quarta-feira, 20 de julho de 2011

20.- Da Ilha à Europa

Ano 5

Londres

Edição 1812

08/23 DIARIO Nesta quarta-feira se encerra a primeira etapa desta viagem, quando já transcorreu mais de 1/3. Esta manhã deixo a Ilha. A grande Ilha: a Grã-Bretanha, há uma época não era Europa. Aliás, portugueses e espanhóis também se referiam a ir para Europa, quando iam, por exemplo, à Paris. Na história da Ciência há momentos históricos ilha versus continente. Nas leis dos gases (Boyle e Gay-Lussac dividem paternidade) o mesmo no Cálculo Infinitesimal (Newton e Leibniz) em função da incomunicabilidade ilha e e continente.

Agora as comunicações são instantâneas e não precisa mais esperar uma notícia chegar à / da Europa. Ela ocorre simultaneamente aqui e lá. Vamos de trem.

Também com o transporte de passageiros há modificações. Partiremos de Londres às 8h55 para chegar à gare de Nord em Paris às 12h17min, já com uma hora a mais de fuso. Já no bilhete sou informado que minha responsabilidade de emissão de CO2 nesta viagem é de 35 kg (Se fosse de carro seria 73 kg) e recebo sugestões do que fazer para compensar esta produção.

Vamos pelo Eurotúnel (em inglês Channel Tunnel e em francês Le Tunnel sous la Manche): um túnel ferroviário submarino e subterrâneo de 50,5 km que atravessa o Canal da Mancha ligando a França à Inglaterra. Os britânicos também o chamam coloquialmente de The Chunnel.

Sua construção foi bastante demorada e o início das obras sofreu alguns adiamentos até a sua efetiva inauguração em 1994. É o terceiro maior túnel ferroviário do mundo, ultrapassado pelo Túnel de Seikan que liga as ilhas de Hokkaido e Honshu no Japão e pelo Túnel de base de São Gotardo, em construção na Suíça.

Quando se conhece que em 1802, um engenheiro francês fez uma proposta para a construção de um túnel: os passageiros atravessariam o túnel em carruagens puxadas por cavalos; o caminho seria iluminado por lanternas de óleo e uma ilha a meio do túnel forneceria ar fresco para os cavalos, podemos constatar como os tempos são outros em 200 anos de avanços tecnológicos.

Durante todas estas edições queria ter falado de algo que muito me encanta nesta cidade.

Contar do maravilhoso ‘metrô’ ou do ‘underground’ como aqui é conhecido mereceria uma edição muito especial, pois tudo funciona com previsão fabulosa para facilitar a vida dos passageiros: Aproximadamente 3 milhões por dia, sendo cerca de 3,4 milhões aos fim-de-semanas. Isto significa mais de 1,5 bilião por ano. São 11 linhas, com 270 estações sendo o tempo médio de espera de 3 a 5 minutos. O underground funciona desde 1863 e tem histórias. Na minha atual estação Queenswais há uma escada de 123 degraus que não vi usar. Há velozes elevadores que facilitam o ascenso e descenso. Sonho voltar à Londres para fruí-las e conta-las.

Esta manhã, repeti ontem e fui ao Hyde Park. Agora mais conhecedor da geografia fiz outros caminhos, Tive surpresas o bonito memorial de Diana, a estatua de Ibis e mais. Quando cheguei na minha caminhada desde o hotel ao Natural History Museum a rua estva interrompida. Então algo me seduziu e fiz uma troca. Visitei o V&A. Valeu muito.

Victoria and Albert Museum é talvez o maior museu de artes decorativas e design do mundo, dispondo de uma coleção permanente superior a 4,5 milhões de objetos. Foi fundado em 1852 como museu do Sul de Kensington, e desde essa data o V&A tem crescido e prevê aumentar ainda o espaço atual. As suas coleções mostram 5.000 anos de arte, desde os tempos antigos até ao presente. Nestas, em visto da impossibilidade de ver tudo me dediquei a ‘arte sacra medieval’. Curti a Biblioteca onde computadores estão embutidos em móveis lindos de século 19. O pátio interno também algo que merece a visita.

Ao entardecer, estive uma vez na casa de Joe Harlon e Teresa Smart, que já foi meu endereço em Londres em duas oportunidades. Foi muito bom ouvi-lo contar de sua recente estada no novo ‘Sudão do Sul’ que este blogue homenageou a independência neste dia 10. O Joe ali esteve para ajudar implementar programas sociais, a pedido da ONU, no país que nasce com o triste apodo: “o pais mais pobre do mundo!” O Joe preparou uma janta e continuamos as celebrações iniciadas na última quinta-feira, quando a Teresa preparou uma janta regadas com papos sobre Educação Matemática em Londres e especialmente acerca de Moçambique e da África.

