17.—CERCA DE MEIO BILHÃO EM ALUGUÉIS!!!

ANO  8

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EDIÇÃO  2686

                                              

Hoje é uma segunda-feira muito especial. No Centro Universitário Metodista do IPA, e em muitas outras instituições de ensino, começa o semestre letivo 2014/1. Mesmo que já tivesse tido palestras este ano, na verdade hoje começa meu 54º ano de magistério, com reminiscências férteis daquele memorável 13 de março de 1961, quando fazia uma (quase) improvisada estreia como professor.

As emoções de então se repetem um pouco na manhã e na noite de hoje, quando tenho as primeiras aulas de Teorias do Desenvolvimento Humano para duas turmas de licenciatura em Música. Sou todo expectativa.

Quando escrevi a blogada acerca da Copa da Fifa, que circulou ontem, não conhecia uma notícia que estava nos jornais de sábado, no mesmo dia que o Internacional fazia uma pré-inauguração das reformas do Beira-Rio que custaram cerca de 330 milhões de reais: Porto Alegre vive impasse sobre o pagamento de estruturas para a Copa.

A quatro meses da Copa, Atlético-PR, Corinthians e Internacional, donos dos únicos três estádios particulares do Mundial, querem dividir a conta com as prefeituras. As arenas não são a razão do impasse. Os clubes não querem pagar o aluguel de estruturas temporárias nos arredores dos estádios, cujo custo é de, pelo menos, R$ 40 milhões por cidade-sede.

Mas os contratos firmados com a Fifa dizem que esses custos devem ser bancados pelos donos dos estádios: no caso, os clubes. Como estes não querem/podem pagar, o poder público deve assumir grande parte dessas responsabilidades, que são exigências da Fifa para a realização da Copa do Mundo.

As estruturas temporárias que devem ser alugadas compreendem estrutura de mídia na área externa do estádio, centros de tecnologia da informação, espaços de credenciamento e áreas comerciais para parceiros da Fifa.

O Internacional, dono do estádio escolhido para o torneio, o Beira-Rio, se recusa a arcar com as estruturas temporárias para o evento e tenta convencer o poder público a assumir os custos. Nesta sexta-feira, o presidente do clube disse em entrevista que há risco de a cidade ficar sem a Copa devido ao impasse sobre as estruturas temporárias. Ele afirmou que a "sociedade gaúcha" precisa se articular para garantir a realização do evento. Se houver uma ‘vaquinha’ proporei contribuição de zero reais.

O Inter considera que já fez a sua parte ao promover a reforma com recursos privados. A polêmica deve pautar a visita do todo poderoso secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, à capital gaúcha nesta semana.

Este caso de Porto Alegre repete-se não apenas nas duas outras arenas privadas (Curitiba e São Paulo) mas, também, em nove outras públicas. Assim apenas para estruturas provisórias, o aluguel por alguns dias de equipamentos é algo como 12 x 40 milhões. Algo que pode se aproximar de meio bilhão de reais. Seja dinheiro público ou privado, quantos hospitais ou escolas ou mesmo casas populares poderiam ser construídos! Isso é queimar dinheiro, pois não sobrará nada para o pós-copa.

O Ministério Público Federal questiona na Justiça o pagamento das estruturas provisórias por órgãos públicos em várias sedes do Mundial. Se a copa é da milionária Fifa, pague ela o aluguel.