terça-feira, 17 de dezembro de 2013

17.- O QUE É MESMO UMA ISAGOGE?

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2625
Hoje faço uma interrupção na série serendipitosa para falar de algo que não foi descoberto por acaso ou aconteceu de forma inesperada, como, por exemplo, o ‘princípio de Arquimedes’ ou ‘’o anel benzênico. assuntados aqui domingo e segunda-feira. Trago, nesta terça-feira, algo que foi obrado durante anos. Na quarta-feira, retomo a série com algo muito serendípico: Fleming e descoberta da penicilina.
Para hoje começo por responder a manchete desta edição: o que é mesmo uma isagoge? A resposta faço-a com apresentação de alguns excertos de um dos quatro prefácios de livros que escrevi em 2013. Este é do último livro que será lançado amanhã, dia 18, às 19h, no Museu de Ciências da PUCRS em Porto Alegre.
[...] Recebo um recado: “Estou te encaminhando meu livro para que faças a isagoge”. O meu atento corretor de texto — maravilha que recebemos quando da transição da máquina de escrever ao computador — alerta ao exotismo do pedido com aquele sinalizador em vermelho, que evoca o ferretear de nossos erros, tão ao agrado dos professores, em nossas composições escolares no inicio de nossas escriturações. O corretor (e eu) não conhece(mos) isagoge.
[... Após consulta a dicionários percebo que] Guy, o polímata, não tinha feito, como imaginara, um pastel (= Caracteres que ficam misturados e confundidos). Lá estava no dicionário. Isagoge = s. f. Rudimentos; proémio, introdução. Ele queria para seu livro um proêmio.
[...] Que desejaria o entusiasta do Museu da Natureza com seu livro nominado como um Manual de implantação de museus escolares? Um Manual?
[...] Descobri, na minha ruminação acerca do título da obra que agora o leitor tem a (a)ventura de saborear, que existe na Internet pelo menos um grupo que procura estudar e compreender os hábitos de não leitura de manuais de instruções pela "maioria" dos brasileiros. Este provável senso comum certamente pode ser ratificado aqui e agora, pelo menos por mim.
Além de certa arrogância, cometida principalmente a nós homens, em tentar "adivinhar" como funciona o produto, é consenso geral que, em sua maioria, os manuais de instruções têm uma linguagem técnica demais.
Terá o Guy Barros Barcellos escrito um manual para não ser lido? Então como solucionar esse problema de ‘entender’ um manual? Novas maneiras de se escrever manuais? Sim temos neste livro uma nova maneira de escrever manuais. Não fosse melindrar o seu autor diria que este livro não é um manual na acepção de 1.- Livro que sumariza as noções básicas de uma matéria ou assunto ou ainda 2.- Guia prático que explica o funcionamento de algo (ex.: manual com modo de usar seu novo smartphone).
 [...] Mas, aqui e agora, assoma algo maior: falar do livro que, talvez tu como leitor busca sentido neste prefácio para decidir por adentrar num mundo (quase) desconhecido do museu escolar. Digo como o Poeta: cesse tudo que a Musa antiga canta, pois valor mais alto se levanta. Não é sem razão que chamo Camões a esta celebração. Temos neste livro uma elegia às Musas. O Guy musicou isso no lírico introito que está no livro logo a seguir. O templo das musas era o Museion, termo que deu origem à palavra museu: local do cultivo e preservação das artes e ciências e artefato cultural central nesta obra. Não questionei ao polímata autor deste livro qual das nove filhas de Mnemosine e Zeus é a musa que tem a capacidade de inspirar a sua criação artística ou científica. Na dúvida homenageio às nove.
[...] Assim, vivamos, aqui e agora, o ritual de dar a lume Manual de implantação de museus escolares. Permitam-me, por ser démodé, traduzir essa bonita ação de dar a lume: tornar notório, público; declarar, manifestar. Assim, cabe-me nesse prefácio fazer a epifania ou celebrar o aparecimento ou, ainda, ensejar a manifestação reveladora de um novo livro: Manual de implantação de museus escolares. Esse ritual quase iniciático se faz em regozijos. Talvez, porque este cerimonial tenha marcas litúrgicas da epifania cristã de desvelar o escondido.
Evoco uma ação que correlaciona museu com antigamente para, ao saborear o texto pós-moderno do Guy, para contrapor com o novo que este Manual nos oferece. Há ações marcadas por palavras-chaves que se fazem modismo. Na segunda década do século 21 a palavra da moda é inovação. Na década passada era sustentabilidade. Na última década do 20 foi qualidade.
Parece que aqui reside o diferente neste livro. Mesmo que tenhamos feito uma regressão ao berço de nossa tradição grega — aquela que nos impele ao saber — e invocado a proteção das Musas a produção do Guy tem a marca da inovação. Há que fazer nesta marca dois destaques: o primeiro, uma não adesão a modismo; outro: não houve/há necessidade de forçar a barra para qualificar as trazidas que este ‘não-manual’ sugere para qualifica-las como de inovadoras.
Quase posso antecipar às leitoras e aos leitores que se (a)venturarão a acompanhar o Guy no desvelo (aqui na acepção do verbo cuja ação é tirar o véu) do fazer um Museu de Ciências há de viajar na proposição de ações que contemplem fazeres para cada uma das seis alíneas trazida do diploma legal.
Sonhar é preciso!
Após este espraiar-se em utopias voltemos às saborosas realidades que estão amealhadas neste livro. Vale sorvê-las. Com elas, muito provavelmente, se arquitetará sonhos e com estes se construirá museus. Aqui há pressupostos teóricos que merecem ser compartilhados para uma árdua, mas muito necessária situação: por em prática as densas e viáveis propostas trazidas por este Manual de implantação de museus escolares.
E... bem-vindo a um mundo (quase) encantado, mas que transmutável em apaixonante realidade.
Guy Barros Barcellos nasceu em Porto Alegre em 1987. Cresceu em Rio Grande, onde criou sua profunda relação com o mar e os museus. É licenciado em Ciências Biológicas pela PUCRS, Mestre e Doutorando em Educação em Ciências e Matemática pela PUCRS. Lecionou na Rede de Escolas da ULBRA, onde criou, junto de seus alunos o Museu da Natureza. Atualmente é professor do Instituto Estadual Paulo da Gama e ministra oficinas de Museus Escolares por todo Brasil

