quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

12.- Para matar saudades.

Porto Alegre Ano 5 # 1623

Manhã ainda com noite cerrada. Chove em vários pontos no Rio Grande do Sul. Isso é maravilhoso. Ontem em um pouco mais de meia hora choveu em Porto Alegre mais de 40% da média mensal de janeiro. Aqui na Morada dos Afagos choveu 35 ml/m2.

Mais um registro de ontem. Dei uma entrevista, por uma hora, pelo Skipe ao jornalista Rubem Barros, Editor das Revistas Educação e Escola Pública da Editora Segmento de São Paulo. Foi muito bom falar acerca de perspectivas para um ensino de Ciências na Escola de Educação Básica, mais preocupado em fazer alfabetização científica.

Esta quarta-feira de quase férias é muito especial em termos de encerramento do ano letivo. Reúno, na Morada dos Afagos, meus orientandos e ex-orientandos do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA. A atividade terá dois momentos.

No primeiro a Anna, o Bruno, o Cesar, o Rafael e a Sabrina, que estão elaborando suas dissertações terão uma reunião de estudos conclusiva do 2º semestre de 2010. Receberam um roteiro para apresetarem hoje ‘o mapa da mina’ de sua dissertação – uma tabela – onde devem evidenciar Título // Problema de pesquisa // Questões de pesquisa // Objetivo geral // Objetivos específicos // Hipóteses Conceitos-chaves/indicadores.

No segundo momento, a estes cinco juntam-se a Ana e Sarisa que defenderam suas dissertações em outubro e novembro. Thaíssa, que já tendo entregue a dissertação, defenderá em 17 de fevereiro e Paulo Ricardo que participou como aluno especial do seminário de História e Filosofia da Ciência. Teremos então uma confraternização, quando a Gelsa será anfitriã comigo, para celebrar o encerramento de do 2010 letivo.

Para que se avalie a maior exigência de alguém que migrou de um Programa de Pós-Graduação em Educação para o Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão e Mestrado Acadêmico de Biociências e Reabilitação, os 8 orientandos de 2010/1 estavam assim distribuídos, em relação a seus cursos de origem dos orientandos: Administração de Empresas, um; Educação Física, dois; Enfermagem, um; Pedagogia, um; Psicologia, dois; Terapia ocupacional, um.

Quando adito meus votos de uma muito boa quarta-feira ofereço um texto de J.A.Pinheiro Machado na coluna Anonymus Gourmet no caderno de Gastronomia da Zero Hora da última Sexta-feira. Os que têm data de nascimento na segunda-metade do século passado há de curtir saudades. Vale ler para adoçar a quarta-feira.

O Ano-Novo é um momento raro, nos dias que correm, em que muitos de nós deixam o presente de lado. Nossos olhos e nossos corações se dividem entre os sonhos e os pesadelos do futuro, de um lado, e as ilhas verdejantes da imaginação que estão sempre lá, acolhedoras e saudosas, no passado. As saudades têm o encanto de melhorar a realidade, realçando cores, iluminando sabores e sensações.
Subíamos a Serra, no Aero Willys do pai, para visitar o Dr. Renan, em Caxias. Era uma viagem e tanto: pela estrada velha, mais de três horas de encantamento e expectativa – com parada obrigatória em Morro Reuter. Foi numa excursão a Caxias, do Colégio de Aplicação, que, descendo do ônibus, ficamos sabendo pela Dona Idalina em lágrimas: “Morreu o Presidente Kennedy”. Mais tarde, os olhos azuis intensos da namorada: eram da cor de um céu que, nos anos 60 e 70, não tinha as nuvens negras da dúvida sobre a camada de ozônio, a poluição, a devastação da Amazônia, o colesterol, a violência urbana, o aquecimento global, o fim do petróleo, a superpopulação, os congestionamentos, o desemprego...
Os anos tornaram o sabor do estrogonofe acompanhado por vinho rosé suave (Bernard Taillan?) do Alpen House ou do Vizcaya, na subida da Protásio, muito superior aos patos numerados do Tour d’Argent, em Paris. A nossa turma do Colégio de Aplicação, que se formou em 1967, até hoje se reúne em animados encontros gastronômicos, para lembrar o bonde, os tênis Conga, Grapette e Crush no recreio, Cuba Libre na reunião dançante, leite em garrafa de vidro com tampinha de alumínio, Cibalena, pomada Minâncora para espinhas adolescentes, aparelho de Gillete com lâminas removíveis, secador de cabelos com touca, tampinha de guaraná para fazer distintivo de polícia, carrinho de lomba de rolimã, Bat Masterson, Ted Boy Marino, Repórter Esso, Toppo Giggio, Vigilante Rodoviário, compacto simples e compacto duplo, japona, bomba de Flit, Simca Chambord, Aero-Willys Itamaraty, Kharman Guia, DKW e Vemaguete, Gordini e Dauphine, cera Parquetina, drops Dulcora, Clube do Guri, Grande Rodeio Coringa na Rádio Farroupilha, Pinguinho e Walter Broda, calças de nycron, tergal e brim coringa (todas boca de sino), não é linho mas é linholene, camisas Volta ao Mundo, as gurias usando corpinho (e slack), os guris jogando futebol de tubijera, todos dançando twist e hully gully, cantando Al di lá e balançando com Pata Pata no velho Encouraçado, a turma prafrentex, a juventude transviada, creme Pond’s, Água Velva, pente Flamengo, Nilo Amaro e seus Cantores de Ébano, Papai Sabe Tudo na TV e depois o aviso dos cobertores Parayhba: tá na hora de dormir, não espere mamãe mandar.
E por aí vai... Como diria Paulo Mendes Campos, sou restos de um menino que passou, rastros erradios de um caminho que não vai e nem volta e que circunda a escuridão como os braços de um moinho.

4 comentários:

  1. Mestre Chassot,
    Gostei imensamente de teu blog, parece uma ilha de cultura onde impera mediocridades na blogsfera, parabéns. Aproveito para informar que meus livros "O Tuaregue" e "A fonte e as galinhas" estão disponíveis à venda no saite: https://editora.webstorelw.com.br/

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  2. Estimado Jair Lopes,
    vibrei com tua visita e teu elogio ao meu blogue. Isto é bom para que diariamente busca postar algo.
    Visitei a tua editora e conheci tuas duas obras.
    Estão na minha mira.
    Com agradecimento e admiração
    attico chassot

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  3. Ola Meu caro Mestre Chassot! Me fizestes saudosista por dois motivos na blogada de hoje. {Primeiramente lembrei os tempos compartilhados durante o Mestrado em 2005/2008. Depois pude reviver alguns momentos do insipiente início da inocente (e agora não mais) televisao brasileira. Aliás, o Pinheiro Machado é muito competente neste resgate das décadas de 60 e 70 do nosso século XX. Abraço do JB.

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  4. Meu caro Jairo,
    bem posto teu comentário. O texto nos leva a gostosas viajadas aquilo que é tão distante/tão próximo de nós. Amealhar estas recordações é saudável.
    Obrigado por seres leitor deste blogue
    attico chassot

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