06.- DN: TALVEZ A INFORMAÇÃO MAIS EXIGIDA

Ano 7***             WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR            ***Edição 2288

Neste semestre, ao lecionar, pela primeira vez, Teorias do Desenvolvimento Humano, para duas turmas de licenciaturas, os mais diversos rituais de passagem estiveram muito presentes em análises realizadas. É provável, que pela densidade de seu simbolismo, RN (= Recém nascido) é o evento de que mais fica datado, tornando-se o marco que mais vamos evocar em nosso cotidiano por toda a nossa vida. É a nossa DN = Data de Nascimento.

Uma das mais significativas exclusões sociais é ser um ‘sans papiers’ ou ‘sem papéis’ e isso começa por não se ter certidão de nascimento — algo mais frequente do imaginamos —, ou não ter DN. E se diz, e parece ser verdadeiro: “Ser um ‘sans papier’ e como viver na prisão”.

Essa reflexão preambular decorre quando me dou conta do registro da data de hoje. Certamente, junto com ano (em que começou a Segunda Guerra Mundial ou em que morreu Sigmund Freud) é a data que eu mais registro em minhas rotinas de preencher documentos.

E 06/11/1939 é uma data (quase) só minha. Na Wikipédia não há o registro de nenhum nascimento, falecimento ou efeméride para esta data. Sei apenas de uma pessoa (pai de uma amiga) que tem na DN os mesmos oito dígitos na mesma sequência que eu.

Quando olho que nasci às 3h da madrugada e vejo que no mesmo dia meu pai tomou um trem para ir de Estação Jacuí a Restinga Seca, então, distrito de Cachoeira do Sul, para registrar-me no mesmo dia, comovo-me.

Tenho duas celebrações previstas para jubilar a data de hoje:

I) A primeira, reúno, depois das aulas da manhã, para almoço na Morada dos Afagos a Liba, mãe da Gelsa, filha, filho, noras, genro e netas; há, com pesar, os que não poderão vir, por distância ou agenda.

II) Outra, inicio hoje à noite, em Lajeado, um périplo que em onze dias, me levará para Tubarão, Gaspar, Salvador, Amargosa, Campina Grande, João Pessoa, Frederico Westphalen. Esta peregrinação envolve cinco falas, dois minicursos e duas sessões de seminário. Este roteiro, em quatro Estados da República, implica em mais de quarenta horas por rodovias e cinco trechos aéreos. Mesmo que há muito esteja qualificado como idoso, são estes fazeres que catalisam uma resistência a este status. Ao ser perguntado o que eu ganho com isso, há uma resposta: vida.

Assim, é muito bom estar esta noite na UNIVATES em Lajeado e participar de ‘Diálogos da Pedagogia’, a convite feito há mais de meio ano por minha querida colega Morgana Domênica Hattge, que foi minha aluna no Programa de Pós Graduação em Educação da Unisinos. Muito provavelmente nos próximos dias este blogue seja um pouco um diário de um viajor, ou como quer o jornalista e sociólogo belenense José Carneiro — meu leitor muito estimado —, diário de um peregrino.