18.- OCASO DO FIM-DE-SEMANA OU JÁ UMA SEGUNDA-FEIRA

Ano 7***  www.professorchassot.pro.br Edição 2420

Uma vez mais me convenço — de algo que já comentei aqui —: a adequação (e minha adesão) à maneira judaica de viver a passagem dos dias. Cada novo dia começa ao por sol. Assim, por exemplo, celebramos o shabath no inicio da noite de sexta-feira (ainda que na última, estivesse dando aula no Programa de Pós Graduação em Educação da URI e na manhã de sábado, uma vez mais violasse o preceito sabático, com aulas no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do IPA). Assim, quando redijo esta edição no entardecer de domingo vive-se, naturalmente em clima de segunda-feira. Parece natural que já tenha terminado o fim de semana e vivo já no dar conta de assuntos acadêmicos que envolverão nesta semana.

Neste domingo que se esvai, em dois momentos, aqui na Morada dos Afagos, vivi os dulçores do avonado: pela manhã a visita do Pedro, já sonhando com seus próximos 4 anos e noitinha a Betânia, vibrante nos seus 66 dias. Sou reconhecido aos presentes do André e Tatiana e do Bernardo e Carla.

Começamos hoje a semana de despedirmos o verão. Este fim de semana já aperitivamos friozinhos preparando o gostoso outono. Aqui no entorno do paralelo 30 é a melhor estação do ano.

Começamos também a semana, dando nos conta de que parece podermos dizer estarmos já ambientados com Francisco. Há mais de mês, precisamente desde 11FEV13, data do anúncio da resignação de Bento 16, muitos de nós nos tornamos um pouco vaticanólogos, sendo o ápice no dia 13, quando a escolha ‘do Espirito Santo’ recaiu no argentino Dom Jorge Mario Bergoglio. Inicialmente muita apreensão.

Das muitas leitura de análises em jornais de diferentes países, talvez a melhor síntese é aquela que diz que a ‘escolha do nome Francisco vale como uma encíclica’. Aliás, na blogada que escrevi no dia da eleição e postada na última quinta-feira, faço referência ao chamado recebido por Francisco de Assis, quando rezava ante um crucifixo: "Vai e reconstrói a minha Igreja!” Apressou-se a reformar uma igrejinha material e foi advertido não ser esta, mas a igreja espiritual que devia reformar. Nestes poucos dias, parece sentirmos que Francisco reformará a Igreja.

Talvez o abandono à pompa e ao luxo possa ser significado com um lance quase folclórico: o papa ir ao hotel pagar a conta. Faço desta cena a ilustração desta edição.

Algo muito significativo de todos os lances que foram marcas das primeiras horas do novo papado, foi relatado pelo jornal italiano Il Fatto Quotidiano: durante visita à Basílica de Santa Maria Maggiore, na manhã desta quinta-feira, Francisco se incomodou com a presença do cardeal estadunidense Bernard Law, acusado de encobrir 205 padres em casos de pedofilia dos Estados Unidos. O diário publicou que, ao ver o religioso, que mora em uma residência anexa à igreja, o papa teria se afastado e dito que não gostaria que Law "continuasse frequentando a basílica".

Aliás, nas análises acerca de problemas que Francisco tem a resolver, os escândalos sexuais do clero estão presentes em todas as listagens. Na edição sábado tentei ilustrar isso de uma maneira apimentada. Houve, em mensagem pessoal (os comentários postados foram de adesão) velada crítica ao texto. Aceitei e aceitarei sempre divergências ao que escrevo. Claro que se trata de uma ficção.

Concluo, como fiz na edição de quinta-feira, transcrevendo troca de mensagens com meu amigo e colega Enrique Del Percio, professor de Filosofia da Universidade de Buenos Aires:

Minha mensagem tinha como assunto: Parabéns ou condolências?

Muito querido Enrique, muito apreciaria saber como recebeste a bombástica notícia da tarde de ontem. Nem tudo que se lê aqui é de entusiasmar. No blogue de hoje transcrevo nossas mensagens de 17FEV13. Abraços a Cecília e a ti. Ac

Imediatamente recebi aquela, que foi talvez a melhor mensagem da semana:

Gracias Attico: Estoy en Roma. Conozco a Bergoglio y casi, casi que vuelvo a creer que el Espiritu se acuerda de la Iglesia. Es una excelente eleccion! Abrazo! Enrique

Vibrei com a afirmação de uma pessoa que muito admiro. E ratifico algo que nestes dias se viu muito presente: religiosos ou não, vivemos num mundo religioso. É bom curti-lo!