terça-feira, 27 de setembro de 2011

27.- Uma farsa na Câmara dos deputados


Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1881

Foi uma segunda-feira onde muito provavelmente tivemos um pico de visitas (quase duzentas visitas sendo cerca de 10% do exterior, destas a metade de Portugal). Certamente a manchete da chamada: Uma nova concepção para ensinar Ciências exatas, determinou atratividade nos buscadores.

Em mais de cinco anos como editor deste blogue diário, a edição de ontem ofereceu algo inédito: mais um mistério do blogger. Ontem pelas 19h pré-postei a blogada da segunda-feira. Primeiro ela saiu com data de 18 de setembro (daí o comentário do Jair, que respondi pensando que ele estava se referindo aquela edição acerca do desenho no ensino de ciências). Quando tentei corrigir a emenda saiu pior que o soneto. Ela assumiu a data de segunda-feira, mesmo que fosse 20 horas de domingo, com o horário 00:03, que elegera. Isto ocorre quando estou no exterior e me esqueço do fuso. Talvez seja por estar usando um notebook emergencial, no qual a pré-postagem esteja desregulada. Sejam estes nossos mistérios insolúveis.

Já que falei em mistério eis algo insólito, que teve repercussão em várias mídias e que merece espaço aqui, num relato de Josias de Souza, da sucursal de Brasília, da Folha de S. Paulo e publicado no último domingo:

Com dois deputados, comissão aprova 118 projetos na Câmara O portal oficial da Câmara na internet levou ao ar uma ata mentirosa. O documento falseia a lista de presença em uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça.
Anota-se no texto que a comissão reuniu-se às 11h53 de quinta-feira "com a presença" de 34 deputados.
Falso. Havia em plenário duas almas: César Colnago (PSDB-ES) e Luiz Couto (PT-PB). Os outros 32 tinham apenas rubricado a lista.
O regimento da Casa exige o mínimo de 31 deputados para que a CCJ possa deliberar.
Os dois presentes tomaram os seus lugares. O tucano Colnago, na presidência; o petista Couto, no plenário.
Conforme noticiou "O Globo", foram aprovados 118 projetos em três minutos.
A ata, porém, omite a duração da sessão. Limita-se a registrar um resumo do que foi "deliberado".
As proposições foram reunidas em quatro blocos.
Em um, passaram 38 novas concessões para a exploração de emissoras de rádio. Em outro, foram renovadas 65 concessões.
Num terceiro, foram aprovados nove projetos de lei. No derradeiro, referendaram-se acordos internacionais.
Cada bloco correspondeu a uma encenação. Dirigindo-se ao ermo de um plenário reduzido à presença de Couto, Colnago dizia: "Os deputados que forem pela aprovação, a favor da votação, permaneçam como se encontram".
Na primeira fileira, Couto mantinha-se inerte.
E Colnago: "Não havendo quem queira discutir, em votação. Aprovado".
Após três minutos, ele encerrou a sessão. Voltando-se para Couto, que além de deputado é padre, Colnago, que fora auxiliar de sacristia quando menino, fez troça: "Um coroinha com um padre, podia dar o quê?".
Ouvido sobre o teatro, Colnago disse que as matérias eram de consenso e que o regimento da Casa prevê votação simbólica.

Depois de vermos, mais uma vez, como a Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + Senado da República) oferecem repetidos episódios àqueles que defendem a inutilidade do poder legislativo, trago um convite muito especial, enviado por meu colega e amigo Éder Silveira, Doutor em História (UFRGS) e Professor da UFCSPA que esta abaixo. A ele se adita meus votos de uma muito boa terça-feira.


6 comentários:

  1. Caro Chassot,

    também acompanhei essa notícia sobre os 118 projetos em 3 minutos. São fatos assim que afastam os eleitores do processo político em nosso país. Infelizmente, uma democracia conquistada com suor e sangue acaba sendo enxovalhada por irresponsáveis que não têm ideia do seu preço.

    Boa terça-feira!

    Garin

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  2. Caro Chassot,
    Por essa matéria podemos avaliar quanto somos vítimas desse sistema vicioso que só nos vê como meros eleitores que sancionam mandatos de bandidos os quais se dizem "representantes do povo". Viva o povo brasileiro! Abraços indignados, JAIR.

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  3. Muito estimado Garin,
    se infiro corretamente, ações como estas devem ser ‘complicadoras’ quando dás aulas de ética a jovens alunos.
    Não fechemos olhos a escândalos como estes, mas também fruamos esta gostosa primavera,

    attico chassot

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  4. Estimado Jair,
    uno-me a tua indignação: é tudo e é muito acerca de teu comentário

    attico chassot

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  5. Mestre, eu ficaria decepcionado, se realmente esperasse coisa diferente dos políticos atuais!
    Mas, essas pessoas (se se pode assim chama-las) não vieram de outro planeta!
    São os representantes do povo, vindos do seu seio e eleitos por ele!
    No país do "proibido proibir", onde impunidade é a regra mais respeitada e se confunde com o próprio conceito de "democracia", perdemos o direito de nos indignarmos com coisas assim, visto que a maioria parece aprovar, como mostram as pesquisas!
    A todo o momento, os "legítimos representantes do povo" se esmeram em nos esbofetear a cara, para mostrar o quanto somos estúpidos em esperar alguma coisa positiva oriunda de suas ações! Quem denuncia é que é o errado!
    Aguardemos, na nossa passiva conivência, enquanto o país vai sendo desmontado, para ser vendido em pedaços pelos que se julgam donos!
    Abraços!

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  6. Muito prezado Leonel,
    é triste viver desilusões. Ainda mais com os assim chamados ‘representantes do povo’. Hoje a desilusão que temos com os partidos tradyz muito isso.
    Agradeço tua presença sempre atilada,

    attico chassot
    http://mestrechassot.blogspot.com

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