sábado, 30 de junho de 2012

30.- DIÁRIO DE BORDO + DICA DE LEITURA.


Ano 6*** Frederico Westphalen/Porto Alegre ***Edição 2159
Esta blogada encerra o primeiro semestre de 2012 e, uma vez mais, é postada a bordo. Há cerca de meia hora deixei Frederico Westphalen rumo a Porto Alegre onde devo chegar por volta das 6h. Minha agenda hoje tem três pontos, dos quais o terceiro: ir ao entardecer na festa do terceiro aniversário do meu querido neto Pedro é muito emocionante. Pela manhã tenho aulas no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do IPA no seminário ’Educação e inclusão.’ Para o compromisso da tarde faço meus leitores parceiros, no convite que está abaixo:

Acerca deste convite: recomendo ler http://norberto-garin.blogspot.com.br/2012/06/o-cafe-ano-02-n-474.html 
Ontem deixei Santo Ângelo, movimentada por um tratoraço — algo que não havia visto ainda , no qual os grandes proprietários reivindicam compensações pelas perdas na última safra. 
O Junior Didonet, que competência fez durante três horas meu translado pela região missioneira gaúcha, presenteou-me, antes da partida com uma visita a imponente catedral angelopolitana, que visitara durante a restauração há uns anos e agora conheci plenamente terminada. 
Hoje é considerada a principal atração turístico-religiosa do estado.
No Programa de Pós-Graduação em Educação da URI, além de sessões de orientação com a Quielen e Camila, coordenei a última sessão do seminário de escrita, quando um excelente texto ‘Argumentação, estilo, composição: Introdução à Escrita Acadêmica’ de Tomaz Tadeu da Silva foi muito aproveitado.
Mas esse espraiamento no ‘diário de bordo’ me alerta que a dica de leitura sabática tem que ter gosto da terra do Rio Grande que me fascinou na manhã de ontem. Não vou discutir aqui como o imprevisto define o que vamos ler. Há diferentes maneiras de como um livro ‘se atravessa’ em nossa história. O da dica de hoje é decorrência de meu histórico retorno há Uruguaiana, depois de mais de 60 anos, que contei aqui em 19 de abril.
Então, o acadêmico do Curso de Ciências Biológicas da Unipampa, Hendney Cardoso Fernandes, um fronteiriço de escol, com muito entusiasmo, presenteou-me, entre a palestra da tarde e da noite, com um livro escrito com gosto e com dor da fronteira, região onde todos nós somos um pouco indígenas e pouco alienígenas.
Estava acertado o Hendney quando, ao entregar-me O grito e outras vozes: retratos de arrabalde, afirmou convicto: ‘este é melhor mimo que senhor pode levar desta sua estância aqui’. O presente foi sumarento, pois me faz viajar a um passado onde me senti um pouco da Terra.
CÂNCIO, Pedro. O grito e outras vozes: retratos de arrabalde. Capa de Bruno Mendes sobre o clássico O Grito, de Edvard Munch. Porto Alegre: Proa. 124 p. 2011. ISBN 978-85-6431-802-1
O autor é um homem com vida nas Letras. Não sou original na apresentação. Busquei, com as muitas informações disponíveis, fazer uma tessitura do narrador que embalou algumas das horas que passei em ônibus desde meu retorno de Uruguaiana em abril.
Pedro Câncio da Silva — Pedro Câncio, na faina literária — nasceu em 05 de janeiro de 1937, em Uruguaiana. Ao chegar a Porto Alegre, em fevereiro de 1964, trazia lembranças da juventude e da vida harmonizada entre as pessoas e a natureza.
Graduou-se em Letras (português, espanhol e grego – língua e suas literaturas), na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuou quase 20 anos foi professor de Língua Portuguesa e Espanhola na rede estadual pública no Ensino Fundamental e Médio e lecionou Língua Espanhola e Literaturas de Língua Espanhola, Prática de Ensino de Espanhol e Estágio Supervisionado de Tradução no Departamento de Línguas Modernas do Instituto de Letras da UFRGS. Em 1995, recebeu título de Cidadão Emérito de Porto Alegre.
Traduziu o livro Lazarillo de Tormes (edição bilíngue) para a Editora Scritta (1992) e é autor do romance Correntezas (Libretos, 2009). Esteve várias vezes na Espanha para estudar.
Quanto à tradução, foi como professor do curso de Tradutor no Departamento de Línguas Modernas da UFRGS que iniciou o seu trabalho nessa área. Atualmente aposentado, dedica-se primordialmente à tradução literária.
Pedro Câncio, que atualmente vive em Porto Alegre, ressalta que as obras que traduziu foram da sua escolha. "As liberdades estão nos objetivos da própria tradução, ao público a que se destina, pois qualquer leitor deve entender sua própria leitura". Para ele, o tradutor deve principalmente "fazer relação entre culturas, relacionar ambientes inscritos tanto no texto de partida como no de chegada". In: www.dicionariodetradutores.ufsc.br/pt/PedroCanciodaSilva.htm
Relevem-me; Esbaldei-me. Falei do autor. Encantado, me excedi. Sobrou pouco espaço para falar de O grito e outras vozes - Retratos de arrabalde - O livro reúne contos cinco sobre o porto de Uruguaiana antes da construção da Ponte Internacional e três narrativas curtas de contrabando fronteiriço.
Em cada uma das peças preciosas que compõem o livro, o professor de literatura conserva o dom de revelar a terra e a natureza com muita propriedade, transportando seus leitores para lugares e situações impossíveis de viver no presente senão em seus livros. Do esforço de sua mente, o documentário da imaginação aproxima a realidade pela ficção.
Um bom fruir deste ocaso junino a cada uma e cada um. Para amanhã, um convite para curtirmos aqui a inauguração de um feliz hemi-ano novo.

4 comentários:

  1. Caro Chassot,
    quem já morou ou passou pela fronteira não consegue ficar imune ao jeito diferente de se viver naquelas paragens, especialmente pelo carinho e amor que a gente da fronteira tem pela terra e pela natureza. Não sem causa que foi por lá que o movimento nativista do Rio Grande do Sul tomou novo impulso na década de 1970.
    Um abraço,

    Garin

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  2. Hoje dividiria o meu comentário em dois pequenos apartes. Em primeiro lugar sobre o café filosófico, do qual muito invejo os seus participantes pois terão a oportunidade de evoluir mais, tendo ao vivo o mestre Chassot. Vi que o objetivo do café é o debate filosófico de variados temas com a cidade. E hoje em dia com o caos social instituído pelo crescimento desordenado me relembrou Michel Foucault que afirmava que a ocupação dos "espaços" era matéria tão séria que deveria existir um estudo próprio só para isso.
    Em segundo lugar sobre a afirmação do escritor Pedro Câncio "fazer relação entre culturas, relacionar ambientes inscritos tanto no texto de partida como no de chegada". A Mestra em Literatura Brasileira Cilene Genofre em seu livro "1/2 palavra" enfatiza bem este aspecto. Poderia exemplificar com esta sua afirmação "...entender um texto significa perceber suas interfaces com a sociedade que o produziu e com outros textos com os quais dialoga."

    Um abraço e boa sorte ao mestre em sua palestra.

    Antonio Jorge

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  3. Caro Attico,
    fico feliz que tenha gostado do mimo, podendo proporcionar-te bons momentos,é o mínimo que posso fazer por um homem que semeia sabedoria,afeto e amor por onde passa.

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  4. Caro Chassot,
    Vou anotar esse título e adquiri-lo já. Abraços e bom domingo, JAR.

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