terça-feira, 25 de outubro de 2011

25.- Para uma sonhada PAZ no Oriente Médio

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1909

À apresentação do que é título, permito-me uma breve reflexão preambular. ¿Por que a cada dia edito uma edição deste blogue? Muito provavelmente para responder a expectativas de mais 150 leitores diários, dos quais 10% do exterior. Tenho uma pretensão: fazer, em uma dimensão muito ampla, alfabetização cientifica. Mais: conhecimentos para, não apenas ler o mundo que vivemos, mas contribuir que as transformações que cada uma e cada um fazemos seja para melhorar o Planeta. Claro que isso é muito mais amplo que conhecer a Ciência, tida como uma linguagem para lermos o mundo natural.

Ter edições diárias me obriga, até pelos muitos outros fazeres enquanto pesquisador e professor que vive o cotidiano da sala de aula na graduação, na pós-graduação e na Universidade do Adulto Maior, a trazer textos de outros.

Isto é feito em duas dimensões: a primeira já referida: ajudar-me a cumprir a tarefa da blogada de cada dia a outra oferecer alguns textos, nem sempre acessível a meus leitores.

Nesta segunda dimensão trago um texto que me impressionou fortemente na Folha de S. Paulo. Há quantos anos ouvimos falar em Paz no Oriente Médio! Sabemos do grande impasse: um Estado palestino. Sim um país independente, como Israel é o Estado judeu desde 1948. Leiam a lucidez do texto de Jaime Pinsky – historiador, professor titular da Unicamp e diretor da Editora Contexto – destacando quanto direitos históricos não devem ser alegados: não há consenso sobre quanto tempo a terra precisa ser habitada para que passe a pertencer a um povo.

Desejo a cada uma e cada um que na leitura da proposta vislumbre algo que possa ser feito pela paz no Oriente Médio.

Continuar acreditando em uma paz estável e duradoura no Oriente Médio pode parecer ainda mais ingênuo que acreditar em Papai Noel. Pode, mas não é: o passar dos anos só reforça a convicção de que a paz entre israelenses e palestinos é não apenas viável, mas inevitável.
Não há outra solução para o conflito: a vitória de qualquer dos lados envolvidos não é possível, a não ser que ocorra um inconcebível massacre de proporções diluvianas.
Assim, a única solução será um acordo de paz entre as partes, mediado pela ONU, pelos EUA, pela União Europeia ou até pelo Brasil.
Já que pode nos caber papel relevante nesse palco, convém pensar em uma atuação eficiente, decisiva, não voltada para o aplauso fácil da plateia. É o caso, pois, de tentar listar os pontos sobre os quais um acordo de paz poderia ser fechado:
1 - Nenhuma das duas nações deve reivindicar seu direito a territórios com base no direito divino.
Até prova em contrário, divindades manifestam-se de modo diferente para diferentes seguidores, mesmo quando as partes cultuam o mesmo Deus. De resto, verdades divinas são, por definição, inquestionáveis (deuses costumam ficar irascíveis quando contrariados) e se manifestam como dogmas de fé, não como pontos para um debate.
2 - Nenhuma das duas nações deve alegar direitos históricos sobre territórios. Não há consenso sobre quanto tempo uma terra precisa ser habitada para passar a pertencer, em definitivo, a um povo. Fica difícil também estabelecer o período que um povo pode ficar sem aparecer em um território e continuar tendo a propriedade moral e material sobre ele.
Por outro lado, também é complicado determinar se uma nação tem direito a um território não reivindicado durante séculos.
O melhor, portanto, é dar como certo que palestinos e israelenses possuem, ambos, direitos sobre um pedaço daquela nesga de terra. E que eles devem entrar em acordo sobre como dividi-la melhor.
3 - Chega de hipocrisia: israelenses (inclusive os de direita) devem reconhecer a existência de um Estado palestino e estes (inclusive o Hamas) devem aceitar o fato de o Estado de Israel existir.
4 - Os líderes devem parar de envenenar os povos um contra o outro. Que tiranos da região finjam ter pena dos palestinos e demonizem os israelenses para unir seus povos contra um suposto inimigo externo (Israel) entende-se perfeitamente, embora se lastime.
Mas que líderes de povos vizinhos (israelenses e palestinos), com muito em comum, incitem os jovens de seus povos contra o "demônio" sionista ou os "terroristas" palestinos é difícil de aceitar.
Assim, preliminarmente, israelenses e palestinos devem assinar um compromisso de começar a tratar "o outro" com respeito e com dignidade.
5 - Israel deve cessar, imediatamente, de construir na Cisjordânia. Quando houver um acordo de paz, pode ser que parte do território israelense seja cedida aos palestinos em troca de terras ocupadas e colonizadas. Essa virtualidade não pode ser entendida, contudo, como uma licença para construir no terreno do vizinho.
Depois, é resolver o resto. Ah, e a questão de Jerusalém? Sem mísseis disparados sobre os israelenses, sem revistas humilhantes para os palestinos, haverá atmosfera para acertar todo o resto, como dividir ou não Jerusalém.
É uma falácia a ideia de que a coexistência em uma cidade dividida é impraticável: é muito mais fácil dividir a capital entre amigos do que um vasto território entre inimigos. Jerusalém não perderia seu encanto e potencializaria sua capacidade de atrair peregrinos e outros turistas se sediasse os dois governos.
Muitos já ganharam o Nobel pelos esforços feitos pela paz no Oriente Médio. É chegada a hora de os povos ganharem a paz.

3 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Essa disputa entre israelenses e palestinos não pode ser resumida em duas linhas. A questão não apresenta solução fácil, mas se houver boa vontade teremos duas pátrias convivendo em harmonia num futuro longínquo. Vou passar por email para você matéria que escrevi sobre o assunto em 2006. Abraços, JAIR.

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  2. Bom dia, Mestre!
    Eu concordo inteiramente com os argumentos do Sr. Jaime Pinsky.
    Esses fatos são claros e visíveis para qualquer pessoa, exceto pelas partes envolvidas, influenciadas por lideranças fanáticas e mesquinhas que realmente não querem a paz, pois se beneficiam deste estado de coisas!
    Os argumentos são claros e irrefutáveis.
    O difícil será forçar os líderes belicosos a um acordo, quando eles não querem!
    Abraços!

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  3. Caro Chassot,

    mais que um compromisso com os leitores é uma questão de saúde. Se não fazes uma postagem, nalgum dia, a gente irá te telefonar para saber como estás, como está a tua saúde etc. Já nos consideramos, os leitores, partes da tua família.

    Um abraço,

    Garin

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