15.- UM BINÔMIO FANTÁSTICO: ESCRITA<>LEITURA

Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2236

Este blogue já foi cenário de muitas considerações acerca de um binômio maravilhoso escrita≈leitura. Muitas vezes já se considerou aqui também o quanto estamos lendo menos em livros ‘suporte papel’ que algum saudosista chamou de ‘livro de verdade’.

Hoje ao invés da dica sabática, como sugestão de leitura, quero evidenciar porque lemos (e, também produzimos) menos. Há evidências disso e são as muitas mensagens que recebemos — e temos que responder (estou desconsiderando a maioria que é liminarmente descartada) — que são distratores. Estas se agrupam em várias modalidades. Uma categoria são as burocráticas, particularmente as relativas a viagens (detalhes de voos, o que fazer ao chegar, hotéis, prestação de conta, envio do bilhete de volta...).

Mas há outro tipo de mensagem, muito recorrente: são pedidos de ajuda e/ou opinião. Na última segunda-feira recebi quatro que resolvi partilhar com meus leitores. Uma, de entusiasmada licencianda em Ciências  do Paraná; outra de licencianda em Química do Maranhão; uma terceira de aluno do ensino Médio que deseja ser astrofísico, e uma quarta que me pede um texto de jornal de 1999. As quatro mensagens com minhas respostas fazem a tessitura desta blogada sabatina.

Olá Professor Attico Chassot,

Sou estudante de Lic. em Ciências: Biologia, Física e Química pela Universidade Federal da Fronteira Sul em Realeza no Paraná.

E também professora bolsista de um Projeto de Atividades Práticas de Laboratório que envolve atividades de Química, de Física e Biologia.

Sinceramente, estou me apaixonando pela Educação, pela história da Ciência, estamos agora fazendo uma disciplina sobre a História e Epistemologia da Ciência.

Estou descobrindo a cada dia essa paixão em ser professora, nem que temporariamente. Entendo hoje o porquê dos professores continuarem lutando diariamente

pela Educação e traçando batalhas todos os dias dentro e fora de sala de aula.

Estamos agora quase encerrando um resumo para o SBQSul, sobre o Impacto que atividades experimentais, que esse contato que eu como acadêmica, juntamente cm minhas colegas temos com os estudantes, com o trabalho com os mesmos em um laboratório de Ciências, e com esse ambiente escolar.

Vejo que sem esse Projeto seria mais uma estudante de Ciência formada de forma livresca sem esse contato com a Escola, e sem atividades de Laboratório, sem está vivência escolar.

Gostaria de pedir se o Professor pode me dizer algo, que me faça entender melhor tais impactos, essa contribuição na formação docente de um acadêmico.

Que me ajude a capturar a essência que me falta para ver e entender certas ressaltas.

Att, Raquel

Muito estimada Raquel,

que mensagem tão significativa esta que me envias. Começo por tua conclusão: pedes pistas não precisas. Vejo que a proposta de teu curso é mito consistente. Já estive na UFFS Campus de Chapecó. Encantei-me.

Cultiva a disciplina de História e Filosofia da Ciência: ela deve ser o cerne de tua formação.

Parece-me que essa crítica a uma formação livresca é démodé. Tomaram tenham uma sólida formação lastreada em livros sim.

Estou te enviando um texto que reflete algumas de minhas utopias para a formação de professores.

Convido-te a te fazer parte destes “Diálogos de aprendentes!”

Na expectativa de nos vermos em Tubarão em novembro,

recebe um afago do attico chassot

Bom Dia,

me chamo Jéssica Pereira e sou graduanda do curso de Licenciatura em Química pelo Instituto Federal do Maranhão. Estou escrevendo um artigo científico e fiz menção de uma citação sua no meu trabalho. No entanto, não consegui encontrá-lo na inernet para que eu pudesse ver em qual página está a referida citação.

