quinta-feira, 29 de março de 2012

29.- BULLYING: DOIS OLHARES EM UMA MESMA REALIDADE



Ano 6 ***        PORTO ALEGRE       ***  Edição 2066
Afirma-se que o naturalista e viajante francês Saint-Hilaire (1779-1853), teria afirmado quando de sua estada, na então Província de S. Pedro, [http://pt.scribd.com/doc/7389091/Viagem-Ao-Rio-Grande-Do-Sul-Saint-Hilaire] no primeiro quartel do Século 19, que para morar aqui se devia ser um forte. Pois neste março de 2012, quase 200 anos depois, há confirmações. Tivemos temperaturas máximas de 39ºC e ontem elas beiravam a 1ºC. É assim que vivem os gaúchos. 
Com duas bancas que tenho esta tarde/noite encerro meu ciclo de sete bancas neste março. Hoje são duas defesas muito especiais, pois tem a mesma dimensão daquela do Bruno Piazza que abriu a série em 9 de março: são de duas alunas que tive o privilégio de orientar.
Mas antes uma pérola, de muita sabedoria ouvida neste ciclo de bancas. Em uma delas, meus colegas e eu, ao fazermos a avaliação, tecemos comentários, que se destinavam a aprimorar um trabalho que era muito significativo. O avô do mestrando, que assistia, talvez a primeira vez, um ato desta natureza e julgava irretocável a produção do neto, teve uma frase lapidar: “A banca se assemelhava a um técnico querendo ensinar o Neymar a jogar futebol!” Nada mais bem posto, na visão de um autêntico avô-coruja. 
As duas defesas de hoje têm pelo menos uma originalidade: duas mestrandas do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão realizaram um trabalho em integrada parceria. Uma psicóloga e uma pedagoga lançam olhares diferenciados sobre o mesmo objeto: o bullying. Vão às mesmas escolas e fazem suas perguntas e suas análises. O trabalho de orientação e a maior parte dos estudos teóricos bem como o trabalho de campo e a qualificação foram em conjunto.
Assim hoje, primeiro a psicóloga Sabrina Guerreiro Caldeira apresenta sua dissertação: Prevenção de Bullying: o que responsáveis por escolas de Porto Alegre têm a dizer? Em um segundo momento, a pedagoga Anna Carolina Muniz Ordobás traz a sua investigação O Bullying na escola: estamos preparados? Quais (in) formações dispõem os professores? A Banca de avaliação das duas será formada pelas Professoras Doutoras Clarice Monteiro Escott, do IF-RS, como avaliadora externa e a Luciane Carniel Wagner, como representante institucional.
Trago a seguir uma pequena síntese dos dois trabalhos:
A Sabrina, enquanto psicóloga, com sua dissertação Prevenção de Bullying: o que responsáveis por escolas de Porto Alegre têm a dizer?  buscou compreender quais as experiências e percepções que diretores e professores de escolas de Porto Alegre têm sobre a prevenção de bullying. Embora esta violência venha sendo cada vez mais investigada por muitos cientistas, ainda há a necessidade de aprofundamento sobre suas características a fim de diminuir seus índices. Para a realização deste estudo foi utilizado o método qualitativo sendo entrevistados sete sujeitos, quatro diretores e três professores, de uma escola municipal, uma estadual e uma particular. As entrevistas foram gravadas e transcritas, sendo analisadas e classificadas em oito categorias que foram criadas inspiradas nos estudos de Bardin. Os resultados encontrados demonstram que diretores, professores, orientadores educacionais, psicólogos, psicopedagogos, funcionários da escola, alunos e pais estão despreparados para lidar com o bullying escolar sendo aplicadas medidas muito mais quando esta violência acontece do que investindo na prevenção da mesma. Nenhuma das escolas possui um programa estruturado para a prevenção deste problema e somente uma delas, a particular, tem um projeto de uma semana anti-bullying programado para 2012. A partir deste estudo seria aconselhado que toda a comunidade escolar pudesse se unir para compreender que a diminuição dos índices de bullying virá da conscientização de todos os envolvidos sobre o respeito e aceitação das diferenças, bem como ações preventivas constantes que devem fazer parte da rotina escolar desde os primeiros anos de vida.
A Anna Carolina, enquanto pedagoga, realizou com o interrogante: O Bullying na escola: estamos preparados? Quais (in) formações dispõem os professores? uma inovadora proposta de pesquisa que contou com a parceria de uma psicóloga na investigação de uma problemática crescente nas escolas, o bullying escolar. Mesmo que ocorram cada vez mais estudos acerca do assunto, este fenômeno ainda encontra espaço no cotidiano de crianças e jovens. Situando seu olhar nas questões da formação de professores este trabalho procurou investigar se há (in) formação para docentes em escolas de Porto Alegre para enfrentar as práticas de bullying. Partindo de uma metodologia qualitativa este estudo se desenvolveu com a participação de sete sujeitos de pesquisa, sendo três professoras, duas diretoras, uma orientadora e uma supervisora pedagógica, provenientes de três escolas da cidade de Porto Alegre. Os resultados encontrados apontaram que as professoras não compreendem o fenômeno em sua totalidade. Entretanto, apesar de não procurarem de forma autônoma por maiores esclarecimentos, elas reconhecem a importância da formação no combate das práticas do bullying. De forma geral as escolas também demonstraram essa preocupação ao enfatizarem a preocupação em realizar momentos de formação para seu quadro de professores, mesmo sem os conhecimentos adequados para tal feito. Tanto professores quanto escolas demonstraram compreender seu papel no combate aos atos violentos do bullying. Este estudo pretendeu ser mais um modo de agir contra este fenômeno na tentativa de encontrar meios que o minimizem em nossas escolas.

