segunda-feira, 17 de setembro de 2012

17.- UMA BOA DOSE DE OTIMISMO

Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2238
SHANÁ TOVÁ UMETUKA //
FELIZ ANO BOM E DOCE. Desde o cair do sol de ontem aquelas e aqueles de fé (e de tradição judaica) celebram o início do ano 5773. Este blogue deseja a cada um que ocorra a desejada Paz e o sonhado diálogo entre culturas e religiões.
A última quinzena do terceiro trimestre corre. Nada melhor que começar uma semana prenhe de otimismo. A proposta é de Hélio Schwartsman, talvez o melhor articulista da Folha de S. Paulo.
Antes de trazer Abundância e otimismo que está na p. A2, dos mais de 350 mil exemplares da Folha que circulou ontem, ajudado pela Wikipédia, um necessário preâmbulo, decorrente de uma referência do articulista.
Candide, ou l'Optimisme é um conto filosófico em tom de sátira publicado pela primeira vez em 1759 por Voltaire. A novela já foi traduzida em centenas de línguas e, em português, seu título é Cândido ou O Otimismo ou simplesmente Cândido. Foi escrito, ao que parece, em três dias, em 1758, ainda sob a impressão do terremoto de Lisboa, com assinatura de um pseudônimo, "Monsieur le docteur Ralph. Narra a história de um jovem, Cândido, vivendo num paraíso edênico e recebendo ensinamentos do otimismo de Leibniz através de seu mentor, Pangloss. A obra retrata a abrupta interrupção deste estilo de vida quando Cândido se desilude ao testemunhar e experimentar iminentes dificuldades no mundo. Voltaire conclui a obra-prima com Cândido — se não rejeitando o otimismo— ao menos substituindo o mantra leibniziano de Pangloss, "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis", por um preceito enigmático: "devemos cultivar nosso jardim."
Agora então o texto, do qual é contra exemplo um colega meu de graduação, que respondia assim ao meu: Como vais? Bem pior que ontem, mas muito melhor que amanhã!
Abundância e otimismo - Se você leu "Cândido", de Voltaire, e achou o dr. Pangloss um sujeito muito otimista, é porque não abriu "Abundance", de Peter Diamandis e Steven Kotler.
Os autores, um milionário com formação em engenharia espacial, genética e medicina e um jornalista científico, dizem com todas as letras que a humanidade está para entrar numa era de superabundância, na qual tecnologias tornarão itens essenciais tão baratos que todos os habitantes da Terra terão acesso a bens e serviços até há pouco ao alcance apenas dos muito ricos. E tudo isso no horizonte de uma geração.
Nosso primeiro impulso é tachar Diamandis e Kotler de malucos e voltar a maldizer os tempos e os costumes. O problema é que eles apresentam argumentos para apoiar sua tese. O ponto central é que a tecnologia tem crescimento exponencial. Hoje, um guerreiro massai com seu smartphone tem acesso a mais informações do que dispunha o presidente dos EUA apenas 15 anos atrás.
Para a dupla, revoluções semelhantes estão para acontecer no acesso a água, alimentos, energia, educação e saúde. No que é provavelmente o aspecto mais interessante do livro, os autores descrevem dezenas de pesquisas, algumas bem adiantadas, que poderão em breve mudar a face do mundo. São coisas como membranas que dessalinizam a água, carne sintetizada em tubos de ensaio, reatores nucleares portáteis e telefones celulares que realizam exames de sangue em seus donos.
Os autores têm até explicação para o fato de não acreditarmos muito nessas promessas. Como fomos programados para ver o mundo como um lugar ameaçador, nutrimos um inescapável pessimismo global, que não nos deixa perceber as revoluções silenciosas de que participamos.
Talvez sim, talvez não. "Abundance" é definitivamente um livro ousado, e mesmo que lhe apliquemos um deságio cético de, vá lá, 80%, ainda sobram coisas surpreendentes.
Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2

7 comentários:

  1. Nesta utópica realidade não é o avanço tecnológico que é difícil de vislumbrar, afinal bellum omnia omnes. Neste eterno Leviatã de Hobbes vivemos a era do ter, ser, principalmente para sufocar o próximo, assim o homem do século XXI amealha para si em excesso e deixa a míngua a maioria em sua volta. Apesar de simpática, a idéia é uma tanto quanto visionária.

    abraços

    Antonio Jorge

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  2. Limerique

    O progresso eletrônico está à vista
    Disponibilizando novas conquistas
    Convidam-nos então
    Sem qualquer senão
    Olhar o mundo com lente otimista.

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  3. Limerique

    Tecnologia é a nova deidade
    Na busca insana pela felicidade
    Todos querem acesso
    Aos novos processos
    Que são redenção da humanidade.

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  4. Limerique

    E completamente seduzido
    Num frenesi quase incontido
    Homem aposta tudo
    Sem qualquer estudo
    Nessa tecnologia sem sentido.

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  5. Limerique

    Homem em excesso otimista
    Adota o progresso arrivista
    Da tecnologia
    No seu dia-a-dia
    Torna-se então, um alienista.

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  6. Limerique

    Da tecnologia dependente
    O homem esqueceu que sente
    É um robô agora
    Não ri nem chora
    Parece que deixou de ser gente.

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  7. Caro Chassot,
    também aprecio bastante as colunas do Hélio. Vez por outra estou acessando-a porque o considero bastante centrado. Concordo com ele de que tendemos ao pessimesmo. É difícil falar de uma visão otimista quando em volta de nós todos apontam para coisas negativas. Sou otimista por educação e doutrina.
    Um abraço,

    Garin

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