quinta-feira, 20 de junho de 2013

20.-ISTO (NÃO) ENGORDA LATTES

ANO
7
CAMPO MOURÃO - PR
EDIÇÃO
2485

Abro a edição de hoje referindo que na segunda-feira houve uma edição extra: o hiperneurotismo estadunidense que determina violações à privacidade não de apenas seus cidadãos, mas de qualquer pessoa que use determinados serviços disponíveis na internet.
Fui questionado se na edição de hoje apresentaria uma análise do histórico dia 17 de junho, quando cerca de 250 mil pessoas, em mais de 25 cidades brasileiras, foram as ruas protestar. Por ora abstenho-me disso, pois para mim paira uma grande interrogação: ¿como, sem uma explicita liderança, os manifestantes se organizam e agem de maneira tão orquestrada? Claro — há uma pergunta maior — ¿por quê os protestos? Confesso que estas questões, por ora, intrigam-me muito. Não as soube responder quamdo questionado por meus alunos nesta terça-feira. Quem desejar conhecer mais perguntas pode ler http://internacional.elpais.com/internacional/2013/06/17/actualidad/1371432413_199966.html. El Pais, de Madrid, amealha mais algumas interrogações.
Há todavia, uma convicção: não há como ignorar este movimento
cívico. Há lições que não podem ser ignoradas, como, neste dia 17, a tomada simbólico da tomada simbólica do Congresso Naciobal.
Nesta quinta-feira, dia da edição semanal deste blogue, me encontro em Campo Mourão, no estado do Paraná, entre Cascavel e Maringá. Aqui cheguei, ontem pela manhã, em uma viagem em três etapas: dois voos Porto Alegre / Curitiba / Maringá. Desta cidade viajei por terra (cerca de uma hora) ao meu destino. Uma viagem aparentemente pequena — não deixei a Região Sul, mas saí de casa às 04h30min para chegar ao hotel 5 horas depois.
É minha primeira vez nesta cidade que tem cerca de 90 mil habitantes. O município é predominantemente agrícola, explicou-me o Otavio, da Universidade Técnica Federal do Paraná, que com competência e sabedoria, trouxe-me, sob chuva, desde Maringá. O plantio de soja e milho determina a principal produção, sendo sede da maior cooperativa do Brasil e a terceira maior do mundo — a Coamo e outras empresas de grande porte.
Fiz uma palestra, ontem à noite, num encontro de cerca 150 docentes e discentes do PIBID de Química do Paraná na UTFPR. Não é trivial se trazer propostas indisciplinares, quando o encontro é marcadamente disciplinar.
Duas observações minhas antecederam a palestra que teve muita tietagem com fotos e autógrafos: Uma, apoio explicito a proposta dos estudantes da UTFPR a se unirem às manifestações que ocorrem em todo Brasil; outra, relatei um convite que recebi minutos antes, em lócus sui-generis: lanchava com o prof. Gustavo, antes da palestra em uma padaria quando cerca de 15 estudantes de Licenciatura em Química, da Unioeste de Toledo, PR vieram me convidar para ser o patrono de turma na suas formaturas em dezembro. Comovi-me.
Hoje à tarde falo a professores da Educação Básica. À noite retorno a Porto Alegre.
Estas viajadas dão azo a reflexões. Claro, que me pergunto por que faço essas maratonas, especialmente quando tenho recomendações de reduzir viagens. Não é para ganhar dinheiro! Muitas vezes até perdemos pois, mesmo sem honorários, nem sempre são indenizadas despesas de taxi e outras.
Não é para engordar o Currículo Lattes, pois palestras, mesas redondas e assemelhados não valem nada enquanto indicador de produtividade acadêmica. Mesmo que algumas delas tenham maior impacto que doutas pesquisas na área da educação.
Consumi grande parte de meu último fim de semana em duas atividades: elaborei um prefácio para um livro acerca do ensino médio e redigi uma atualização para uma sexta edição de A Ciência é masculina? É, sim senhora! — uma e outra também são (quase) sem valor para que sejamos considerados produtivos. Pouco valor tem também para minha produção os dois capítulos de livros que publiquei este ano.
O Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto, com mais de 500 páginas, meu último livro não faz que eu seja considerado uma pessoa produtiva. A mesma situação é determinada pelo A ciência através dos tempos, há quase 20 anos vem tendo uma edição por ano se constituindo em um dos poucos livros sobre História da Ciência em língua portuguesa.
Se publicar um artigo acerca do ensino de Ciências na Gazeta de Cacimbinhas, que talvez colabore com alunos e professores da região, não vale nada; mas se sobre o mesmo tema publicar em uma revista estrangeira ou mesmo numa nacional de nível A serei, então, um distinguido, mesmo que então, ninguém me leia.
Provavelmente, das quase 2,5 mil postagens desde blogue poderia selecionar uma grosa que se constituem em bons artigos que poderiam catalisar frutuosas discussões em sala de aula. Uma ou 2,5 mil valem nada no Lattes.
Ocorre que minha desejada opção por produzir algo ‘mais chão’ é prejudicial para os programas de pós-graduação nos quais sou pesquisador. Temos que jogar conforme as regras impostas. Ou talvez desencadearmos ações para mudarmos as regras. Eis mais uma das minhas utopias: valorizar os que fazem o que é menos.
Sinceramente, não tem inveja de alguns colegas meus, que cada manhã, abrem seu currículo Lattes e sonoramente murmuram: “¡Lattes, Lattes meu! Diga-me, pode haver alguém melhor do que eu!”

4 comentários:

  1. É uma prática quase eterna esta de publicar para ser reconhecido na academia. Atualmente vivo estas imposições no meu curso de mestrado e fica sempre a dúvida: será que toda essa produção científica reflete em benefícios aos meu próximo?
    São quesitos a serem repensados neste oportuno momento de protestos e revoluções.

    Saudações
    Bruno Peixoto

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  2. Mestre Chassot, quem lidera o povo nestas manifestações é a indignação. Quanto a vida dos que educam é característico a abnegação. Aristóteles foi exilado por Alexandre, apesar de ter sido seu tutor, Jesus foi preterido por Barrabás no indulto da páscoa por escolha do povo que ele instruía e defendia. E em muitos outros exemplos a história nos ratifica a idéia.

    abraços

    Antonio Jorge

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  3. Ao Mestre Cchassot: É notório(sabido de todos)o povo não quer mais esse circo armado cheio de atrações e muito menos pão.É claro o povo quer educação saúde padrão "Fifa". Um forte abraço Ley.

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  4. Limerique

    Não, Chassot, não cultive seu espanto
    Se não vês maestro regendo o canto
    Como químico e professor
    Lembre-se do catalisador
    O qual é o Facebook, no entanto.

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