domingo, 23 de setembro de 2012

23.- MORREU ARNALDO CAMPOS, O BIBLIÓFILO



Ano 7*** WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR    ***Edição 2244
Esta edição dominical se tece com luto. Ontem li uma  notícia que me fez triste:
Morre o escritor Arnaldo Campos
O ambiente porto-alegrense das letras perdeu, na manhã de quinta-feira, um de seus principais expoentes. O escritor e livreiro carioca Arnaldo Campos morreu em Gramado, aos 80 anos. Arnaldo sofria de Alzheimer, passou os últimos quatro anos em uma clínica na cidade serrana.
Com a mudança para Porto Alegre na década de 50, fui colega do Arnaldo no curso cientifico noturno do Júlio de Castilhos em 1959/60. Lembro dele chegando em aula com pasta de amostras de remédios depois de cumprir jornada como representante de laboratório farmacêutico. Tínhamos outro colega que exercia o mesmo ofício Brutus Gemignani. Arnaldo e Brutus, os dois mais velhos da turma eram referências: nos intervalos, ouvíamos os dois.
Arnaldo sempre esteve intimamente ligado aos livros, trabalhando com eles e por eles. Quando ele publicou “Breve História do Livro” em 1994, fui a Porto do Livro, então, no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conversar sobre sugestões que ofereci e ele aceitou. Na entrada da Porto do Livro havia dois atrís [não sei este é o plural de atril ou leitoril] um com a Bíblia e outro com o Manifesto Comunista. E, Arnaldo, o livreiro tinha assunto com todos.  
Ele foi dono das livrarias Vitória (depois rebatizada de Coletânea), na Rua da Praia, onde me reencontrei com ele depois dos tempos do Julinho, da Atualidade, na Galeria do Rosário, da Porto do Livro, primeiro na UFRGS, que mais tarde mudou-se para o 5ª Avenida Center, onde o conversei com ele a última vez. A Vitória foi um importante ponto de encontro de militantes de esquerda durante a ditadura.
Além de ter presidido a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), foi diretor do Instituto Estadual do Livro e titular da Coordenação do Livro e Literatura, da prefeitura de Porto Alegre.
Na Zero Hora de ontem, o escritor Charles Kiefer avalia que a morte do amigo também é uma perda que ultrapassa a literatura: Perdemos um escritor interessante e um homem que atuou na política, que trabalhou em gestões de diferentes partidos.
Entre o fim dos anos 80 e o início dos anos 90, Campos assinou a coluna Biblioteca do Tempo, no Segundo Caderno de Zero Hora. Além de Maria, deixa os filhos Poti e Bartira, ambos do primeiro casamento, com Iara da Silveira.
Agora, lembro de papos que não ocorrerão mais. Perdemos um polímata e  um bibliófilo. 

5 comentários:

  1. Caro Chassot,
    sempre que alguém amigo se vai...como já disse outras vezes... a gente se vai um pouco junto... é o mistério (ou quem sabe, a revelação) da vida. É para esse mistério que dedicamos boa parte do nosso existir.

    Com relação aos "atris", o plural está correto desse substantivo que vem do latim tardio lectorilis.

    Um abraço,

    Garin

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  2. Muito caro Garin,
    realmente a partida do Arnaldo — mesmo que nosso sentar juntos em sala de aula já tenha mais de meio século de distância — enseja reflexões do teor destas que fazes.
    Adito dois agradecimentos:
    1) Teus comentários sabem a saudades;
    2) Obrigado por ratificares o plural de atril, pois no cotidiano sempre vemos apenas um, depois que escrevi, fiquei pensando se o Arnaldo não colocava a Bíblia e o Manifesto de Marx em um mesmo atril e não em dois atris.
    Uma boa primeira manhã de primavera 2012,
    attico chassot

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  3. Prezado Mestre nossas recordações são eternas, carregamos dentro de nós um pedacinho de cada semelhante.Dividimos virtudes, compartilhamos sonhos, assumimos missões.Estamos constantemente em conflito com o impasse; De onde viemos, para onde vamos. Nestes momentos lembraria o que disse um antigo texto de autoria polêmica "Desiderata" - Crê em Deus, como quer que tu o concebas.

    Abraços


    Antonio Jorge

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  4. Limerique

    Aquele que é lembrado sempre vive
    Ainda que seus registros arquive
    Arnaldo Campos escritor
    Dos livros divulgador
    Abandonou esta vida pelo aclive.

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  5. Mestre Chassot,lamentável perda.Pois Arnaldo Campos sempre foi um escritor de mão cheia.Continuará em nossos pensamentos e com certeza,mandando suas mensagens através de sua escrita que nos deixou.Que Deus o receba com carinho.Um forte abraço!

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