sábado, 18 de junho de 2011

18.- Dia do Químico no 2011-AIQ

Ano 5

Porto Alegre

Edição 1780

Abro anunciado que na edição de ontem, inseri, às 12h05min, a notícia de que a Maria Clara ganhara uma irmãzinha: a nossa sétima neta provavelmente será: Carolina. Ela já tem até foto na adição de ontem.

Esta blogada sabática tem celebrações. Hoje é o ‘Dia do Químico’ e esta edição da data ocorre no Ano Internacional da Química. Em mais de uma oportunidade já comentei aqui o 2011-AIQ. Mesmo que mesmo que mais de uma tenha já referido o quanto, por defender a indisciplinaridade me sinto quase um alienígena na ‘paróquia’ dos químicos, estas efemérides merecem minhas homenagens.

No Brasil, o Dia do Químico é celebrado hoje, porque nesta data, em 1956, foi assinada

pelo presidente Juscelino Kubitschek a Lei N° 2.800 (também conhecida por "Lei Mater dos Químicos") que cria o CFQ : Conselho Federal de Química e os CRQs. Conselhos Regionais de Química. Assim meus colegas químicos e em especial professores de Química recebem minha admiração neste dia.

Quanto a esta data, no ano passado, ao estar em Rondônia, aprendi que naquele Estado o 18 de junho é feriado estadual por ser o Dia do Evangélico. Como tenho leitores em Porto Velho e Ariquemes a eles meu carinho especial, também. A este propósito, em 2010 o presidente Lula sancionou Lei que torna o dia 30 de novembro o Dia Nacional do Evangélico. No entanto, a data não significará mais um feriado no mês de novembro, nem sequer ponto facultativo no Brasil.O Dia do Evangélico já faz parte do calendário oficial brasiliense e é considerada ponto facultativo no Distrito Federal.

Quanto ao Ano Internacional da Química, uma das razões da escolha para esta celebração é

o centenário da outorga do Prêmio Nobel de Química a Maria Slodowska Curie. Ela que já havia sido premiada com o prêmio de Física, junto com o marido Pierre Curie e com Henry Becquerel, em 1903. Outro motivo para a comemoração deste ano internacional é a evocação dos 100 anos que Ernest Rutherford fez uma das constatações mais geniais: a matéria está praticamente toda concentrada no núcleo do átomo e este é fantasticamente pequeno se comparado com o resto do átomo.

Aqui, não resisto àquelas clássicas analogias: o diâmetro atômico é aproximadamente 10 mil vezes maior que o tamanho do núcleo. Se o átomo tivesse o diâmetro do Maracanã, o núcleo teria mais ou menos o tamanho da cabeça de um alfinete. Se juntássemos todos os núcleos dos átomos que compõem o corpo humano, eles não seriam maiores do que um grão de areia.

Os químicos, quando se observa a menor participação das mulheres na Ciência, rebatem essa afirmação dando o destaque que tem Marie Slodowska Curie dentro da história da Ciência. Realmente, uma das mais significativas contribuições da Ciência do século 20 – a estrutura do átomo – tem uma tríade feminina que pode ser considerada como definidora de novos paradigmas para a teoria atômica: Marie Curie, Lise Meitner (não recebeu o Nobel, mas tem o elemento 109 com seu nome) e Maria Goeppert-Mayer. Poder-se-ia contra-argumentar que são apenas três os nomes de mulheres mais destacados na área da física nuclear em meio a uma miríade masculina.

Realmente, não se pode desconsiderar que Madame Curie ostentou, por quase três quartos de

século, uma situação ímpar, não detida por nenhum homem: foi galardoada com dois Prêmios Nobel de Ciência, pois recebeu o Nobel de Física em 1903, juntamente com Pierre Curie e Henri Becquerel (este recebeu a metade do prêmio, enquanto o casal Curie recebeu cada um a quarta parte do valor) e o Nobel de Química em 1911, pela descoberta do Polônio e do Rádio e pela contribuição no avanço da química. A bi-premiação com um Nobel de Ciências se manteve como feito exclusivo de Marie Curie por 61 anos. Em 1935, a filha do casal Curie, Irene, recebeu o Nobel de Química, juntamente com o marido, Frederic Juliot-Curie, pela síntese de elementos artificialmente radioativos.

