segunda-feira, 17 de março de 2014

17.— AINDA DO DIÁRIO DE UM MESTRE-ESCOLA


ANO
 8
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EDIÇÃO
 2715

Esta segunda-feira abre a semana que nós, aqui no hemisfério Sul, despedimos o verão e acolhemos o outono — que dizem ser a mais agradável das estações nesta latitude. Aqueles do hemisfério Norte, na mesma ocasião, transmutam-se dos rigores do inverno para a florida primavera.
Neste semestre, são as segundas-feiras os dias em que tenho maior densidades de aulas na graduação, e por isso, como nos outro dias letivos deste semestre, trago neste espaço fragmentos do diário do professor, que hoje extrapola as aulas de Teorias do Desenvolvimento Humano que tenho pela manhã e à noite em turmas do curso de Licenciatura em Música.
Mas antes da trazida de excertos do diário, há um registro preambular muito especial. Estão em Porto Alegre, desde a noite de quinta-feira, Julia Varela e Fernando Uría, da Universidad Complutense de Madrid que, por duas semanas, são professores visitantes da Unisinos, onde ministram seminários e palestras. Quando em 2002 a Gelsa e eu fizemos pós-doutorado na Complutense a Julia foi orientadora de pós-doutorado da Gelsa e o Fernando foi meu orientador. Ao lado das relações profissionais, marcadas por imensa admiração intelectual, que aprofundamos então, construímos uma muito intensa relação de amizade. Por tal, foi muito significativo, ontem ao entardecer, a Gelsa e eu os recebermos para uma janta na Morada dos Afagos. A foto é um registro da Gelsa de um dos momentos da confraternização de ontem à noite.
Hoje à noite, depois de minhas aulas, atendo a honroso convite de meu colega Prof. Dr. Marcello Mascarenhas e participo de um diálogo de aprendentes na disciplina de Fundamentos e Metodologia das Ciências Naturais, com quase meia centena de alunas e alunos do curso de Pedagogia do Centro Universitário Metodista do IPA.
Os estudantes realizaram uma leitura prévia do capitulo “Diálogos de aprendentes”, que está em Maldaner, Otavio Aloisio; Santos, Wildson Luiz Pereira dos (orgs.). “Ensino de química em foco”. Ijuí: Editora Unijuí, 2010, p. 23-50 e para esta noite está previsto se estabelecer diálogos entre os discentes e o autor.
A maneira original (para mim) como “os diálogos” foram tecidos e o uso do texto são as duas dimensões que me autorizam fazer deste capítulo, inserido na coletânea referida acima, a minha obra-prima. O texto é apresentado na forma de um diálogo internético entre uma jovem aluna, que cursa a segunda metade do curso de licenciatura em Química, e um professor que há muito se envolve com a formação de docentes para a área das Ciências da Natureza. O ponto de partida são interrogações que Maria Clara, jovem estudante de uma instituição no interior da Amazônia, faz a Giordano, professor já mais experiente. Aqui termina a ficção.
O capítulo se constrói com uma produção real formada por mensagens, consultas e comentários que recebo no meu blogue. Nas respostas trago meu ponto de vista, analiso a postura de outros teóricos, recomendo leituras de textos e apresento sugestões de como abordar determinados assuntos que envolvem a alfabetização científica em um espectro muito amplo. Tudo está centrado naquilo que é fundamental no capítulo: “Educação científica para cidadania”. Há uma continuada troca entre a aluna e o professor. Ambos fazem tessituras com as aprendizagens de uma e de outro. Nessa troca de experiência, faço uma arqueologia de alguns de meus textos e postulo uma expansão de fronteiras para educação científica e alfabetização científica.
Outra dimensão do texto é seu uso. Nada gratifica tanto um autor quanto saber do uso de sua produção. A escrita só tem sentido se houver leitura. Então ocorre o desiderato; a plenificação do binômio: escrita/leitura. Depois da produção do texto, visitei (por Skype) várias salas de aula de licenciaturas, em diferentes estados, nas quais os alunos haviam lido e discutido “Diálogos de aprendentes” e passaram a analisar o texto comigo. É fácil inferir quanto essas ações ampliaram aprendizagens. Hoje faço isso ao vivo.

Um comentário:

  1. Muito honrada deve estar a pequena neta Maria Clara com a homenagem a ela prestada. Aqui no Rio os santos parecem não respeitar as estações, assim continuamos fritando.
    abraços.

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