6 comentários:

  1. Querido amigo,

    graças a Vermeer e sua moça minha obra está laureada por tua isagoge.
    Muito obrigado pelo apoio Mestre. És uma inspiração e um norte.
    Dia 18 vamos comemorar.
    Abraço muito afetuoso,
    Guy

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  2. Estimado Prof. Chassot!
    O anúncio de hoje traz expectativas para conhecer o livro.
    Recordo do Prof. Enquanto foi neste blog ‘repórter internacional’ com crônicas das ilhas Maurício e dos Estados Unidos;
    Ao autor e prefaciador votos de sucesso
    Laurus Loureiro Lima

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  3. Estimado Professor Chassot,
    como historiadora — envolvida com a área de museus da UFMG — a edição de hoje despertou meu interesse e vou buscar adquirir este Manual.
    Cumprimentos ao professor Guy e ao autor do prefácio
    RCM

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  4. Caro mestre Chassot, quero aqui registrar meu agradecimento pelo senhor ter prefaciado o Manual de implantação aos museus escolares, realmente é uma honra para nós. Seu apoio incansável ao meu filho Guy foi e sempre será essencial na carreira dele. Amanhã infelizmente não estarei presente no evento de lançamento do livro, desejo sucesso e meu coração e pensamento estarão com vocês, um abraço com carinho, Adriana Barros-Woodward
    Atlanta, 17 de dezembro de 2013

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  5. Muito estimada Adriana!
    Meu prefacio ao livro do Guy não produto de generosidade. Ele reflete a admiração intelectual que tenho por teu filho.
    Tive mais sorte que tu. Uma viagem cancelada a Boa Vista me permitirà estar amanhã de noite na PUC!
    Sinta-te entre nós!
    Com espraiada admiração,
    Ac
    Enviado via iPad

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  6. Caro professor Chassot,

    suas belas palavras provocam o desejo de conhecer o Manual de Implantatação de Museus Escolares do professor Guy Barros Barcellos, lê-lo para soborear os sonhos que oferece. Ainda mais, a quem como eu, vive a realidade árida de uma escola pública onde, cada vez mais, menos sonhadores há.
    São boas novas.
    Obrigada.
    Solange Silva

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