sábado, 11 de fevereiro de 2012

11.- DISCURSOS Y RECUERDOS DEL PREMIO NOBEL DE LITERATURA DE 1971




Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br *** Edição 2019
Hoje, como no sábado passado, a blogada sabática vem do Chile. Mas a situação é antípoda de então. Dia 4 trouxe um assunto asqueroso: ASCENSÃO / GLÓRIA / DERROCADA DE KARADIMA — O SENHOR DOS INFERNOS se apresentou um pouco acerca da hipocrisia de um sacerdote chilenos que por mais de 20 anos abusou sexualmente das mesmas pessoas das quais se intitulava ‘diretor espiritual’ a partir de uma análise do livro Los secretos del imperio Karadima: la investigatión definitiva sobre el escándalo que remecio a la iglesia chilena. Permito-me recomendar àqueles que não conheceram aquela edição que a visitem, pois temos o temos o dever moral de disseminar escândalos como esses, para alertar aos pais que acautelem seus filhos de falsos pastores, que na verdade são lobos travestidos com peles de ovelha.
Mas anunciei que o assunto de hoje é antípoda. Vamos falar de um dos ícones da literatura latino-americana. Hoje é um sábado de poetar, pois o livro que se faz dica sabática é
NERUDA, Pablo. Discursos y recuerdos del Premio Nobel de Literatura de 1971. Santiago do Chile: Fundación Pablo Neruda, 54p. 215 x 145 mm. 2011, ISBN 978-956-7822-04-1
Pablo Neruda (Parral, 12 de julho de 1904 — Santiago, 23 de setembro de 1973) foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha (1934 — 1938) e no México. Morreu 12 dias depois do Golpe.
Foi o segundo chileno a receber o Nobel de Literatura. Em 1945 foi agraciada Gabriela Mistral, pseudónimo escolhido de Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga (Vicuña, 7 de abril de 1889 — Nova Iorque, 10 de janeiro de 1957), foi uma poetisa, educadora, diplomata que serviu, inclusive no Brasil, e feminista chilena. Oportunamente devo fazer uma edição acerca da mesma.
 Neste ultimo dezembro foi celebrado o quadragésimo aniversário da outorga a Pablo Neruda do Prêmio de Literatura. A esta efeméride se publicou este livro que reúne três discursos e mais um excerto de seu livro de memórias ‘Confieso que he vivido’.
O primeiro dos discursos ‘La presencia invisible’ é aquele que Neruda pronuncia em Estocolmo, em nome dos seis laureados de 1971. O segundo ‘La poesia no habrá cantado en vano’ pronunciado quando o poeta recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. O terceiro ‘El resplendor de Chile me ha seguido, me ha envuelto, me ha rodeado...’ pronunciado em dezembro de 1972, quando ano depois de laureado retorna pela primeira vez ao Chile e é homenageado em uma grande manifestação no Estádio Nacional. Cada uma destas peças sumarentas mereceria uma resenha.
Na primeira, pronunciada em 10 de dezembro de 1971, o poeta fala em nome de Denis Gabor, de Física; Gerhard Hezberg, de Química; Earl Wilbur Sutherland, de Medicina; Simon Kusnetz de Economia e Willy Brand, da Paz. “Venimos de muy lechos, de fuera o de adentro de nosotros mismos, de idiomas contrapuestos, de países que se aman. Aquí nos encontramos, en este punto, en esta noche central del mundo, y llegamos de la química, de los microscopios, de la cibernética, del algebra, de los barómetros, de la poesía, para reunirnos. Venimos de la obscuridad de nuestros laboratorios a enfrentarnos con una luz que nos honra y que, por un momento, nos enceguece. Para nosotros, laureado, se trata de una alegría y de una agonía.”
Por este parágrafo inicial, é possível prever o texto de apenas uma página, no qual o Poeta volta às ruas de sua infância. É lindo.
A segunda fala na Suécia abre assim: “Mi discurso será uma larga travessia, un viaje mío por regiones lejanas y antípodas, no por eso menos semejantes al paisaje y a las soledades del norte. Hablo de el extremo sur de mi país. Tanto y tanto nos alejamos los chilenos hasta tocar nuestros límites del Polo Sur, que nos parecemos a la geografía de Suecia, que roza con su cabeza al norte nevado del planeta.”
Então, por dez páginas Neruda narra uma dramática travessia dos Andes que teve que fazer a cavalo, com um grupo de fugitivos. Esta epopeia se encontra em alguns textos na Web. http://www.abacq.net/imagineria/discur1.htm e http://www.poeticas.com.ar/Directorio/Poetas_miembros/Pablo_Neruda.html
O terceiro discurso também de 10 páginas, feito um ano depois, em 5 de dezembro de 1972, é fala de um militante do Partido Comunista — cujos bens foram legados em testamento ao PC, que com veemência brada contra os sintomas de golpe — que se concretizará nove meses depois, que termina com a morte de Alliende e assunção do ditador Pinochet.
Há um quarto texto, de quase 12 páginas, que foram aditadas aos três discursos e extraído de seu livro de memórias, onde o Poeta conta os mais de dez anos de esperas (e falsos anúncios) do Nobel. É outra preciosidade do livro.

