quinta-feira, 6 de março de 2014

06— NÚMEROS PARA REFLETIR

ANO
 8
www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO
 2704

Nesta quinta-feira proponho-me a convidar leitoras e leitores a olhar alguns dados. Todos tem um mesmo foco.
Começo com esta informação: A população de Jerusalém continua a aumentar devido à elevada taxa de natalidade, especialmente na população árabe e nas comunidades judaicas Haredi (judeus ultra-ortodoxo). A taxa total de fecundidade em Jerusalém (4,02) é superior da de Tel Avive (1,98) e bem acima da média nacional israelense de 2,90. Quando nestas férias estive nas duas cidades, brinquei que Jerusalém deveria ser um excelente negócio ‘por a venda de carrinhos de bebês’, algo muito visível por toda a parte.
Agora, uma segunda mirada: O papa Francisco, já quase completando um ano de pontificado, em pronunciamento alertou os casais com um filho único que deveriam ser mais “generosos”, ou pródigos. Eles, segundo o papa, estariam agindo assim por “conforto” e “para viajar de férias”. A propósito vale lembrar que a encíclica Humanae Vitae, de Paulo VI de 1968, continua em vigor: “Aos casais católicos só são possíveis os métodos naturais de contracepção”.
Afortunadamente a maioria dos católicos decide que o planejamento familiar deve ser algo inerente ao casal e não decidido pelo papa ou pela igreja, pois sabe dos desafios que demanda gerar e criar um filho na atualidade. Parece que são vencidos os tempos em que o catecismos católico doutrinava que “a Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja veem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais”.
Uma terceira olhada: tabela abaixo, produzida com informações extraídas do artigo Sociologia do ateísmo de Luiz Felipe Pondé, publicado na p. C8, da Folha de S. Paulo, de segunda-feira, 03MAR14, mostra dados do decréscimo dos ateus assumidos em quatro países europeus nórdicos (por coincidência aqueles que mais decididamente assumiram o luteranismo no século 16) estatisticamente apontados como possuidores de alta percentagem de ateus orgânicos:

2000
2003*
2004
Dinamarca
80
43
48
Finlândia
60
41*2001
28
Noruega
72
48
31
Suécia
85
69*2001
64

Segundo o articulista, é “importante reconhecer que a sociologia do ateísmo pode nos fazer crer, em alguma medida, que há uma relação entre alta formação cultural, boa educação universitária e ‘ateísmo orgânico’, aquele tipo de ateísmo a que você chega por meio da escolha livre — e não porque algum regime totalitário (como o de Cuba) ou pais autoritários proíbem você de crer em Deus ou similar”.
Mesmo os ateus seculares que aderem à teoria da seleção natural de Darwin como visão de mundo, adotam-na apenas na teoria, porque na prática não o fazem: seleção natural, no limite, é reprodução; quem não reproduz desaparece. E as mulheres seculares (não religiosas) são pouco reprodutoras por conta dos valores individualistas que carregam.
Um quarto relato, tomado do artigo de Pondé: O caso dos luteranos laestadianos finlandeses (comunidade luterana fundamentalista na vila de Larsmö) é de chamar a atenção.
A relação entre a fertilidade de suas mulheres e a das finlandesas seculares é a seguinte, respectivamente: 1940, dois bebês contra um; 1960, três bebês contra um; 1980, quatro bebês contra um. Em 1985, a taxa de fertilidade de cada grupo era 5,47 para as fundamentalistas e 1,45 para as seculares.
Uma síntese das quatro olhadas: a população de Jerusalém aumenta, devido a fertilidade de islâmicos e de judeus ultra-ortodoxos; o papa pede aos seus fiéis a generosidade para ter mais filhos, pois o número de católicos já é menor que os seguidores do Profeta Maomé; há um decréscimo muito significativo no número de ateus, pois estes ‘com responsabilidade’ geram menos filhos; e, religiosos fundamentalistas, como o exemplo de um grupo luterano finlandês, seguem o preceito do ‘crescei e multiplicai-vos’. Uma vez mais corroborada a tese que as religiões tão fortemente presente no nosso Planeta.

3 comentários:

  1. Acredito que o fator mais importante nesse quadro é a formação, pois mesmo uma pessoa adepta de qualquer religião, se tiver um mínimo básico de entendimento, verá que com mais filhos a qualidade de vida dos mesmos cairá. A própria fé é subjetiva, sendo assim cada um de nós estabelece limites em acreditar ou não. A religião preenche lacunas, lacunas essas que tornam a vida uma incógnita. A religião também nos traz uma força extra em determinados momentos onde a razão humana tende para o desespero. Enfim é saudável acreditar em algo.

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  2. Muito atento Mestre Chassot,
    muito significativa a blogada de hoje.
    A tabela que registra o decréscimo de ateus orgânicos (encantou-me a classificação!) é impressionante. Custa aceitar a explicação de que este tão grande declínio possa se creditar a que estes, ao conscientemente limitarem a natalidade, determinem tal baixa. Só espero que este declínio não seja por reconversão.
    Obrigado pelas oportunas reflexões.
    A admiração da Michaela

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  3. Limerique

    Ah esse estranho mundo que vivo
    Superpopulação não é um atrativo
    Mas algumas religiões
    Contornam os senões
    Impõem crescimento vegetativo.

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