Vale recordar como Marie Curie, em 1911, perdeu por um voto o acesso à Academia de Ciências da França por ser mulher, por ter uma possível ascendência judia e por ser estrangeira, ainda oriunda de um país periférico. Talvez tenha sido a primeira das três qualidades a mais discriminadora. Mas uma mulher que se alçava com destaque em uma seara masculina precisava ser detida. Quando essa cientista, já viúva, envolveu-se em um caso amoroso com o físico Paul Langevin (1872-1946), que trabalhou com Pierre Curie, chegando independentemente de Einstein, às mesmas conclusões relativas a equivalência massa e energia. Foi o primeiro não britânico a ser admitido no laboratório Cavendish, onde trabalhou com Rutherford. A imprensa sensacionalista explorou a relação amorosa de Langevin e Maria Curie, invadindo a residência desta (uma estrangeira conspurcando a honra da família francesa) para dar publicidade à correspondência íntima, o que não faria certamente se fosse um homem.

Há um excelente filme “Madame Curie”, uma obra-prima estadunidense de 1943, é baseado numa biografia* de Marie Curie escrita pela então jornalista Eva Curie, filha de Pierre e Marie. [A outra filha foi Irene, antes referida: prêmio Nobel de Química, em 1935]. O produtor foi Sidney Franklin para o Estúdio MGM. Roteiro de Paul Osborn, Paul H. Rameau e Aldous Huxley (não creditado) "Madame Curie", realizado por Mervyn LeRoy com Greer Garson no papel de Marie, que aparece como uma mulher brilhante, enamorada da Ciência e Walter Pidgeon como Pierre, no começo com posturas machistas em relação às possibilidades de uma mulher ser cientista, mas que se rende aos encantos e inteligência de Marie. As pesquisas para o isolamento do rádio são muito bem mostradas no filme, produzido nos Estados Unidos, em preto e branco com a duração de 128 min, classificado como um drama biográfico, mesmo com algumas licenças cinematográficas aceitáveis, mesmo que ‘dourem’ alguns fatos históricos. Há uma linda frase que embala a obra cinematográfica: É preciso buscar colocar as pontas dos dedos em uma estrela.

· Desta biografia tenho uma edição encartada com outros cinco romances, em um volume da ‘Biblioteca de Seleções’ numa edição de 1962.

Não foi sem motivos que um dos últimos atos de François Miterrand, ao encerrar seu segundo mandato de sete anos como Presidente da França, resgatando desconsiderações históricas, faz levar ao Pantheón as cinzas de Pierre e Marie Curie. Em 20 de abril de 1995, numa festa que engalanava um dos mais imponentes monumentos de Paris, em cujo frontispício consta “Aux grands hommes, la Patrie reconnaissante", se prestava uma justa homenagem a dois cientistas que foram muito importantes no entorno da virada do século 19 para o 20. Miterrand então destacava que “a cerimônia de hoje tem um caráter particular, pois que entra para o Pantheon a primeira mulher honrada pelos seus próprios méritos”. Assim, mesmo que estivesse previsto que aquele era um local destinado aos grandes homens aos quais se homenageia porque a Pátria está reconhecida, se acolhia, então, uma mulher polonesa mais de 60 anos depois de sua morte. Até 2002 (antes do Euro) a nota de 500 francos, maior valor estampava o casal Curie em uma das faces e na outra seu Laboratório.

Para não dizer que não falei de livros em uma blogada sabatina tenho, além daquele que referi, escrita pela filha Eva, duas biografias: Marie Curie, uma vida de autoria de Susan Quinn [São Paulo: Scipione Cultural, 1997] e Marie Curie de Robert Reid [Barcelona: Salvat, 1984]. Em tempo oportuno farei destes dois livros dica de leitura.

