sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

03.- VACINA TEM A VER COM VACA?

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2641

Talvez, mesmos os curtidores do gostoso envolver-se com a etimologia das palavras, em um primeiro relance, não encontrem relação entre vacina e vaca. Atenção: não há nada a ver com ‘vacina contra a febre da vaca louca’!
Quando discuto uma pesquisa do cientista estadunidense Michael Hart, onde ele lista cem nomes que mais influenciaram em todos os tempos a História da Humanidade, publicada no livro The one Hundred e que está detalhada (e criticada) em meu livro A Ciência é masculina? É, sim senhora! há um nome usualmente desconhecido: Jenner (número 70) que hoje é destaque aqui. A ele se atribui “ter apresentado ao mundo uma vacina que salvou muitos milhões de pessoas de uma morte terrível causada pela varíola, e a muitos outros milhões de um temível desfiguramento” (Roberts p. 38 citado ontem).
Edward Jenner (1749-1823) nasceu na localidade inglesa de Berkeley, em 17 de maio. Com apenas treze anos de idade já ajudava um cirurgião em Bristol. Formou-se em Medicina em Londres, e logo em seguida retornou a sua cidade natal, onde realizou experimentos relativos à varíola, na época uma das doenças mais temidas pela humanidade.
Ao observar que pessoas que ordenhavam vacas não contraíam a varíola, desde que tivessem adquirido uma variedade animal mais branda da doença, Jenner extraiu o pus da mão de uma ordenhadora que havia contraído a varíola bovina e o inoculou em um menino saudável, James Phipps, de oito anos, em 04 de maio de 1796. O menino contraiu a doença de forma branda e logo ficou curado. Em 1º de julho, Jenner inoculou no mesmo menino líquido extraído de uma pústula de varíola humana. James não contraiu a doença, o que significava que estava imune à varíola. “Isso foi verdadeira serendipidade. O fato de a varíola bovina ter dado imunidade à varíola veio a Jenner sem esforço de sua parte. Ele teve o bom senso de reconhecer o valor disto e de utilizá-lo” (Roberts, p. 39).
A princípio, a experiência não obteve reconhecimento, apesar de, em 1878, Jenner ter publicado sua pesquisa no livro “An Inquiry into the Causes and Effects of the Variolae Vaccinae, a Disease Known by the Name of Cow Pox".
O reconhecimento em seu país só foi alcançado após médicos de outros países adotarem a vacinação e obterem resultados positivos. A partir de então, Edward Jenner ficou famoso por ter inventado a vacina. A palavra vacina vem do latim vaccinus, de vacca (vaca).
Uma curiosidade [www.ccms.saude.gov.br/revolta/ltempo.html]: A vacinação contra a varíola, entre os hindus, era considerada um ato profano por eles adorarem a deusa da varíola, Shitala Mata. Eles acreditavam que estavam sendo abençoados ao ficarem doentes. As autoridades contornaram o problema alegando que receber a vacina era o mesmo que ser abençoado pela deusa.

3 comentários:

  1. Vacina
    Eduard Jenner observando a vaca
    Notou que ela tinha certas feridas
    Então com mente que não era fraca
    Tomou-se de inspiração incontida

    Viu claramente que havia conexão
    Moças atacadas pela doença bovina
    Tornadas vítimas de contaminação
    Lhe veio a mente fazer uma vacina

    Injetar bactérias já enfraquecidas
    Retiradas do sangue de vaca doente
    Fez que se salvassem muitas vidas

    Num tempo um tanto surpreendente
    As microscópicas espécies escondidas
    Têm agora um implacável combatente.

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  2. Mestre Chassot,
    obrigado por fazer alfabetização científica neste blogue. Jamais faria a ligação etimológica de vacina com vaca.
    Encantou-me o Dr. Edward Jenner. Estou esperando a blogada de amanhã, com o dr. Papanicolau.
    Agradecida,
    Mirian

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  3. Curioso o relato, mas não podemos deixar de observar a coragem desses intrépidos cientistas que arriscam tudo na busca pelas verdades. Lembrando uma citação de Dante na Divina Comédia; "Aos indecisos, nem no inferno tem lugar"
    Abraços

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