J&T foram comigo a Euston esperar a Gelsa, que voltava de Manchester feliz com sua participação. Depois nos acompanharam ate St. Pankras e daí até Holborn. Foi bom rever estes amigos de mais de 20 anos.

Hoje, começamos uma nova etapa. Com agradecimento pela parceria. Votos de uma boa quinta-feira a cada uma e cada um.

10 comentários:

  1. Caro Chassot,

    entendo como está sendo emocionante para ti, essa viagem - um tour por museus com tempo para ver de verdade. Daqui posso também me emocionar com as narrativas que generosamente compartilhas conosco.
    O que vais fazer para pagar os 35kg de CO2? Quem sabe, ofereces algumas plantas a mais da Morada dos Afagos!

    Votos de uma boa viagem, nesta outra etapa.

    Garin

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  2. Caro Chassot,
    Vejo que teu périplo pelo Velho Mundo está te rendendo dividendos culturais avantajados, e é isso que me fascina. Confesso que quando viajo com minha mulher tenho que dividir o tempo com passeios e compras por shoppings e lojas, os quais não são são do meu agrado mas fazem parte da convivência a dois, de modo que meus trajetos culturais o mais das vezes se veem abreviados. Boa França para vocês, JAIR.

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  3. Meu caro colega Garin,
    quando somos alerdados para diminuir nossa pegada de carbono vemos aqui eles esbanjando a cada dia toneladas de papel em periódico grátis com muitas sobras.
    Um agradecimento desde Paris pelos fotos e pela companhia nas blogadas.
    Com admiração

    attico chassot

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  4. Meu caro Jair,
    é no período que elas ficam fascinadas com as liquidações que sombra tempos para estudos etnográficos como os que contei aqui.
    Um agradecimento desde Paris que continua linda

    attico chassot

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  5. Caro amigo
    Mas o CO2 que precisas pagar é inglês ou francês?
    Do jeito que ilha e continente são avessos à comunicação (também na filosofia)essa questão pode ter relevância... (rssss)
    Se sobrar um tempinho, visite o túmulo do meu xará em Saint Germain des Près. Talvez já saibam indicar em que parte da igreja fica...

    Abs extensivos à Gelsa
    René

    P.S. Compras e shoppings são o pesadelo de todo marido, por isso sou solidário ao Jair.

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  6. Meu caro Renato,
    ilha e continente se desconheceram por exemplo no Iluminismo. Olha como David Hume foi desconhecido aqui.
    As lojas ainda não aprenderam seduzir maridos como tu, Jair (que recebe cópia por ter sido citado) e eu: poderiam ter ‘um estar masculino com revistas e assemelhados'.
    Agora que vou enveredar para pesquisas etnográficas, até não me importo que em Paris ainda tenha liquidações.
    Um agradecimento do
    attico chassot

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  7. CRISTHIANE FLôR escreveu deste JUIZ DE FORA:
    Olá mestre Chassot!
    Tudo bom? Quantas saudades de lhe escrever! Não nos falamos depois do último diálogo de aprendentes, do qual tenho fotos e vídeos para lhe passar. É que o final de semestre aqui praticamente me "engoliu" eheheh, como o faz com todos os que partilham de nossa profissão. Apesar de não postar, acompanhei sua também atribulada jornada daquela semana. Depois, tirei umas férias, para descansar corpo e mente... E com o mínimo de acessos à internet, pois nada de ficar tentada a trabalhar nas férias... Quero colocar para minha vida acadêmica um ritmo que me permita viajar, conhecer novas pessoas e lugares, aprender com isso e com tal aprendizado enriquecer meu trabalho. Como já disse muitas vezes, você me inspira muito! E foi com muita felicidade que ao voltar a acessar a internet hoje, li em seu blog os "diários de bordo" de um viajante que aproveita cada minuto da viagem. Como sabemos, o caminho se faz caminhando eheheh Então, desejo a você e a Gelsa uma viagem maravilhosa, a qual posso acompanhar e a qual posso compartilhar as descobertas a partir de hoje. Um saudoso abraço: Cristhiane Flôr

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  8. Querido Chassot, tem sido uma delícia acompanhar os passeios com esse olhar de curiosidade epistemológica. abraço e sigam boas viagens pra ti e pra Gelsa. Bjs dEla

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  9. Querida e ignota Catarina,
    este escriba que coadujava sua consorte em seus fazeres reconhecidos acadêmicos sabe encantado que és leitora deste blogue.
    Saudações de uma Paris chuvosa
    attico chassot

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  10. Muito querida Cris,
    que bom que passado o sufoco que nos atinge ao final de cada semestre, terei tua companhia em minhas andanças trazidas num diário de viajor.
    Feliz com a companhia
    attico chassot

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