7 comentários:

  1. Prof Querido!
    Hoje é um dia de muita emoção pra nós. Terminamos um ciclo, o mestrado.
    Nosso profundo agradecimento pelo teu carinho em todas as orientações, pela tua disponibilidade SEMPRE, e por ser para nós um exemplo de educador e pessoa.
    Obrigado por ter entrado em nossas vidas!
    Abração muito carinhoso,
    Sabrina Caldeira.

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  2. Caro Chassot,
    Da maior importância a preocupação com esse desvio comportamental que, na falta de um termo em português, adotou-se o nome de Bullying. Mestres, pais e a sociedade em geral estão conscientes que esse mal deve ser pelo menos controlado, na falta de ações que o eliminem por completo.
    Só que, a meu ver, essa mesma sociedade que se preocupa, não olha o problema pelo ângulo correto, não vê (talvez porque não quer) onde está o fulcro da discussão. A questão tem uma resposta fácil e direta: o problema está nas FAMÍLIAS. Depois que a nossa sociedade incorporou uma suposta doutrina “piagetana” a qual, mal digerida, eliminou a palavra NÃO da educação das crianças, temos toda uma geração de sociopatas que não tem freios e se acha dona do mundo. Se a gente duvidar que as famílias estão criando monstrinhos que se tornarão jovens que não respeitam filas e a as regras sociais em geral, que se transformarão em adultos desajustados, é só olhar as sociedades mais conservadoras do oriente como a japonesa e chinesa, por exemplo. Lá, onde os pais sabem dizer não aos filhos, eles criam seus filhos que olham o próximo como um seu igual e não como nossas crianças e jovens que despendem mais energia em disputas bobas e mostras de “independência” do que energia nos estudos e na formação de caráter.
    Esse problema já foi detectado em outras sociedades e verificou-se que originou-se no seio das famílias e só ali pode ser eliminado, portando não sou eu que estou “descobrindo a pólvora”. Abraços educados, JAIR.

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  3. Caro Chassot,
    interessante a observação do avô sobre a tentativa de ensinar o Neymar a jogar futebol. O espírito humano nunca está totalmente acabado e sempre é possível aperfeiçoá-lo. Votos de boas bancas!

    Um abraço,

    Garin

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  4. Bom dia, Mestre!
    Eu não vou reinventar a pólvora, pois o Jair já falou tudo sobre ela!
    Mas, eu, que não entendo nada de psicologia, me arrisco a dizer que as crianças às vezes parecem ter a mesma característica dos sociopatas, no que diz respeito à indiferença pelo sofrimento alheio!
    Posso ter falado uma grande besteira, mas a impressão que eu tenho é essa!
    Abraços!

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  5. Profe.,
    Não tenho palavras para agradecer teu carinho e empenho em nos conduzir por essa jornada que foi o mestrado!
    Mas tenho a certeza de que estará em nossos corações como professor,orientador e sem dúvida como um grande amigo!
    Obrigada por tudo!
    Anna

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  6. Chassot,

    parabéns pela blogada, abordando um tema importante e sério, mas que muitas vezes fica no oblívio por não ser dos mais palatáveis...
    O bullyng nos extremos pode ser uma ameaça a vida, tão perniciosa quanto as drogas, a intolerância às minorias e a corrupção.

    O Neymar pode ser um bom jogador, mas os técnicos tem a experiência... El diablo tien más de diablo...

    Abraços,
    Guy.

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  7. Queria deixar aqui os meus elogio e parabéns , não somente às recentes mestres como também ao Attico amigo. Cumpres tu, muito bem, o papel do professor com sua disponibilidae e solicitude.

    Muita paz!

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