quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

26.—FALANDO DE (MINHAS) OBRAS DE ARTE


ANO
 8
www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO
 2695
                                              

Abro esta blogada para dizer da emoção que trouxe o comentário postado à edição de ontem, por um dos meus novos alunos de Teorias do Desenvolvimento Humano, deste semestre: Ontem quando eu estava indo para aula CDL do IPA, ele embarcou na mesma lotação. Fiquei imaginando que perigo esse senhor idoso atravessar a rua correndo para não perder a condução. Para minha surpresa, quando entro na sala de aula, ali estava ele. O homem é realmente sensacional, uma pessoa com grande sabedoria e conhecimentos! Faz jus a todos títulos e conquistas. Parabéns... Seja bem vindo mestre Chassot. Antonio Severo.
Muito pouco referi aqui sobre obras de artes. Dou-me conta agora, que quando escrevi Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto falei de muitas de minhas posses, dediquei um capítulo a minha biblioteca e não referi as obras de arte que tenho.
Primeiro elas são poucas. Isso ocorre por pelo menos duas razões: uma, a principal, não tenho berço em família com tradição a valorizar obras de arte, talvez em função de estrato econômico; outra, mesmo para mim estas sempre foram, pelas mesmas razões, algo adquirido com muita parcimônia.
Esta semana aconteceu algo muito singular, faleceram dois artistas (Glênio Bianchetti e Carlos Vilaró), que estão entre outros artistas (Nilson Pimenta, Iberê Camargo, Ênio Lippmann, W. Elias, Maria Cirne Lima) dos quais tenho obras. Isto ensejou comentários que reparto aqui.
Glênio Bianchetti morreu aos 86 anos, na madrugada de terça-feira (18). Artista plástico, um dos fundadores da Universidade de Brasília (UnB), nasceu em 1928 em Bagé, no Rio Grande do Sul. Glênio Bianchetti estudou no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre. Em 1951, fundou o Clube de Gravura de Bagé, que foi posteriormente incorporado pelo Clube de Gravura de Porto Alegre. O grupo se caracterizou por uma produção artística de caráter social, que tratava da realidade das classes mais pobres, do trabalho e dos costumes regionais.
Em 1962, se mudou para Brasília a convite do antropólogo Darcy Ribeiro. Na capital, ajudou a fundar a UnB, sendo responsável pela criação do Ateliê de Arte e o Setor Gráfico. Devido à orientação política, se afastou da universidade durante o governo militar, junto com outros 208 professores.
Em 1988 ele foi recontratado para lecionar na UnB, onde ficou até 1993. O artista também colaborou na criação do Museu de Arte de Brasília, na década de 1970. Ele era considerado um dos artistas contemporâneos mais importantes do Brasil.
A foto da gravura que ilustra esta notícia orna minha casa e me foi presenteada em 1992, quando me mudei para apartamento anterior à atual Morada dos Afagos, pela Liba, minha sogra, detentora de significativa expertise em arte contemporânea brasileira.

Carlos Páez Vilaró — artista uruguaio reconhecido internacionalmente — morreu nesta segunda-feira (24/2), aos 90 anos, em Punta Ballena, próximo de Punta del Este.
Morava em Casapueblo, um prédio labiríntico projetado por ele mesmo, em 1958, que considerava uma “escultura habitável”. Tornou-se referência cultural e ponto turístico da região. Artista multimídia, Vilaró trabalhou com pintura, escultura, arquitetura, cinema e literatura. Ficou conhecido, sobretudo, por sua paixão pela cultura afro-uruguaia. Envolveu-se profundamente com as festas de rua, como as llamadas, desfiles de blocos carnavalescos. Esse imaginário popular foi representado em sua obra.
Assinou murais na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington; no hotel Conrad, em Punta del Este; e nos aeroportos de Panamá e Haiti, além de hospitais no Chile e na Argentina. Na década de 1950, foi diretor do Museu de Arte Moderna de Montevidéu e secretário do Centro de Artes Populares do Uruguai.
Em sua trajetória pelo mundo, conheceu grandes nomes da arte do século 20, como Picasso, Dalí e De Chirico. Em passagem por Porto Alegre, em 2004, recebeu a medalha Simões Lopes Neto.
Em sua trajetória pessoal, ficou marcado o ano de 1972, quando viajou para o Chile para colaborar com as buscas por seu filho, Carlitos Miguel, que viajava em um avião que caiu na Cordilheira dos Andes. Carlitos foi encontrado entre 16 sobreviventes após três meses desaparecido. O episódio foi relatado pelo pai, 10 anos depois, no livro Entre mi Hijo y Yo, La Luna. Em 2012, o artista publicou sua própria autobiografia, Posdata, na qual anotou: Minha vida foi se tornando uma grande viagem pelas bandeiras, pelos dialetos, pelos idiomas e pelos países.
A ilustração é fotografia de um dos famosos peixes de Vilaró, autografado para mim em 1999, adquirido do autor na Casapueblo, pela Gelsa. Esta, em termos de arte não deslustra seus DNAs, materno e paterno, pois seu saudoso pai, além de ter sido médico de renome, é reconhecido como um mecenas das artes.

2 comentários:

  1. Limerique

    Pois até onde alcança a vista
    Talvez na história não exista
    Da vida melhor descrição
    Mesmo melhor comunhão
    Da maneira que o faz o artista.

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  2. Arte. Se não for para retratar aquilo que pulsa nas vísceras, o cotidiano e o social, então, para que serve?

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