terça-feira, 22 de novembro de 2011

22.- Googlelização!... ¿e daí

Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br

*** Edição 1937

Ontem o blog do Prof. Garinnorberto-garin.blogspot.com/, que leio a cada dia, trouxe uma matéria com alerta a uma possível invasão à nossa privacidade pelo Google. Transcrevo o texto publicado na Folha.com, assinado por Camila Fusco. Apresento após – talvez, com laivos de ingenuidade – a minha não preocupação com o alerta.

O que palavras aparentemente desconexas como Disney, cachorro e amendoim têm em comum?

Para a maioria das pessoas, elas não revelam muito, mas, se digitadas no Google, apontam que a interessada nos temas é possivelmente uma mulher, mãe de filhos pequenos e que sofre de alergias específicas.

Pode ser ainda que, a partir da identificação de seu perfil, a internauta veja mais propagandas de produtos infantis, indicações imobiliárias e, dali a alguns anos, até sugestões de escolas para adolescentes.

Não se trata de pura adivinhação, mas da era em que informações aparentemente simples viram material precioso para previsões de comportamentos.

É o que relata Siva Vaidhyanathan, professor da Universidade da Virgínia em "A

Googlelização de Tudo".

Mestre em criar conexões invisíveis baseadas nos interesses dos usuários pesquisados na ferramenta de busca, o Google é, na visão do professor, a principal ameaça à privacidade de dados pessoais nos dias de hoje.

Isso porque não esclarece que tudo o que se coloca na rede pode ser monitorado por seus sistemas de identificação de navegação (os chamados cookies) nem informa com precisão como os usuários podem configurar seus critérios de busca para proteger suas informações.

A lógica perversa do Google, na avaliação de Vaidhyanathan, está ainda em transmitir ao mundo que o acesso a seus serviços é gratuito, enquanto o verdadeiro custo está na troca por detalhes da personalidade de cada um.

São essas informações que renderão lucro à empresa, com a venda de anúncios direcionados a perfis específicos de usuários.

Dividida em seis capítulos, a primeira parte da narrativa se concentra em mostrar o triunfo da aceitação da "googlelização" - presença cada vez mais frequente do buscador em diversas áreas do conhecimento.

Indica ainda a criação de uma geração superficial, que aceita ver o mundo por meio dos resultados de buscas no Google em detrimento de conhecimentos profundos.

Desliza, no entanto, ao considerar o buscador como o principal vilão da internet, reduzindo a importância de outras ferramentas concorrentes e das redes sociais, que hoje podem ser a maneira mais avançada para acumular informações sobre os internautas.

Na segunda parte do livro, o autor apresenta elementos políticos, filosóficos e até psicológicos pelos quais tenta provar necessária a reação dos internautas às forças dominantes na rede.

O livro é para quem quer conhecer os bastidores dessa potência da internet mundial, mas não traz provas concretas -além do relato do autor- sobre se o Google é bom, mau ou se é apenas esperto ao aproveitar o espírito de "compartilhamento" dos internautas na rede.

É o início da análise sobre a dinâmica do controle da informação virtual, mas está longe de ser uma resposta definitiva para a questão.

Postei um comentário no blogue de meu colega que apenso a seguir. Permiti-me fazer uma lapidação no mesmo. Devo reconhecer que este precisava um burilamento, pois havia marcas de um autor com déficit de sono [postei meu comentário quase 4h].

Muito estimado colega Garin, tua trazida nesta blogada que inaugura a ‘última semana completa de novembro’ [...] é algo momentoso. Como (quase) tudo na vida o Google ou seus assemelhados têm bônus e ônus.

Tu concordas que não poderias editar um blogue diário como fazes, sem um buscador! O Google é uma das maravilhas internéticas. Ele me encanta e não o posso considerar como o principal vilão da Internet e acredito que não possa ser responsabilizado pela criação de uma geração superficial, que aceita ver o mundo por meio dos resultados de buscas no Google em detrimento de conhecimentos profundos. O acesso ao conhecimento é fantasticamente facilitado. Claro que é preciso saber usar.

Não podemos culpar a Wikipédia – o melhor exemplo de democratização do conhecimento – pelo fato de as enciclopédias em suporte papel estarem quase embolorando por falta de uso.

Os ônus: tu trazes no texto que editaste. Somos bisbilhotados. Não só pelo Google e, divirjo – ou melhor, parece-me exagerada – a postura catastrofista de Siva Vaidhyanathan, professor da Universidade da Virgínia no seu livro (que não li, mas comento louvado no release da autora que ofereces) "A Googlelização de Tudo".

Há muitos outros artefatos para vigia além do Google. Aquela frase maldosa, talvez cínica, quase onipresente em nosso cotidiano: “Sorria! Você está sendo filmado!” é a versão pós-moderna de uma sentença que havia por toda a parte na escola onde fiz o ginásio: “Deus me vê!” Ela se fazia presente inclusive no banheiro. Podes imaginar quanto pecado solitário contra o sexto mandamento ela evitou.

