sábado, 26 de fevereiro de 2011

26.- Guerrilheiros da intolerância


Porto Alegre * Ano 5 # 1668

Sobre meu périplo da semana que se encerrou ontem às 14h com a chegada em Porto Alegre vale um comentário da manhã de ontem. Mesmo que sejam emoções não equiparáveis, não sei o que fruí mais: a visita à germânica e pitoresca Pomerode ou fazer-me, com o colega e amigo Celso Kramer, um filosofo peripatético pós-moderno. É saboroso conversar com um estudioso.

Por de vez em vez se aditarem novos leitores a este blogue, repito que aos sábados, aqui há quase três anos, trago dicas da leitura. Estas usualmente, livros que estou lendo.

Já perguntei aqui, porque relemos livros, mesmo quanto temos pilhas esperando uma primeira leitura. Uma leitora respondeu: queremos repetir um encontro que foi bom. Nas duas ultimas semanas, com intensidade reli um livro. Estava na rede, mirando as lombadas de meus livros – curto fazer isso – e atraiu-me um livro precioso.

Ele se faz querido pela dedicatória – adereço que faz muitos de meus livros mais valiosos – aposta por Ricardo Gauche, um dos ícones da Educação Química da Universidade de Brasília: Ao amigo Chassot, um verdadeiro guerrilheiro contra a intolerância acadêmica, educacional e social, esperando que lhe seja útil para compreender por é denominado “ALQUIMISTA DA EDUCAÇÃO”. Jesus. O verdadeiro Mestre da Educação, ilumine seus caminhos, e o sustente nos momentos difíceis! Um forte abraço! Ricardo, o eterno admirador e servo e servo infiel. 21/10/97

Está mais que justificada a dica de hoje.

MIRANDA, Hermínio Corrêa de. Guerrilheiros da intolerância. Série: Mecanismos Secretos da História Niterói: Publicações Lachâtre, 1997, 256 p. ISBN 85-86081-24-8 Preço: esgotado, mas disponível por preço acessível em vários sebos.

O autor é Hermínio Corrêa de Miranda (Volta Redonda, 5 de janeiro de 1920) é um dos principais pesquisadores e escritores espíritas da atualidade. Habitualmente assina Herminio C. Miranda. Formou-se em ciências contábeis, tendo trabalhado na Companhia Siderúrgica Nacional até se aposentar.

Autor de cerca de 40 livros, dentre eles, diversos clássicos obrigatórios da biblioteca espírita, como Diálogo com as sombras, Diversidade dos carismas e Nossos filhos são espíritos.

Na pesquisa psíquica, o autor não é apenas um escriba, como se intitula, mas experimentado magnetizador. Dialogando por décadas com espíritos, suas obras relatam vivências, fatos e fenômenos reais. Seu primeiro livro, Diálogo com as Sombras, foi publicado em 1976. Seus direitos autorais foram sempre cedidos a instituições filantrópicas.

Em Guerrilheiros da intolerância, que não é um livro psicografado, como escrevi em outros textos e sim fruto de intensa pesquisa bibliografada do autor. No excelente texto, profusa documentado, destaca-se a história de Annie Besant, uma das grandes místicas de nossa época, e de duas de suas prováveis encarnações anteriores, como Giordano Bruno, na Itália renascentista, e como a filósofa grega Hipácia, nos séculos 4º e 5º . Um estudo fascinante, desvendando os mecanismos secretos da história, narrado com o estilo simples e a clareza expositiva de Hermínio Miranda.

Annie Wood Besant nasceu em 1847 e casou-se em Hasting, Sussex, com o reverendo Frank Besant, irmão mais novo de Walter Besant. Seu casamento durou seis anos e eles se separaram em 1873. Foi dada a seu marido a custódia permanente de seus dois filhos, Mabel e Arthur. Ela lutou pelas causas que acreditava serem justas, iniciando com a liberdade de pensamento, direitos das mulheres, secularismo (ela era membro líder da Sociedade Nacional Secular, ao lado de Charles Bradlaugh), controle de natalidade – algo considerado, então, obsceno e que os levou a prisão –, socialismo e direito dos trabalhadores.

Sua mais notável vitória neste período foi a greve que ela liderou em 1888 para melhorar a saúde e segurança das trabalhadoras de uma fábrica de fósforos. Durante aquele período a indústria de fósforo era extremamente poderosa, uma vez que a energia elétrica não estava ao alcance de todos e fósforos eram essenciais para acender velas, lampiões de gás etc. A greve de Annie Besant marcou história, pois foi a primeira vez que alguém desafiou com sucesso os fabricantes de fósforos; também foi considerada uma marca de vitória dos primeiros anos do movimento socialista na Inglaterra.

Ao final de sua vida, algo aparentemente paradoxal, aderiu à teosofia – Doutrina religiosa que tem por objeto! a união com a divindade – por influencia como Helena Blavatsky ou Madame Blavatsky (1831-1891), foi uma prolífica escritora, filósofa e teóloga da Rússia, que é destaque no meu livro A Ciência é masculina?

Desejo que o sábado que por estas bandas se faz densamente nublado seja apetecível e com sol ameno àqueles que curtirão a praia. Amanha nos reencontraremos aqui.

4 comentários:

  1. Bom dia, Professor!
    Como sempre, o senhor nos traz mais que educação, nos traz sempre cultura e história!
    Só por dizeres que uma das possíveis encarnações de Annie foi Giordano Bruno, me despertaste curiosidade em ler o livro citado!
    hehehe!
    Uma curiosidade minha agora: todos os livros que o senhor cita, o senhor oss tem em casa?!
    .
    Um sábado abençoado ao senhor e aos seus!
    .

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  2. Muito querida Thaiza,
    curto tuas visitas de fim de semana. Espero que a saúde voltou a ser presença e que a Ellen viva a plenitude dos encantamentos da idade.
    Estou, uma vez mais, muito impressionado com Annie Besant. Ela estará presente na próxima edição do A Ciência é masculina?.
    Minha biblioteca – que curto muito – tem mais de 3 mil livros (suporte papel catalogados).
    Obrigado por tua presença aqui
    attico chassot

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  3. Caríssimo Monge da Esperança,
    Fui surpreendido por sua referência a dedicatória que lhe fiz, ainda no milênio passado...
    É bom saber que sementes germinem, mesmo após certo tempo de recolhimento na terra do coração.
    Com admiração atravessando milênios, um abraço saudoso de gratidão pela lembrança!
    Tudo de bom!
    Do servo nem sempre fiel,
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    Prof. Ricardo Gauche
    Universidade de Brasília * UnB
    Instituto de Química * http://www.unb.br/ppgec/ - http://www.unb.br/iq/lpeq/
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    "Em relação à vida além da vida, o Materialismo só pode oferecer o nada. Portanto, nada pode oferecer." Ricardo Gauche
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  4. Muito querido Ricardo,
    fiquei muito feliz que minha blogada tenha sido objeto de tua leitura e recebido tão fraterno comentário.
    Sou imensamente grato pelos muitos aprendizados que me ofereces,
    Annie Bensant mais uma vez me impressiona muito. Preparo uma nova edição (a quinta) de A Ciência é masculina?. Ela passará a figurar.
    Obrigado pelas parcerias espirituais,

    attico chassot

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