terça-feira, 27 de dezembro de 2011

27.- CARA & COROA


Ano 6 *** Porto Alegre *** Edição 1972
Duas ‘notícias brasileiras’ se transformam em manchetes. Uma, ainda pré-natalina, aquela que chamo de 'cara’. Outra, na esteira da ressaca desta segunda feira, coloquei na ‘coroa’. Ambas, duas faces da medalha Brasil, fazem a blogada de hoje.
Cara mereceu desconfiança, questionamento, descrédito ao Censo 2010, até proposta de questionamento do significado de ‘favelização’. Talvez as moradas – havia escrito casas, mas retifiquei – de mais de 10 milhões de brasileiros poderiam ser adequados cenários à ‘presépio vivo’.
Coroa ascendeu e acendeu o ufanismo. Acredito que quase surgiram os dísticos do período da ditatura tipo ‘Brasil: Ame-o ou deixe-o’. Agora temos que superar a França e a Alemanha. Até a Copa talvez superemos o Japão. Bom, depois só fica faltando a China e os Estados Unidos.
Veja os dois lados da mesma medalha. Não vou fazer uma discussão de qual das duas têm mais significados. Apenas permito-me um alerta. Cara se faz mais angustiante, não pelo número absoluto, mas sim por este ter quase dobrado em dez anos.
CARA
COROA
País tem 11 milhões de pessoas em favelas

Dados do Censo 2010 revelam que 11,4 milhões de brasileiros, o equivalente à população da Grécia, vivem em áreas ocupadas irregularmente e com carência de serviços públicos ou urbanização, como favelas, palafitas, grotas e vilas. São 6% dos habitantes do país. Dez anos atrás, IBGE havia contado cerca de 6,5 milhões de pessoas morando em favelas no país ou 4% do total, em "aglomerados subnormais", denominação usada pelo instituto.
É o retrato mais preciso já feito dessas áreas, e mostra que o problema é concentrado nas regiões metropolitanas, mas espalhado por todos os Estados. Dez favelas têm população maior que 40 mil pessoas, superior a 86% dos municípios brasileiros.
Não é possível saber quanto do aumento na década se deve à expansão das áreas irregulares e quanto se deve ao aprimoramento da metodologia de pesquisa, como o uso de imagens de satélite.
Em 2010, foram localizadas 6.329 favelas em 323 municípios. Ficam de fora do levantamento áreas precárias, mas regularizadas, ou irregulares, mas sem precariedade.
A pesquisa revelou também que o quadro mais grave de moradia está na região metropolitana de Belém (PA), onde 54% da população vive em favelas e similares.
No caso de serviços básicos, o que mais diferencia as favelas das áreas de ocupação regular das cidades é a proporção de casas com coleta adequada de esgoto.

As seis maiores economias:
1º Estados Unidos // 2º China // 3º Japão // 4º Alemanha 5º França 6º Reino Unido Brasil
O Brasil deve superar o Reino Unido e se tornar a sexta maior economia do mundo ao fim de 2011, segundo projeções do CEBR (sigla em inglês para Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios).
Segundo a consultoria britânica especializada em análises econômicas, a queda do Reino Unido no ranking das maiores economias continuará nos próximos anos, com Rússia e Índia empurrando o país para a oitava posição.
O estudo repercutiu na mídia britânica. O jornal "The Guardian" atribui a perda de posição à crise bancária de 2008 e à crise econômica que persiste em contraste com o boom vivido no Brasil na rabeira das exportações para a China.
O "Daily Mail", outro jornal que destaca o assunto nesta segunda-feira, diz que o Reino Unido foi "deposto" pelo Brasil de seu lugar de sexta maior economia do mundo, atrás dos Estados Unidos, da China, do Japão, da Alemanha e da França.
Segundo o tabloide britânico, o Brasil, cuja imagem está mais frequentemente associada ao "futebol e às favelas sujas e pobres, está se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global" com seus vastos estoques de recursos naturais e classe média em ascensão.

3 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Lamentável, esses dois lados da moeda só mostram que os indicadores de "tamanho da economia" não levam em conta a má distribuição de renda que é, aliás, a responsável pela "cara" do teu texto. Preferia que estivéssemos no centésimo lugar com uma distribuição de renda igual a da Suíça. Abraços, JAIR.

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  2. Ave Chassot,

    outro lado feio de moeda é a educação.

    Tenho fé de que as coisas vão melhorar...

    Abraços,
    Guy

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  3. Caro Chassot,

    o Jair matou a charada: não importa o lugar em qualquer ranking, o fundamental é a justiça distributiva. Parece que os ufanismos afloram, especialmente nessa época do ano.

    Um forte abraço,

    Garin

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