 Recebi este livro com muito carinho da Gelsa, no último dia 18 de janeiro, na memorável visita a la Chascona (a Descabelada) em Santiago. Esta é uma das três casas-museu que ajudam a perpetuar a memória do poeta muito querido dos chilenos. As outras duas são em Valparaiso (La Sebastiana) e em Isla Negra.
Em la Chascona Pablo Neruda viveu uma linda história com Matilde, a descabelada. Primeiro ela foi sua grande paixão escondida para quem constrói a casa e depois a esposa muito querida, que se tornou a viúva do Poeta, que cuidou de mostrar ao mundo o quanto o golpe destruiu de livros em La Chascona, convidando embaixadores para o velório na casa em que os vândalos fizeram destruições.
Trago para encerrar esta dica sabática um poema do poeta a sua amada. É minha homenagem a um intelectual que o livro aqui comentado me fez admirar. O poema também é uma maneira lírica de desejar a cada uma e cada um o melhor fim de semana.
Matilde, nombre de planta o piedra o vino,
de lo que nace de la tierra y dura,
palabra en cyo crecimiento amanece,
en cuyo estío estalla la luz de los limones.
En ese nombre corren navíos de madera
rodeados por enjambres de fuego azul marino,
y esas letras son el agua de un río
que desemboca en mi corazón calcinado.
Oh nombre descubierto bajo una enredadera
como la puerta de un túnel desconocido
que comunica con la fragancia del mundo!
Oh invádeme con tu boca abrasadora,
indágame, si quieres, con tus ojos nocturnos,
pero en tu nombre déjame navegar y dormir.
Soneto 1, Cien sonetos de amor


4 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Estou em falta com Neruda, dele só li "Confesso que vivi" e nada mais. De modo que tua dica de leituta veio a calhar. Abraços, JAIR.

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  2. Amigo Chassot,
    fui um dos fiz coro por essa postagem de hoje: valeu a pena esperar porque escolheste um texto (ou textos) que sintetizam bastante do que foi esse autor que encantou e encanta nossa alma com sua obra. Muito obrigado!

    Um abraço,

    Garin

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  3. Caro Attico,

    assim como o Norberto, fiz coro para a escrita dessa blogada. Neruda foi (e é) um dos poetas mais contemporâneos de seu e de nosso tempo.
    Não ficou imune ao mundo e seus dilemas, mas esteve com ele e o revelou em seus poemas. "Espanha no coração" nos leva ao cenário da guerra civil espanhola, escrito nos fronts de combate e carregado em sacos pelos soldados. O poeta não se negou a denunciar os problemas inseridos em seu e nosso mundo.
    Neruda ainda nos traz o lirismo do amor simples, intimista.
    Obrigado por essa postagem.

    Abraços,

    PAULO MARCELO

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  4. Meus caros Paulo Marcelo e Norberto,
    quando preparei esta blogada realmente estava atendo à proposta de vocês dois.
    Valeu a sugestão e eu gostei da produção,
    Com agradecimentos pelos comentários de vocês e pela parceria na produção deste blogue
    attico chassot

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