terça-feira, 24 de janeiro de 2012

24.- UMA ODE A ATENA



Ano 6 ***       Buenos Aires     *** Edição 2001
Se quando relatei acerca de nossa sexta-feira mendocina, referi que nas sucessivas idas a vinícolas para degustações fizéramos uma ode a Baco, nesta segunda-feira portenha fizemos um culto a Atena, a deusa sabedoria dos gregos.
A degustação ontem foi de livros. Estivemos em duas excepcionais livrarias, mesmo que houvesse várias outras que espiamos. Em ambas já estivéramos em outras estadas aqui.
A Paidos fruímos por quase três horas. Muito boa música, poltronas estofadas e centenas de títulos a nos seduzir. Cada um degustou mais de uma dezena de diferentes títulos de várias áreas. Algo muito saboroso. Compramos alguns.
A outra degustação foi na El Ateneo, Grand Splendid, que é um ícone de Buenos Aires. Quando estive a última vez nela em novembro de 2010, recém fora distinguida como a segunda livraria mais bonita do mundo de acordo do artigo do jornal britânico The Guardian. Precede à Livraria El Ateneo, a Boekhandel Selexyz em Maestricht na Holanda, localizada em uma antiga igreja (inaugurada em dezembro de 2009), no terceiro lugar esta a Livraria Lello de Portugal. No quarto lugar a livraria “Secret Headquarters Comic” em Los Angeles nos Estados Unidos; Borders de Glasgow na Escócia no 5ª lugar; Scarthin’s em Peak District em sexto lugar; Posada Bruselas em sétimo; El lugar de la Mancha em México, oitava; Keibunsya em Kyoto, nono lugar; e Hatchards em Londres em décimo lugar. Não conheço nenhuma das outras nove.
El Ateneo Grand Splendid, que já foi teatro, cinema e hoje abriga uma das maiores livrarias da América Latina. O Grand Splendid foi construído em 1919 pelo austríaco Max Glücksmann, que queria fazer ali uma catedral das artes cênicas. A partir de 1924, concursos de tango começaram a acontecer ali e, em 1926, o Grand Splendid passou a funcionar como cinema, sendo um dos primeiros a exibir filmes sonorizados.
Devido à concorrência com as grandes redes de cinema, porém, o teatro foi fechado e adquirido, em 2000, pela cadeia de livrarias Yenni. O acordo foi criticado por alguns, que defendiam a manutenção do cinema como tal, e elogiado por outros, que viam na livraria a possibilidade de preservação do edifício.
A adaptação do espaço se manteve fiel à estrutura do teatro. Só que fileiras de estantes substituem as de poltronas. No subsolo, há seção de literatura infantil e, nos pisos superiores, uma galeria de arte e uma seção de música clássica. A loja tem cerca de 100 mil títulos de livros e 10 mil de CDs. No antigo palco, hoje um café, pode-se folhear livros e ouvir música. Compramos mais alguns, ou seja, estamos levando da Argentina bem mais livros que vinhos. Nem só de Malbeq se alimenta o espírito.
Nesta terça-feira, para matar saudades, a convite de meu amigo Enrique del Percio, ministro duas aulas, em dois cursos de doutorado: uma no final da manhã em la Universidad Nacional de Lomas de Zamora e outra no fim da tarde emla Facultad de Derecho de la Universidad de Buenos Aires.
Amanhã conto acerca do último dia portenho. A melhor terça-feira para cada uma e cada um.

3 comentários:

  1. Caro Attico,

    para um amante dos livros, apenas a imagem da bela biblioteca já apraz. A tua descrição deleita-nos, na expectativa de podermos "degustar" de bons momentos a folhear livros em um local tão belo.

    Obrigado por nos trazer mais esse destino.

    Abraços,

    Paulo Marcelo

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  2. Caro Chassot,
    Você é um turista definitivamente atípico. Suas visitas a bibliotecas dessa capital servem para ilustrar o que digo. Abraços, JAIR.

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  3. Oi professor,
    Acompanhando e degustando da viagem de vocês em nossos vizinhos...
    Abração

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