boa semente plantada em solo fértil, torna-se planta frondosa e dissemina frutos e outras boas sementes.

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  2. Penso que Hobsbawm também nos quer lembrar de que precisamos, para preservação das espécies, não esquecermos que ainda somos humanos.

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  3. Olá Mestre Chassot, estou na aula de saberes químicos escolares da Prof. Cristhiane Cunha Flor, na UFJF, e mais uma vez estou lendo seu blogue. Pretendo passar por aqui semanalmente. Admiro muito o seu trabalho. Gostaria de ter ido na defesa da Patricia, pois me interesso muito pelo assunto abordado.
    Também acredito que as gerações futuras estão perdendo aos poucos esse saberes populares, o que me remete profunda tristeza. É como se estivéssemos perdendo a nossa própria cultura, a cultura das gerações passadas.

    Um abraço e até a minha próxima leitura
    Lethycia Lopes Pereira

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    1. Muito querida Lethycia,
      saber que catalisada com o entusiasmo da Prof. Cristhiane de vez em vez passaras aqui é um estímulo para fazer com cada vez mais cuidados este blogue.
      Um afago do
      ac

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