sexta-feira, 29 de julho de 2011

29. Metrô moscovita: uma sinfonia de arte subterrânea



Ano 5

MOSCOU

Edição 1821

17/23 DIARIO Mais um dia da viagem passou e vejo-me aqui como um Pero Vaz de Caminha pós-moderno a narrar para meus leitores sobre terra recém-descoberta por mim. Esta edição pertence a uma vigília significativa: Faço isto quando encerro o ano cinco deste blogue, com a celebração do quinto aniversário inicia-se o ano seis.

Desta quinta-feira, que no Brasil ainda terá algumas horas (aqui em Moscou a madrugada de sexta-feira não é mais criança) poderia trazer dois destaques prosaicos: uma, a chegada, à noite, de uma das malas que se extraviara em nosso voo na quarta-feira (e isso dá uma sensação de alívio); outra, ver, em pouco tempo um termômetro registrar a queda da temperatura de 42ºC para 24ºC devido a uma gostosa chuva que caiu no entardecer sobre a vibrante (e tórrida, no verão) capital russa.

O título desta edição: Metrô moscovita: uma sinfonia de arte subterrânea não é novidade para muitos de meus leitores. Circula na internet, há pelo menos uns quatro anos, uma apresentação que mostra a beleza das estações do metrô de Moscou. Os guias de viagem são unânimes em referir o metrô como um dos ícones da capital russa. Não tenho condições de competir com as fontes antes referidas. Apenas ratifica-las.

Fizemos uma visita e nos maravilhamos. Mas depois de ver uma dezena de maravilhosas estações – e ficáramos apenas na linha central – optamos por abortar a visita. Ou melhor: a transferimos para hoje para melhor fruirmos e então faremos com uma guia que já contratamos. Duas razões determinaram isto: uma, o nosso total analfabetismo em caracteres cirílicos que são usados exclusivamente em todos os monumentos que se fazem estações; outra, a nossa deficiência no conhecimento da história russa do século 20, presente nas obras. Assim hoje à noite, com auxílio da Marina, que fala espanhol e que à tarde nos guiará na visita a Kremlin vamos tentar fruir melhor o Metrô moscovita: uma sinfonia de arte subterrânea. A edição de amanhã, provavelmente, trará mais informações. Hoje, fotos como aperitivo:

Vale um comentário. Meu documento para permissão para estar no país chama-me de ATTИKO ИHACИO ШACCOT. Assim é fácil se imaginar o quanto somos analfabetos onde em todas as informações estão escritas em cirílico e uma locução como esta Будьте Добро пожаловать в Россию queira dizer algo como ‘Seja benvindo a Rússia’.

Embora a criação do alfabeto cirílico, no século 9º, seja tradicionalmente atribuída a dois missionários cristãos bizantinos, Cirilo e Metódio, os estudiosos modernos consideram mais provável que tenha sido criado por Clemente de Ohrid - discípulo dos dois missionários e fundador da Escola Literária de Ohrid, no sudoeste da Macedônia - ou por um grupo de acadêmicos da Escola Literária de Preslav, no noroeste do país.

O alfabeto cirílico teria sido derivado do alfabeto glagolítico e do alfabeto grego, na sua grafia uncial, ainda muito utilizado na época devido à influência bizantina.

Continha inicialmente 43 letras, derivadas de letras e combinações de letras gregas e hebraicas. Posteriormente sofreu modificações, quase sempre com exclusão de letras supérfluas. Na atualidade, o russo moderno conta com 32 letras, tendo sido feitas adaptações, eventualmente com o acréscimo de letras especiais, para línguas não-eslavas, faladas em regiões da antiga União Soviética. O búlgaro e o sérvio têm 30 letras e o ucraniano, 33. Com a entrada da Bulgária na União Europeia, em 1.º de janeiro de 2007, o cirílico tornou-se o terceiro alfabeto oficial da União Europeia.

À noite, por estar na terra do balé fomos assistir Щелкунчик (Shchelkunchik que não nada mais que nossa conhecida peça clássica Quebra-Nozes, um dos três balés que Tchaikovsky compôs.

Já em maio buscávamos um espetáculo no Balé Bolshoi, cuja casa de espetáculo vimos ontem, mas neste mês de julho, como é período de férias, não havia nada programado. Compramos, então, dois ingressos, (que já estavam na recepção do hotel ao chegarmos) no Teatro Nacional da Juventude (adjacente ao Bolshoi). O calor era tanto que havia a venda leques por 100 rublos (= 6 reais) para abanos durante a apresentação. Tivemos um bonito espetáculo onde a história se passa na Europa oriental em meados de 1800. O início da peça acontece durante uma festa de natal na casa do médico que também é prefeito da cidade. Uma árvore de natal enorme enfeita a sala de estar da casa. O médico tem dois filhos, Clara e Fritz. Todos esperam ansiosos a chegada dos convidados, a atmosfera é festiva e agradável.

Dei-me conta então, que certas concessões só nos fazemos no exterior. Parece que nunca assisti espetáculos de balé em Porto Alegre.

Está aqui, um relato de mais um dia desta viagem que amanhã vai realizar um sonho que determinou esta terceira parte: St. Peterburg. Uma boa sexta-feira a todos.

3 comentários:

  1. Ave, Attico!

    Deve ser mesmo esplendorosa tua estadia nas terras russas, de tantos czares, revoluções e figuras que nos são especiais, como Mendeleev, Borodin, Lênin, Gagarin.

    Que tua visita à São Petersburgo que acolheu Dmitri Mendeleev possa lhe ser proveitosa, como têm sido as anteriores.

    Abraços,

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  2. Caro Chassot,

    também fico feliz por reencontrares a mala perdida. O aperitivo das estações de metrô, que nos envia, prenuncia o espetáculo que irás conhecer melhor hoje - são obras magníficas!

    Uma boa viagem a St. Petersburg!

    Garin

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  3. Caro Chassot,
    En relação ao metrô de Moscou, assistia um programa no History Channel que tratava dos abrigos subterrâneos construídos durante a guerra fria paralelos aos túneis do metrô. Parece que os soviéticos, diferentes de seus adversários do ocidente, aproveitaram a estrutura já existente e ampliaram ramais paralelos dotando-os das comidades necessárias para sobrevivência dos líderes do Kremlin em caso de ataque nuclear. Boa estada e aproveite o calor porque aqui o inverno continua. Abraços, JAIR.

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