Este ano hospedei-me em um hotel no Rio de Janeiro, onde havia um aviso (que lamento não tenha fotografado), com aproximadamente este teor: “Todas as dependências deste hotel podem estar sendo filmadas por questões de segurança e seus registros estarão arquivados no serviço de vigilância”. Seguia um artigo de um código de segurança. Isto é, até em nossas ações mais íntimas somos solicitados a sorrir, pois...

Concordas que isso deve assustar mais que o Google. Aliás, nosso blogues, fartos em relatos de nosso dia a dia, são mais invasivos que o Google. Somos cidadãos públicos e isto não me incomoda.

Desculpa as discordâncias. Elas são reflexões de uma madrugada insone. O livro deste estadunidense, provavelmente, indiano de nascimento, deixou-me curioso. Com admiração e agradecimentos do attico chassot

A matéria da Folha.com conclui com estes dados: A googlelização de tudo / Autor: Siva Vaidhyanathan / Editora Cultrix / Preço R$ 35,91 / 272 p / Tradução: Jeferson Luiz Camargo / Avaliação: Regular.


7 comentários:

  1. Bom dia Mestre!
    Ao menos o google exige da inteligência de quem vai analisar as pesquisas dos internautas, e são tantos... Não me parece algo tão perverso pois as informações coletadas não são assim tão diretas e cruas, como as dos celulares.. que registram e arquivam tuas informações em algum sistema, que, isso sim, me parece semelhante a um Deus que tudo ouve e vê. Não se sente e nem se vê mas suas ondas estão aqui, agora...

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  2. Caro Chassot,
    Parece que ceder informações pessoais em busca de outras genéricas ou específicas, é um preço barato que se paga quando se acessa o universo Google. Não vejo nenhum atentado a minha privacidade ou ao modo de vida que escolhi quando acesso esse instrumento particularmente útil. Acho que essa paranoia de que tudo que fazemos está sendo monitorado de alguma maneira é "teoria conspiratória" internética, nada mais. Bem lembrado que as câmaras que nos espiam em todos os lugares que vamos são muito mais invasivas e indiscretas, acesso o Google por que quero, mas não escolho onde câmaras vão me "olhar". Abraços, JAIR.

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  3. Caro Sr Chassot,
    Foi bom ver um debate de vários pontos de vista de ferramentas uteis e muitas vazes tidas como seguras e indispensáveis mas se me permite considero sinceramente privacidade na nossa sociedade ,saturada de meios de comunicação controlados por muitos menos pelos mais interessados, ser quase por via de regra uma utopia.Em certos casos ate nos felicitamos pela falta desta como no momento em que identificamos por imagens de segurança um criminoso. O grande problema talvez esteja na distancia que aderimos do ideal greco-romano,não existe ou é muito frágil a distancia e diferença da vida publica e privada,desejando se proteger de qualquer entro metição indesejada teremos de pagar o preço como demonstrou o comentário anterior de isolarmo-nos das mais leves relações tecnológicas de hoje.Não vejo muito o que fazer, seja lá qual for a realidade da situação as atividades citadas são quase inseparáveis e indispensáveis para viver-se em meio a nossa sociedade. Gostaria de visualizar alguma discução menos voltada as possíveis contravenções e mais voltadas a formas possiveis e praticas de mudarmos nosso uso de tais ferramentas para formas menos vulneráveis.
    Att.Ivana Maria.

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  4. Meu caro Attico,

    há alguns eu entrava numa discussão sobre o poder do Google no futuro. Existindo uma terceira guerra mundial, o Google será uma das ferramentas mais valiosas, por conter tantos dados de tantas pessoas.

    Com um pouco de curiosidade, conheceremos muito mais ferramentas, com alcance inimaginável a pouco tempo. Conheces o Google Latitude? Essa interessante ferramenta localiza o indivíduo frente a um grupo de amigos, em relação a suas coordenadas em tempo real. Se buscares em celulares com Android o que há por perto, poderás descobrir endereços de pessoas que nem sonham que essas informações estão disponíveis.
    Qual será a próxima novidade?

    Abraços,

    PAULO MARCELO PONTES

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  5. Caro Chassot,

    como vivemos numa sociedade com respeito aos direitos individuais da pessoa, esses dados não causam receios maiores. Caso a situação política e social se altere radicalmente, como a história é testemunha, esses dados comporão nossa 'identidade'. Tudo que colocamos na 'nuvem' não se apaga. Estará disponível a qualquer ocupante de plantão do poder, mesmo que essa seja uma entidade globalizada. Nossa forma de ser, de fazer, de pensar, de planejar estará disponível e sem restrições. Não há como fugir ao "big Brother", mas a dimensão disso é impactante.

    Um abraço,

    Garin

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  6. Adorei este espaço: "vim de curiosa", decidi seguir. Aprecio pessoas que partilham conhecimentos em "forma" de comentários, historietas: para quaisquer "meros mortais".
    Muito legal!
    Att.
    Maria Cristina

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  7. Estimada colega Maria Cristina,
    benvinda a este blogue. Vi que temos muito em comum. Talvez um destaque: paixão pela docência. Em termos objetivo o Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisinos, onde fiz uma etapa significativa de minha história.
    Como não deixaste o endereço deixo meus comentários no teu blogue que apreciei.
    Um afago do

    attico chassot

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