Encerro desejando a cada uma e cada um o melhor sábado e aos meus ‘colegas químicos’ uma merecida celebração. Adito um convite para uma domingueira.


7 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Em primeiro, parabéns pela extensão de seus genes por mais uma geração, que Carolina conduza a herança genética do avô com orgulho e responsabilidade. Depois, parabéns pelo Dia do Químico, embora você já não labute com pipetas, bicos de Bunsen, microscópios e outros instrumentos do dia-a-dia do químico, vale a homenagem pelos tantos anos que formou e deu exemplos a seus alunos. Quanto a livro referido, colocá-lo-ei na minha agenda. Abraços fraternos, JAIR.

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  2. Caro Chassot,

    tua blogada de hoje, conjugada com a adição a de ontem, requerem cumprimentos duplos. Primeiramente pelo anúncio (prenúncio) de mais uma netinha que trará muita alegria e comemoração para esse já sexto avonado. Mesmo te considerando um indisciplinado (Feyerabend), quase alienígena, não deixas de ser um químico e por tanto, PARABÉNS pelo teu dia!

    Votos de um bom saldo sabático.

    Garin

    http://norberto-garin.blogspot.com

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  3. Caro Prof. Chassot,

    Vou seguir a linha dos colegas acima e não posso deixar de te parabenizar pelo 18 de junho. Apesar de sua crença na indisciplina por vezes é bom aceitar o "rótulo" para arrebanhar os "de fato químicos" em suas provocações.

    Embora com atraso, resolvi comentar neste dia pois é adequadamente emblemático.
    Lançamos neste 18 de junho o site de mais uma Semana de Química da Unicamp, chegando a sua décima edição. Sopramos as velinhas ocasionalmente no Ano Internacional da Química, oportunidade perfeita para realizar um grande evento. Gostaria de compartilhar contigo e teus leitores o resultado de mais um ano de esforço de alunos do IQ/Unicamp - www.semanadequimica.com.br

    Ainda, gostaria de deixar uma questão, a qual utilizamos em um móbile construído no teto do corredor principal do IQ: O que baralho tem a ver com Química?
    A resposta será dada esta terça-feira, novamente no corredor do IQ, com uma nova intervenção cênica.

    Estou super ansioso pelo resultado, e adoraria compartilhar a experiência com teus leitores depois.

    Atenciosamente,

    Tiago - aluno IQ/Unicamp

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  4. Boa tarde Professor!
    Mas que notícia maravilhosa!!!
    Mais uma 'Florzinha' pra perfumar o jardim de tua casa!
    ^^!
    Que seja bem vinda a pequena Carolina!
    =]
    Quanto às sugestões referidas sobre MArie, fico no ansioso aguardo!
    O senhor bem sabe o quanto sou fã de carteirinha dela, né!
    hehehe!
    Um ótimo e abençoado início de semana ao senhor e aos seus!

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  5. Meu caro Tiago,
    obrigado por me evocares a Semana da Química da Unicamp onde já tive o privilégio de colaborar. A questão proposta: se cada carta do baralho representasse um elemento químico teríamos como na baralho possibilidades ilimitadas de combinações para formar novas moléculas.
    Seria muito agradável se trouxesses para os leitores deste blogue as experiências que acenas,
    Vou responder no Facebook, pois não deixaste teu endereço.
    A amizade e a admiração do

    attico chassot

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  6. Muito querida Thaiza,
    obrigado por teus comentários e pela homenagem a Carolina.
    Tu como mãe sabes destas emoções.
    Um afago com muita admiração

    attico chassot

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  7. Meu caro Garin e meu caro Jair,
    a abstinência internética que me imponho disciplinarmente em fins de semana fez que cometesse a indelicadeza de não agradecer a vocês dois – comentaristas que fazem meu blogue distinguido – os votos pelo dia do químico e as carinhosas referências a expansão dos dulçores do avonado com a chegada da Carolina quando a primavera estiver por findar.
    Um fraterno agradecimento a um e a outro e obrigado pela pareceria intelectual
    attico chassot

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