sábado, 8 de março de 2014

08— EL AMANTE LESBIANO


ANO
 8
www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO
 2706
Neste Dia Internacional da Mulher, aqui e agora, é local e momento, para prestar a minha mais reconhecida admiração a cada uma de minhas queridas leitoras. Que neste dia, todas elas recebam preitos de reconhecimento pelo que são e pelo que fazem. Nisto um destaque às continuadas parcerias juntos com os homens no empenhar-se, sempre e cada vez mais, na construção de um Planeta mais justo.
Escrevi, no domingo, que firmara um pacto para os dias de carnaval: Abstinência, maior possível, da internet e retorno a saudosas leituras em suporte papel. Resultado, maravilhoso.
Por primeiro, tomei esmo um livro: El amante Lesbiano. Li a primeira página; fui seduzido. O autor me trazia evocações. José Luis Sampedro, de quem li O Sorriso Etrusco’, uma lindíssima epopeia dedicada ao amor de um avô ao seu neto. Hoje trago para meus leitores algo do livro controvertido que me envolveu nos dias de recesso.
SAMPEDRO, José Luis. El amante lesbiano. Barcelona: Editorial Debolsillo. 288 p. 2002, Original em castelhano. Edição de bolso. ISBN: 978-84-8450-432-8 Disponível gratuitamente em http://www.sientemag.com/libroslibres-descarga-gratis-el-amante-lesbiano-de-jose-luis-sampedro/

Começo pelo adjetivo: controvertido (= contestado, contrariado, contraditado...). É complicado quando lemos um livro de um ídolo, critica-lo — e mais, aceitar as críticas —. Nem por isso, deixo de trazer um excerto de uma bem elaborada resenha: “La historia una sucesión de recuerdos de infancia biografiados, adolece de excesivos detalles y descripciones de una época. El discurso se convierte así en moroso y denso dentro de un ambiente irreal, sin tiempo ni espacio. Un escenario simbólico para mostrarnos sus ideas acerca de las variantes del amor o la identidad sexual. No pude acabarla, me entraba un sopor indescriptible cada vez que la leía.” Publicado em aprofesorachiflada.blogspot.com.br.
Concordo com a autora que, vez ou outra, a narrativa é repetitiva. A estratégia do autor, só conhecida na última página, de fazer um texto atemporal e de não espacialmente limitado (algo não tão comum na literatura), nos confunde e, de vez em vez, nos faz perdidos, pois não ficamos a dever nas transições cidade/deserto. Mas a persistência nos leva a uma explicação completamente imprevisível e, então, entendemos uma trama que se espraia em quase 300 páginas.
Outra crítica que endosso e me agrada: é um romance (para) intelectual. Para justificar reconheço a biografia do autor, da qual trago breves fragmentos:
José Luis Sampedro Sáez (Barcelona, 1 de fevereiro de 1917 – Madrid, 8 de abril de 2013) foi um escritor, humanista e economista espanhol que defendeu uma "economia mais humana, mais solidária, capaz de contribuir para o desenvolvimento da dignidade dos povos”. Em 2010, o Conselho de Ministros o condecorou com a Ordem de Artes e Letras de Espanha por "sua brilhante carreira literária e por seu pensamento comprometido com os problemas de seu tempo." Em 2011, foi galardoado com o Prêmio Nacional das Letras de Espanha.
No ano de seu nascimento, sua família mudou-se para Tânger (Marrocos), onde viveu até treze anos. Em 1936, ele foi convocado pelo Exército Republicano durante a Guerra Civil Espanhola, lutando em um batalhão anarquista. Participa na guerra na Catalunha, Guadalajara e Huete (Cuenca). Após a guerra, ele foi novamente convocado e serviu na guarnição de Melilla na África
Voltando à Espanha começa a trabalhar no Banco Exterior de Espanha, além de ensinar na universidade. Em 1955 se tornou professor de Estrutura Econômica, na Universidade Complutense de Madrid, cargo que ocupou até 1969, desempenhando, também, vários cargos no Banco Exterior de Espanha, atingindo o nível de vice-diretor. Então, escreve: Un sitio para vivir (teatro). Publica Realidad económica y análisis estructural e El futuro europeo de España.
Entre 1965 e 1966, antes da demissão de professores na universidade espanhola, decide se tornar um professor visitante nas Universidades de Salford e Liverpool. Juntamente com outros professores, cria o Centro de Estudos e Pesquisa (CEISA), que foi fechado pelo governo três anos depois. Em 1968, foi nomeado Professor em universidade estadunidense.
Em seu retorno a Espanha solicitou licença da Universidade Complutense e publica O cavalo nu, uma sátira que permitirá que lhe permitiu desabafar suas frustrações com a situação. Em 1976, ele assume como economista conselheiro do Banco Exterior de Espanha. Em 1977 ele foi nomeado senador por designação real, no primeiro Parlamento democrático, posto que ocupou até 1979.
Ele exerceu seu humanismo crítico sobre o declínio moral e social do Ocidente, do neoliberalismo e as brutalidades do capitalismo. Ele morreu em 08 de abril de 2013, em Madrid, a 96 anos de idade.
Com esta biografia, do qual trouxe poucos detalhes não se poderia esperar um livro — que parece bastante autobiográfico — que não fosse intelectual, onde se pode sorver, por exemplo, os conhecimentos de filosofia oriental, aprendidos com seu pai.
El amante lesbiano é uma ardorosa história de amor entre uma mulher sedenta por homem sem machismo e desfrutando um amante fetichista que goza em ser submisso à mulher. Uma fantasia erótica alheia à educação sexual antinatural repressiva que ainda prevalece. Na quarta capa se diz que se apresenta uma ‘indagação das múltiplas variantes cérebro-genital do amor’.
   Com uma liberdade expressiva, fundada no rigor da razão, o autor aborda a questão da identidade de gênero e a busca de autenticidade através da transformação sexual. Ao relatar a experiência de um amante lesbiano, José Luis Sampedro nos convida mais uma vez para ir ao "mais profundo no emaranhado das paixões", guiando-nos com lema de Santo Agostinho, marcado já na abertura do romance: "Ama e faz o que queiras."
É uma dica sabática de leitura. Quem quiser se aventurar, parece-me que vale a pena.

3 comentários:

  1. Confesso não ser o romance meu gênero preferido, mas a eloquente descritiva incentivou-me a leitura.
    AbraÇos, ratificando os mais sinceros parabens e agradecimentos a esses seres maravilhosos que são as mulheres!

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  2. Mestre estimado!
    Acolho emocionada sua mensagem pelo Dia de hoje!
    É algo impressionante a estatura intelectual de Sampedro, que desconhecia.
    Recebo a dica de leitura, bem como a disponibilização do livro (que ja comrcei a ler)como um presente pela data!
    A admiração da Mirian

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  3. "Ama e faz o que queiras." Sem a pretensão de me colocar próximo a estes imortais. Reconheço minha mediocridade, minha mortalidade. Usei numa fala, por ocasião de discurso de formatura em que fui agraciado, a seguinte frase: "[...]e façam o que quiserem, amem, porque, em nome do amor nada é proibido". Penso que o amor é maior que tudo. É que percebi algo em comum com o conteúdo desta estupenda dica sabática. Com a licença do mestre também cumprimento a todas as mulheres...

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