quinta-feira, 20 de outubro de 2011

20.- Também, sobre uma jornada museológica

Ano 6

RIO GRANDE

Edição 1904

Nesta quinta-feira, não sem emoções participo da inauguração do 32º Encontro de Debates sobre o Ensino de Química (EDEQ). Mesmo que ontem à tarde houvesse um sumarento aperitivo: uma jornada museológica, que comento adiante, será com a Conferência de aberturaO Ensino da Química no Ano Internacional da Química” que oficialmente será inaugurada mais uma edição do mais tradicional evento de Educação Química do Brasil: os encontros de gaúchos envolvidos com o ensino de Química. A conferência será proferida pelo prof. Dr. Gerson de Souza Mól (Universidade de Brasília); o Gerson é Diretor de Divisão do Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).

Os Encontros de Debates sobre o Ensino de Química (EDEQs) têm origem com o primeiro EDEQ realizado em 06 de dezembro de 1980 no Instituto de Química da PUCRS, com o apoio da Secretaria Regional da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) que estava sendo criada. Setenta e três professores dos três níveis de ensino reuniram-se para iniciar um processo de discussão, que neste ano atinge sua trigésima primeira edição. Não existe no Brasil muitos os eventos que têm uma séria histórica tão extensa e densa.

Desde lá, os EDEQs vêm sendo realizados anualmente graças ao esforço de professores que têm se engajado na melhoria do ensino de Química. Na sequência, foram sede dos encontros, as seguintes Instituições: UFRGS - Porto Alegre (1981), UFSM - Santa Maria (1982), UPF - Passo Fundo (1983), FURG - Rio Grande (1984), UCS - Caxias do Sul (1985), UCPel - Pelotas (1986), UNIJUÍ - Ijuí (1987), UFSM - Santa Maria (1988), PUCRS - Porto Alegre (1989), UPF - Passo Fundo (1990), ULBRA - Canoas (1992), UFRGS - Porto Alegre (1993), ETLSVC - Novo Hamburgo (1994), FURG - Rio Grande (1995), UNISC - Santa Cruz do Sul (1996), UNIJUÍ - Ijuí (1997), UNICRUZ - Cruz Alta (1998), UFPel - Pelotas (1999), PUCRS - Porto Alegre (2000), UFSM - Santa Maria (2001), UNIVATES - Lajeado (2002), UPF - Passo Fundo (2003), UCS - Caxias do Sul (2004), UNIJUÍ - Ijuí (2005), UNISC - Santa Cruz do Sul (2006), URI - Erechim (2007), ULBRA - Canoas (2008), UNIFRA - Santa Maria (2009) e PUCRS (2010).

Amanhã, entre outras atividades, cabe-me, na fala de encerramento, fazer uma análise dos reflexos destes eventos em trinta e anos de Educação Química no Rio Grande do Sul. Assim sou desafiado a fazer uma mirada nesta história.

Mas nesta edição, que se faz, uma vez mais em um diário de um viajor, queria registra algumas emoções do dia de ontem. Vim a Rio Grande com o Prof. Guy Barcellos. Acompanhou-nos também o senhor Armando avô materno do Guy. Ao chegarmos a cidade, onde estivera há um ano, logo surpreende-me o intenso crescimento da cidade que agora tem cerca de 150 mil habitantes e que em cinco anos, em consequência da expansão do polo de indústrias navais deverá triplicar o número de habitantes.

Fomos direto ao Museu Oceanográfico da FURG, onde fui recebido pelo seu diretor Prof. Lauro Barcellos, reconhecido como o "guardião do litoral sul", pelo extensivo trabalho de monitoramento da praia e resgate de fauna marinha junto da equipe do Centro de Recuperação de animais marinhos, localizado no Museu Oceanográfico. Já era aguardado também por uma equipe de repórteres e cinegrafista da TV FURG para uma entrevista, de mais de meia hora, acerca de minhas discussões acerca da alfabetização científica.

O almoço, um linguado e outros pratos foram na cozinha-restaurante junto ao museu, instalada sobre palafitas no estuário da lagoa. O chef du cuisine foi o prof. Lauro. Participaram um dezena de convidados, onde os conhecimentos de um engenheiro naval, recém transferido de Singapura para Rio Grande enriqueceram a conversa.

Após o almoço conheci o Prof. Eliézer C. Rios, uma das maiores autoridades em conchas marítimas, que aos 90 anos ainda esta estudando e publicando.

À tarde assisti a oficina "Implantação de Museu Escolar" onde o Prof. Guy mostrou uma forma de fazer alfabetização científica construindo um Museu de Ciências com o trabalho de pesquisa e curadoria dos próprios alunos. Esta atividade foi na CCMAR- Centro de convivência dos Meninos do Mar, que funciona no prédio recuperado com muito bom gosto, a partir de um entreposto de peixe abandonado. Ali adolescentes que vivem em situação de risco recebem cursos de agricultura, cabelereiro, camareiro, jardinagem, canto, informática.

Depois fomos de barco à Ilha da Pólvora onde a FURG mantém um Eco-museu, que tem como sede uma casa centenária, que foi visitada por D. Pedro seguinte à época do Império. O museu conta com o apoio do Exército Brasileiro que, juntamente com a Fundação Universidade do Rio Grande, viabilizaram a sua criação.

