quarta-feira, 6 de abril de 2011

06.- Quando os nomes eram de verdade

Porto Alegre * Ano 5 # 1707

Neste semestre letivo já se faz usual, que a blogada de quartas-feiras seja publicada quando recém adentramos do dia de Mercúrio ou que em outra cultura se chama de Mittwoch – meio da semana. Já expliquei a razão: neste semestre, nas terças-feiras, tenho aulas e Conhecimento, Linguagem e Ação Comunicativa até às 22h50min, e ao voltar estou matutando sobre a aula. Este cismar me leva a considerar o que talvez não tenha ficado claro, o que deixou de ser dito [Por que depois de uma aula ou palestra sempre surge – com atraso – uma ‘ideia brilhante’ que foi olvidada?] e também já fico a ruminar a próxima aula.

Nesta noite na hora da rodinha surgiu o dia internacional do Livro Infantil (blogada de segunda-feira) e vimos que a maioria dos alunos pertence a primeira geração que ascende à Universidade. Assim, são eles os formadores de muitos hábitos de leitura. Falamos de bibliotecas pessoais: trouxe o comovente exemplo de Jair Lopes, que está no comentário desta segunda-feira. Lembrei também que este ano o Dia Internacional do Livro cai no sábado de aleluia – 23 de abril, assim uma sugestão: que o coelho traga livros, ao invés de ovos.

Se ontem pareci saudosista, hoje trilho (aqui é verbo e não o trilho do bonde) o mesmo caminho. Valho-me como ontem, também de um cronista da Folha de S. Paulo. Ruy Castro publicou no dia 01, na p. A-2, Marcas de fantasia fazendo evocações lembram um pouco texto de ontem.

Não se trata de voltar ao tempo em que crianças tomavam algo chamado óleo de fígado de bacalhau sem espernear. Ou que os remédios traziam como chancela apenas o sobrenome de seu criador ou fabricante, como o Sal de Uvas Picot, as Pílulas de Vida do Dr. Ross, o Vinho Reconstituinte Silva Araújo, a Loção Cura Caspa Brandão, e isso parecia bastar.
Longe também vai o tempo em que o nome no rótulo já indicava para o que servia o produto: Astringosol (antisséptico bucal), Rugol (pomada para rugas), Odo-ro-no (desodorante), Nicotan (pasta dental para fumantes), Antisardina (creme para a cútis, como se anunciava) ou Lavolho (colírio).
Claro que, às vezes, a pessoa podia se enganar: quem pedisse Pyrex na farmácia, achando que era uma anfetamina, descobria que se tratava de uma fôrma de cozinha, própria para levar ao forno.
O normal era que remédio tivesse nome de remédio - Melhoral, Cibalena, Atroveran, Enteroviofórmio, Colubiazol. E assim foi até há pouco. Mas, ultimamente, os laboratórios adotaram a tática de vender otimismo, ilusão e prazer na marca de fantasia. Os novos remédios - alguns deles, tremendos torpedos- evocam bombom, filme de arte, teatro, até sexo.
Daí que alguns dos antidepressivos mais populares de hoje se chamam Serenata, Città e Exodus. Ou que um antibiótico atenda por Astro. Há também um remédio para a menopausa chamado Aplause. E outro, para dores nevrálgicas, com o nome de Lyrica. Um conhecido anticoncepcional se chama Diane 35. E uma espécie de inalante leva o sugestivo nome de (com todo respeito) Penetro. Deve ser por isso que chamam de marca de fantasia.
Como hoje frequento mais farmácias que botequins, até sem querer sou informado dessas novidades. E, como bom espírito de porco, meu favorito é um remédio para hipertensão chamado Capoten.

14 comentários:

  1. Bom dia Mestre!

    A blogada de hoje podia fazer um apelo... Mais bibliotecas, menos farmácias! rsrsrs

    Primeira semana de aula, eu planejando uma ida semanal à bilioteca. 33 alegres e curiosoas crianças ávidas por dialogarem com os livros! Professoras antigas me questionaram o que faria depois. Disse:nada. Então pra que vir?? Respondi: por prazer mesmo, eles terão muitas leituras obrigatórias na vida escolar, então que agora já descubram o gosto.

    Ah, ainda recordo que minha sugestão de postagem sobre a páscoa foi aceita pelo senhor...

