segunda-feira, 8 de abril de 2013

08.- PODERÁ A CIÊNCIA MUDAR DE GÊNERO?


ANO
7

EDIÇÃO
2441
Na abertura da edição desta segunda-feira um convite: painel PAPA FRANCISCO: GESTOS, INTERPRETAÇÕES e DESAFIOS, a ser realizado no dia 10 de abril de 2013, às 19h, no Centro Universitário La Salle - UNILASALLE, Auditório Ir. Bruno Ruedell (Bordô) em Canoas promovido pelo Curso de Teologia e pelo Programa de Pós Graduação em Educação.
O evento acadêmico, marcado pela possibilidade de denso debate interdisciplinar, coordenado pelo Prof. Itacir Antonio Gasparin terá como painelistas: Prof. Ms. Gilmar Zampieri, Prof. Dr. Evaldo Luis Pauly, Prof. Dr. Paulo Roberto Fitz e Prof. Dr. Attico Inácio Chassot
De vez em vez, quando falo que a Ciência é masculina, interrogam-me se ela pode vir a ser feminina. Cabe lembrar que não só a Ciência, mas (quase) toda a produção intelectual — não apenas no mundo Ocidental — é predominantemente masculina. Olhemos as Artes, a Filosofia, a Literatura, os lideres políticos e religiosos. Vejamos as composições da ABL (Academia Brasileira de Letras) e da ABC (Academia Brasileira de Ciência). No futebol e há uma supremacia masculina, como em quase os todos os demais esportes.
Em compensação, quais as mulheres similares aos sanguinolentos Hitler, Mussolini, Stalin, Pol Pot, Milosevic, Idi Amin, Pinochet, Bush, Sadan, Mobarak, Kadaffi? Não temos nomes para esta lista.
Mesmo que se possa questionar pesquisa do cientista estadunidense Michael Hart, publicada no livro "The one Hundred” (London: Simon & Schuster, 1996; a lista está no meu livro*), a presença de apenas duas mulheres ( Isabel, a Católica e Elisabeth I, rainhas da Espanha e do Reino Unido) na lista das 100 pessoas que mais influenciaram a humanidade é algo que nos tem a dizer.
Estou preparando uma sexta edição do livro referenciado. A primeira é de 2003.
Listo a seguir para os três prêmios Nobel de Ciências o número total de laureados (desde 1901, quando começou a premiação) e os anos em que houve mulheres premiadas. Pode se ver que passados 10 anos quase nada mudou em termos de supremacia masculina. Ressalvando que reconheço que esse possa ser um indicador discutível, mas válido para significativas inferências.
FÍSICA 194 laureados com 02 mulheres premiadas: 1903* e 1963# (#dividido com homens)
QUÍMICA 163 laureados com 04 mulheres premiadas: 1911, 1935#, 1964 e 2009#.
MEDICINA ou FISIOLOGIA 201 laureadas com 10 mulheres premiadas:1947#, 1977#, 1983, 1986#, 1988#, 1995#, 2004#, 2008# e 2009(2)#
Desde 1901 a 2012 houve 558 laureados três prêmios Nobel de Ciências dos quais 16 mulheres (o que significa em torno de 2,8%). Desde 2009 não houve mulheres laureadas. 2010, 2011 & 2012 só homens nas premiações de Ciências.
Mas para ratificar que não é só a Ciência que masculina, vale acompanhar os outros três prêmios Nobel:
LITERATURA entre 102 premiados há ONZE mulheres laureadas.
PAZ entre 98 pessoas e 31 organizações premiadas há QUINZE mulheres laureadas.
ECONOMIA: Distribuído desde 1969, para 61 pessoas; apenas UMA mulher, Elinor Ostrom (1933 USA) foi premiada em 2009 juntamente com um homem.
Assim, a Ciência e ‘alguns algo mais’ continuam masculinos. A eleição de uma presidente no Brasil e várias mulheres se fazendo respeitadas líderes políticas certamente diminuem a misoginia, mas estão distantes os tempos que nós teremos mais igualdade na presença de mulheres na Ciência. Talvez nossos filhos, mais provavelmente nossos netos. Vivamos, agora, embalando expectativas.
·      CHASSOT, Attico. A Ciência é masculina? São Leopoldo: Editora UNISINOS. (2012, 5ª. ed. 136p) 2003 ISBN 978-85-7431-448-8

4 comentários:

  1. Chassot meu caro!
    Sempre a mulher tem ficado à beira do caminho nesta caminhada humana, embora se observe que os últimos anos tem sido prenhes de resgate deste protagonismo feminino. Senão, vejamos quantas lideranças tem surgido mundo a fora, tais como nossa presidenta. Fico bastante sentido em não poder comparecer no painel que tem por base tua fala nesta quarta-feira. Quem sabe numa próxima oportunidade.
    Que boa novidade que estarás reeditando o A CIENCIA É MASCULINA?
    Grande abraço e uma excelente semana. JB

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    Nesse angu homem não mete a colher
    Se viver e morrer tranquilo ele quer
    Abramos alas para elas
    Que deixaram as panelas
    Porquanto o Planeta será da mulher.

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  4. Excelente leitura, todos aos quais eu a recomendo concordam. É interessante pensar tambem que apesar do "apagado" histórico a mulher sempre esteve presente e atuante nos bastidores. Napoleão no auge dos seus domínios foi perguntado sobre quem seria o homem mais poderoso do mundo. Sem pestanejar respondeu : "Meu filho de cinco anos, ele manda na minha mulher, e minha mulher manda em mim!"

    abraços

    Antonio Jorge

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