Está localizado na Ilha da Pólvora, uma das

ilhas do estuário da Laguna dos Patos. Possui 42 hectares de marismas (áreas periodicamente alagadas pela maré) que servem de habitat para várias espécies de aves, roedores, larvas e juvenis de peixes, moluscos e crustáceos.

No Eco-Museu são desenvolvidos diversos trabalhos científicos de graduação e pós-graduação, destacando-se os estudos sobre a vegetação, os crustáceos, as aves e os roedores. Para o traslado entre os museus será de barco, navegando pelo estuário, tive o socorro do prof. Barcelos, que me emprestou uma jaqueta e um gorro para proteger-me do vento muito frio.

Na volta ao continente visitamos o CRAM – Centro de recuperação de Animais Marinhos. Ali, entre os pacientes, a estrela maior é um lobo marinho. Visitamos, então Museu Oceanográfico Prof. Eliezer de Carvalho Rios que mantém uma exposição pública sobre a vida e a dinâmica do ecossistema marinho e sua relação com o meio ambiente, apresentada em painéis, maquetes e diversos equipamentos utilizados em pesquisas oceanográficas. Nestes painéis são apresentadas várias conchas, que fazem parte da coleção de moluscos do museu. Esta coleção, considerada a mais importante da América do Sul, foi organizada pelo diretor fundador do Museu Oceanográfico, o professor Eliézer de Carvalho Rios. Atualmente, o acervo abriga mais de 50 mil lotes e aproximadamente 50% do acervo representa a malacofauna brasileira. Os espécimens são preservados inteiros secos, inteiros em líquidos e partes de espécimens secos (peles, esqueleto, conchas, ossos, crânios, ovos, penas).

Outra visita foi ao Museu Antártico, uma reprodução das primeiras instalações da Estação Antártica Comandante Ferraz. Seu acervo é formado por painéis, fotos, equipamentos sobre a Antártica e alguns objetos utilizados pelos brasileiros, que detalham a história da conquista daquele continente, a dinâmica dos mares e da vida no Polo Sul e o esforço brasileiro em manter uma base em ambiente tão inóspito. Também fazem parte do acervo amostras geológicas e biológicas da Antártica.

Ainda fui recebido no Gabinete do Prof. Lauro, diretor Lauro Barcellos, que é diretor do complexo de museus da FURG e do CCMar. Foi muito prazeiroso conversar com tão renomado cientista.

Quando cheguei ao hotel, já era quase hora de parir para uma janta oferecida aos palestrantes do evento. Foi um momento de grandes reencontros. Amanhã, certamente trarei novos relatos. Até então.

6 comentários:

  1. Caro Chassot,

    percebe-se que foi uma quarta-feira de intenso conhecimento dos fenômenos ligados ao mar. Meus votos de um feliz evento com mais uma importante experiência na divulgação do ensino da Química e das ciências, de forma geral.

    Um abraço,

    Garin

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  2. Caro Chassot,
    Mais uma das etapas de teu périplo a serviço da cultura. Parabéns. Só estive aí em Rio Grande uma vez, contudo trago boas lembranças do Museu Oceanográfico. Um amigo meu, hoje aposentado, foi professor aí na Universidade e tive o imenso prazer de visitá-lo, daí conheci alguma coisa de Rio Grande que é ótima cidade ligada as coisas do mar. Não deixe de visitar a Reserva do Taim que, afinal, não é tão longe assim. Abraços, JAIR.

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  3. Muito estimado colega Garin,
    há sempre um ganho lateral: neste peregrinar pelo ensino das Ciências ganhei este contato com pessoas, animais e cenários ligados ao mar.
    Uma boa quinta-feira

    attico chassot

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  4. Caro Jair,
    Rio Grande, (talvez como Floripa) mostra porque cabe-lhe o apodo: Noiva do Mar. Lamentavelmente não será nesta viagem, que conhecerei a Reserva do Taim, mas encanta-me a sugestão.
    Obrigado pelo prestígio que dás a este bloge,

    attico chassot

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  5. Caro CHASSOT!
    Sou acadêmica do curso de Licenciatura em Química do IF Farroupilha - Campus São Vicente do Sul, e estive presente no 31º EDEQ. Gostaria de dizer que todos os momentos que participei foram enriquecedores, mas que poder estar ao seu lado na visita ao Museu Oceanográfica, Museu da Pólvora e Museu àrtico foi realmente único. Admiro muito sua humildade, pois considero o senhor uma grandiosidade de conhecimento na área da Educação Química. Parabéns, pelos seus 50 anos de Magistério. Obrigada por auxiliar a educação com seu conhecimento.

    Att.
    Fernanda Monteiro Rigue
    Bolsista do Projeto PIBID
    email: fernanda_rigue@hotmail.com

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  6. Muito querida Fernanda,
    obrigado pela companhia em nossa jornada museológica. Estava ótimo e fiquei impressionado com alunas e alunos do IF de S. Vicente do Sul.
    Agradeço também a visita a este blogue. Ele tem edições diárias e busca fazer alfabetização cientifica no seu sentido mais amplo.
    Apareça aqui e divulga entre teus colegas.
    Com estima e admiração

    attico chassot

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