Por isso, venho por meio deste pedir-lhe, se possível com urgência, que me envie sua tese "Para que(m) é útil nosso ensino de química" ou me mande um email com a página da seguinte citação: “o conhecimento químico deve permear toda a área de ciências de 5ª a 8ª série, e não se restringir a um semestre isolado, no final do primeiro grau, onde em geral se antecipam conteúdos do segundo grau”.

De já agradeço por sua ajuda, Jéssica

Estimada Jéssica,

percorri o Para que(m) é útil o ensino?, em papel encontrei várias locuções, mas nenhuma ipsis literis a que tu envias. O cap. 6, p. 95 a 136, tem esta estrutura.

No inútil que é útil se examina a (re)produção do conhecimento químico onde três dimensões que serão contempladas neste capítulo: 6.1.- como os conteúdos químicos podem constituir currículos dominadores 6.2.- como estes conteúdos com falso rótulo de necessários para a formação do espírito científico contribuem para uma falsa educação científica; 6.3.- como a Química pelo seu hermetismo se torna inacessível se tornando uma disciplina esotérica.

 Lamento mas não tenho como te ajudar.

Um afago de ac

Olá Mestre Chassot,

me chamo Nicolas Schuck, o futuro astrofísico que estava presente em sua palestra no Colégio São Lucas.

Através deste email gostaria de falar que gostei muito do livro que nos foi trabalhado e da palestra. Entretanto devido ao pouco tempo não consegui falar com o senhor sobre algo que gostaria que desse sua opinião.

Eu sou um admirador da Mitologia Grega e da alquimia (que tem um certo mito presente nela), sendo assim gostaria de saber se você não acha que os verdadeiros mitos acabaram abandonando a religião, a ciência entre outras áreas, pois muitas vezes acabam parecendo apenas artimanhas políticas fazendo detentores de crenças diferentes entrarem em conflito ou fazendo dois países competirem pelo melhor aparato científico, não acha estas áreas perderam um pouco daquela sensação de acreditar nos seus deuses ou a vontade da descoberta sem visar nenhum lucro?

Abraços, Nicolas Schuck

Meu caro Nicolas,

que bom que minha estada no São Lucas foi importante para ti. Parece que está havendo um equívoco na acepção de mito.

Na fala entendi usar “mito (do grego antigo μυθος, translit. "mithós") como uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do homem por meio de deuses, semideuses e heróis” (Wikipédia).

Logo ele não compete com a religião. Ele uma leitura religiosa.

Logo ele não compete com a Ciênci,a. Ele uma leitura cosmogônica.

Na segunda parte de tua mensagem usas mito numa releitura do cotidiano, fazendo uma mitificação de objetos e seres (dinheiro, armas, culturas, países....) Isso é válido, mas não tem nada a ver com ‘uma narrativa simbólica.

Espero ter ajudado.

Com disponibilidade, ac

Olá Professor Attico!

Em uma publicação no seu Blog vi que o senhor usou uma citação do Oscar Wilde (1854 - 1900) que está no texto “O umbigo vitoriano” resenha livro O coração desvelado Peter Gay elaborada por Nicolau Sevcenko para o Jornal de Resenha - Folha de S. Paulo, p.8, 12 de junho de 1999. Gostaria de saber se o senhor tem essa resenha do Sevcenko em formato digital e poderia enviar por e-mail, ou se saberia onde posso encontrá-la, pois gostaria muito de lê-la, tendo em vista que estou fazendo um estudo sobre as obras do Peter Gay e gostaria de ler uma opinião como a do Sevcenko sobre um dos seus trabalhos. Desde já agradeço a atenção

Atenciosamente, Fernanda Martins

Estimada Fernanda,

os robosinhos do Google são fantásticos.

Eles em 0,12 segundos me remeteram para http://www1.folha.uol.com.br/fsp/resenha/rs12069915.htm e lá estás a resenha do saudoso "Jornal das Resenhas" de 1999.

A citação de Oscar Wilde: "Nunca viajo sem o meu diário. É preciso ter sempre alguma coisa sensacional para se ler no trem." eu a continuo seguindo.

Um afago do ac

Votos de um muito bom sábado para cada uma e cada um. Um convite à primaveril domingueira amanhã.