terça-feira, 20 de março de 2012

20.- UM FELIZ OUTONO 2012



Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br *** Edição 2057
Hoje começa o outono no Hemisfério Sul. No Hemisfério Norte ocorre a entrada da primavera. Assim por primeiro, meus votos de feliz outono / feliz primavera para meus leitores meridionais e setentrionais. E como a inclusão é bandeira aqui, aqueles e aquelas que, por viver próximos a linha do Equador, não têm estações definidas, também a ele votos de agradáveis dias, de preferências com ventos frescos e temperaturas amenas.
Aqui no Sul — tida como mais agradável que a primavera, pois quase não há ventos — nessa estação ocorre a maioria das colheitas agrícolas, pois os produtos cultivados já estão bastante desenvolvidos. As folhas, com poucos nutrientes, além dos frutos bastante maduros, caem no chão. Outros fenômenos marcantes desse período são as mudanças bruscas de temperatura, diminuição da umidade do ar, a mudança na coloração das folhas das árvores (elas começam a “amarelar”).
Por tal, nos Estados Unidos e no Canadá, usa-se, para referir o outono, a palavra fall, uma contração de “fall of the leaf”, algo como queda da folha – já que o outono é a época do ano em que muitas plantas perdem suas folhas. No Reino Unido e em outros países de influência britânica a palavra usada é autumn, que vem do francês automne (a pronúncia é ôtône).
Há algo significativo nestes dias de troca de estação. Estamos nos dias equinociais. O fenômeno onde a duração do dia é idêntica à da noite e os hemisférios Norte e Sul recebem a mesma quantidade de luz, o equinócio – do Latim, aequus (igual) + nox (noite) = noites iguais – só ocorre durante duas vezes ao ano, normalmente nos dias 21 de março e 23 de setembro. Nestas duas datas, apenas, o dia e a noite têm duração igual (12 horas), visto que o plano da órbita da Terra ao redor do Sol cruza o equador celeste.
No entanto, nestes dois dias do ano, a Terra se situa em pontos onde os raios solares incidem perpendicularmente à linha do Equador, proporcionando a mesma distribuição de luz para os dois hemisférios, caracterizando o equinócio.
Assim, vale recordar que tivemos, pela última vez, dias noites iguais (= com o mesmo número de horas de luz solar) quando iniciou primavera. Desde então, no Hemisfério Sul, as noites (em termos de tempo de iluminação solar) vem encurtando. Hoje se igualam. Logo a seguir continuam diminuindo, para chegar em 23 de junho temos a maior noite, para então começar a diminuir até a primavera, para no inicio do verão termos a menor noite.
Não é sem razão que os dois dias de maior noite (23 de dezembro no Hemisfério Norte //23 de junho de junho no Hemisfério Sul) estejam associados a celebrações no calendário cristão: Natal e festas juninas. Pois eram, já no período pré-cristão, associadas a rituais de perda e retorno do sol, com festas para ‘amarração’ do sol. Posteriormente, quando o cristianismo se torna hegemônico no Ocidente (Século 4º) na busca de datas para festas cristãs, por sincretismo religioso se assume as grandes celebrações já correntes.
A diferença na distribuição dos raios solares entre os dois hemisférios é consequência de uma inclinação de aproximadamente 23°27’ do eixo de rotação da Terra (movimento que a Terra realiza em torno de seu próprio eixo) com relação ao eixo de translação (movimento que a Terra realiza em torno do Sol). Sendo assim, em um período do ano, a luz solar incidirá com maior intensidade sobre um dos hemisférios, alternando em outra parte do ano, conforme o movimento do planeta.
IN MEMORIAM: A trazida de um assunto que aprendemos em nossas aulas de Geografia, faz-me associar este texto a perda que tivemos na última sexta-feira: Aziz Nacib Ab'Saber (São Luís do Paraitinga, 24 de outubro de 1924 — Cotia, 16 de março de 2012 foi um geógrafo e professor universitário brasileiro.
Na foto ao receber o troféu Juca Pato, em 2011 Em 1999, Heraldo Campos e eu organizamos um livro [Ciências da terra e meio ambiente – Diálogos para (inter)ações no Planeta. Editora Unisinos] que chamávamos, carinhosamente de ‘Geologia da libertação’, no qual um dos textos foi escrito por ele.
Considerado como referência em assuntos relacionados ao meio ambiente e a impactos ambientais decorrentes das atividades humanas foi um cientista polivalente, laureado com as mais altas honrarias científicas, em arqueologia, geologia e ecologia - Membro Honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Grã-Cruz em Ciências da Terra pela Ordem Nacional do Mérito Científico, Prêmio Internacional de Ecologia de 1998 e Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente. Era Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, professor honorário do Instituto de Estudos Avançados da mesma universidade e ex-presidente e atual Presidente de Honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Embora aposentado compulsoriamente no final do século XX, manteve-se em atividade até o fim da vida.
Na véspera da sua morte, entregou à SBPC os arquivos de sua obra completa, em DVD, com a seguinte dedicatória: "Tenho o grande prazer de enviar para os amigos e colegas da Universidade o presente DVD que contém um conjunto de trabalhos geográficos e de planejamento elaborados entre 1946-2010. Tratando-se de estudos predominantemente geográficos, eu gostaria que tal DVD seja levado ao conhecimento dos especialistas em geografia física e humana da universidade"

5 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Primeiro, tua aula de mecânica celeste foi excelente como revisão da matéria que aprendemos nos bancos escolares, mas que raramente nos referimos e, por consequência, tendemos a esquecê-la. Por segundo, esse exemplo de cientista,Aziz Nacib Ab'Saber, deve ser homenageado sempre. Parabéns por amas as abordagens, JAIR.

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  2. Boa tarde, Mestre!
    Enriquecedor este post, com tanta informação!
    Os gaúchos parecem ser os que mais se emocionam com a chegada do outono, a julgar pelos blogs relacionados!
    Talvez pelo prenúncio do frio que tanto amamos!
    Saudade do minuano assobiando!
    Abraços!

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  3. Caro Chassot,
    as cenas mais lindas que já presenciei na paisagem estão associadas às multicores tarde de outono.
    A propósito, como fazem falta os geógrafos! Estão cada vez mais escassos.

    Um abraço,

    Garin

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  4. Algumas estações do ano muitas vezes nos parecem mais belas, porém todos esses ciclos que observamos tem fundamental importãncia para vida na Terra, proporcionando a variação dos elementos climáticos que observamos, e nos presentiando com belas paisagens.

    Lívia.

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  5. "Nossa existência é transitória como as nuvens do outono. Observar o nascimento e a morte do ser é como olhar os movimentos da dança.Uma vida é como o brilho de um relâmpago no céu. Levada pela torrente montanha abaixo" (Gautama Buda)

    O outono é caracterizado pela queda na temperatura, e pelo amarelar das folhas das árvores, que indica a passagem de estações...

    Luísa

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