    ResponderExcluir
  2. Marília querida,
    Seduzir as crianças pela leitura deverá diminuir a necessidade de farmácias.
    Estatua experiência com as crianças e de tua atividade de agora: conta onde / quando / como::
    Estou pensando algo para semana que vem sobre a Páscoa.
    Tu tens pistas acerca de que poderia trazer?
    Um afago com saudade
    attico chassot

    ResponderExcluir
  3. sim, atividade de agora, na Escola Vera Cruz, no bairro Glória.

    Nas vesperas do período de Cinzas, comentei pedindo um escrivinho sobre o que une as celebrações dos cristãos e dos judeus...

    ResponderExcluir
  4. Marilia, filósofa muito querida,
    não sabia que estavas aquerenciada de novo na Urbe, e mais na Glória.
    Isso nos faz mais perto de novo.
    Verei se consigo na pauta da semana santa não caçar/cassar coelhos.
    Afagos

    attico chassot

    ResponderExcluir
  5. Bom dia Professor!
    Adorei a idéia da troca dos ovos por livros!
    hehehe!
    Já irei providenciar o do meu filhote e sobrinhos aqui!
    ^^!
    Uma ótima quarta!

    ResponderExcluir
  6. Caro Chassot,

    também tenho este mesmo problema: depois de encerrada a aula, a palestra, o culto, etc. lembro de um argumento/justificativa muito importante. Lamentavelmente o "bonde" já foi...

    Quem sabe pode haver uma intensionalidade oculta para esses esquecimentos (será que dá para acreditar?).

    Fique feliz de ver a Profa. Marília (foi minha aluna) no exercício nobre do magistério: fiquei emocionado!

    Um abraço,

    Garin

    ResponderExcluir
  7. Muito querida Thaiza,
    registro feliz a primeira adesão.
    Façamos chamadas nos blogues. Já pensaste vencermos a Lacta, Garoto, Neugebauer e assemelhados.
    A Ellen há de curtir e teu menino vi aderir
    Afagos com admiração

    attico chassot

    ResponderExcluir
  8. Meu caro Garin,
    ~~ com cópia para a querida Marília ~~
    estas perdidas de ‘bonde’ me deixam encucado. Por que somos traídos pelo inconsciente e não ajudados. O exemplo nota 10 vem depois da ‘benção final’.
    Associo-me a tua vibração pela Marina, a filósofa, que se faz professore.
    Atendamos juntos uma sugestão dela: na semana santa escrevamos em nossos blogue (¿que tal uma edição conjunta?) sobres Páscoa/Pesach.
    Com estima e orgulhoso em te ter como leitor que com teus comentários qualifica este blogue



    attico chassot

    ResponderExcluir
  9. Chassot,
    É sempre com surpresa e prazer que leio teus posts, especialmente quando você descbre um texto como esse do Ruy Castro. Obrigado por nos brindar com essas preciosidades. Abraços, JAIR.

    ResponderExcluir
  10. Caro Chassot,

    o desafio está aceito: vamos trabalhar numa blogada sobre a Páscoa/Pesach. Espero que, de minha parte, possa contribuir (tomara que não atrapalhe).

    Bom resto de quarta-feira para ti.

    Garin

    ResponderExcluir
  11. Muito estimado Jair,
    nossos blogues fazem histórias. Ontem a querida colega Malu narrou as mútuas visitações. Teu oferecimento de texto para o dia do livro – aqui publicamente aceito – faz trazer dois excertos da blogada de hoje:
    o comovente exemplo de Jair Lopes e este ano o Dia Internacional do Livro cai no sábado de aleluia – 23 de abril, assim uma sugestão: que o coelho traga livros, ao invés de ovos.
    Com continuada admiração

    attico chassot

    ResponderExcluir
  12. Valeu querido colega Garin,
    já prelibo nossa ‘semana santa’
    Amanhã vemo-nos ao vivo;
    Até então
    attico chassot

    ResponderExcluir
  13. Querido Mestre, só tu mesmo pra me fazer lembrar da Emulsão de Scott - Arghhhh. Chego a senti o gosto. E isso me faz lembrar um velho jingle: "Magnésia leitosa de Rolando Argel. Magnésia Leitosa já vem com papel" rsrsrsrs

    ResponderExcluir
  14. Muito querida e lembrada Rejane,
    realmente estes reclames fazem saudades.
    Não sei se viste ontem a blogada acerca da propaganda nos bondes?
    Agradeço colocares no teu Facebook chamada para o blogue do Professor Garin e para o meu.
    Tê-la como leitora aumenta a saudade de uma memorável turma de Filosofia no Centro Universitário Metodista do IPA.
    Um afago do
    attico chassot

    ResponderExcluir