terça-feira, 10 de agosto de 2010

10- terça-feira: dia de deuses bélicos

Porto Alegre Ano 5 # 1468

Madrugada fria (em torno de 6ºC) com cerração que impede pouso e subida de voos em Porto Alegre. Nesta terça-feira cumprimos o nosso hebdomadário iniciado na última quarta-feira. O dia de hoje, em diferentes cosmogonias é marcado pela prestação de homenagens a deuses que presidem guerras.

Diferentemente da segunda-feira, a terça-feira não possui a adesão de tantos idiomas em torno de mesmo nome símbolo; mas parece não restar dúvidas que ela homenageia do planeta Marte. Assim o ‘deus da guerra’ está presente no espanhol, no francês e no italiano: Martes, Mardi, Martedi.

Na terça-feira e nos três dias seguintes, nas línguas saxônicas os deuses do Panteon greco-romano Marte, Mercúrio, Júpiter e Vênus são substituídos, pois correspondem com bastante aproximação em seus atributos e áreas de devoção e proteção, respectivamente aos deuses nórdicos Tiw, Wonden, Thor e Friga. Portanto a nossa terça-feira, em inglês (Tuesday), alemão (Dienstag), iídiche (דינסטיק: dinstik), holandês (dinsdag), dinamarquês (Tirsdag) etc como o dia de Tiw (também referido Tiu) o deus da guerra como é Marte para os romanos e, ainda em japonês a terça-feira é o dia do fogo, ícone da guerra.

A terça-feira, como os outros quatro dias da semana, com denominação: feira, em português, tem essa nominação fortemente marcada na liturgia cristã. Isso vale também para os outros dois: sábado e domingo. Aliás, como já foi referido, o domingo era a primeira feira.

Há pelo menos duas explicações para essa denominação feira. Uma, a mais corrente, que indicava dia que no calendário litúrgico, dia da semana em que não se comemora festa especial, assim os dias que sucediam ao domingo correspondiam a dias de féria. A outra, menos provável, indicavam a sucessão de feiras - na acepção de espaço de venda de mercadorias - que ocorriam em diferentes locais; assim depois da grande feira, ocorria depois da missa de domingo, na praça da matriz principal, durante a semana seguiam-se feiras em outros vilarejos, que tinham os seus dias nomeados com os ordinais: segunda, terça, quarta, quinta e sexta.

Nas terças usualmente não acontecem grandes comemorações e elas não têm chances de se transformar em feriadões, a exceção de uma que não sem razão passou para história como ‘a terça-feira gorda’ ou ‘mardi-grass’ que é outra denominação da festa de carnaval, inclusive em países de fala inglesa, como Estados Unidos ou Austrália, mesmo correspondendo à terça-feira gorda em francês. Esse nome era por demais apropriado, pois era o dia que antecedia o início da quaresma, onde a abstinência de carne se estendia pelos 40 dias seguintes até a Páscoa.

No meu imaginário a terça-feira, às vezes, pouco dada a ser dia festivo, se parece com o belicoso deus Marte (para os gregos Ares) que lhe dá a proteção.

Marte era filho de Júpiter e de Juno. Considerado o deus da guerra sangrenta, ao contrário de sua irmã Minerva, que representa a guerra justa e diplomática. Os dois irmãos tinham uma rixa, que acabou culminando no frente-a-frente de ambos, junto das muralhas de Tróia, cada um dos quais defendendo um dos exércitos. Marte, protetor dos troianos, acabou derrotado.

Marte e Venus, por Sandro Botticelli Marte viveu um intenso amor com Vênus (a Afrodite, para os gregos), e com ela teve um filho, Cupido e uma filha mortal, Harmonia. Este relacionamento não teve um final feliz, pois Vênus era casada com Vulcano que flagrou o adultério de sua esposa e impingiu aos amantes o castigo de ficarem enredados ao leito para que os outros deuses viessem ver os adúlteros.

Ao serem libertados, Vênus esperava que Marte assumisse o seu amor e mesmo expulsos do Olimpo fossem vagar pelos cantos da terra juntos. Porém Marte frustrou a deusa abandonando-a. Vênus, a deusa do Amor, transformando seu amor em ódio, rogou uma praga para que Marte se apaixonasse por todas mulheres que visse, tornando-se assim um deus constantemente apaixonado e agressivo, que tomava as mulheres a força quando estas não cediam à sua sedução.

O povo romano considerava-se descendente daquele deus porque Rómulo era filho de Reia Sílvia ou Ília, princesa de Alba Longa, e Marte. O planeta Marte provavelmente recebeu este nome devido à sua cor vermelha, que por ser a cor do sangue era associado à violência e não ao amor, como foi traduzido na cultura popular com associação às rosas. ]

Recebe ainda dois registros que marcam esta terça-feira, que desejo seja frutuosa para cada uma e cada um.

Para esta arde recebera o convite para posse no Superior Tribunal de Justiça (STJ) do desembargador Paulo de Tarso Sanseverino. Ele é filho do casal José e Maria Tereza Sanseverino que recebeu aqui no dia 5 de julho a minha homenagem de gratidão. Formulo aqui o desejo de êxito da continuação da brilhante carreira do Paulo que aos 51 anos atinge o mais alto posto no Judiciário brasileiro.

Nesta manhã tenho a palestra “O que é fazer Ciência, afinal?” como motivação à Mostra Científica do Colégio Metodista Americano, para alunos e alunas de 8ª série fundamental, 1º e 2º ano do ensino médio.

6 comentários:

  1. Mestre Chassot, sempre é maravilhoso ler relatos mitológicos, mesmo quando se tratam daqueles que já conheço.

    Eu, como protegido por Marte (um dos significados do meu nome, Marcos), fico feliz que tenha sido feita a distinção entre ele e os demais deuses da guerra, como Tyr e Ares.

    Cabe apenas ressalvar uma coisa para aqueles que gostam de mitologia: Ares e Marte, assim como Zeus e Júpiter, Hera e Juno, etc, são sincretismos de uma dada divindade, não necessariamente a mesma divindade. Assim, não são todos os feitos dos mitos dos deuses gregos que se enquadram como feitos dos deuses romanos, mesmo que eles sejam equivalentes.

    Ótimo dia.

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  2. Meu muito querido marciano comentarista,
    sabes que nunca tinha feito a associação de que Marcos era um ‘protegido do Deus Marte’. Busquei em alguns dicionários latinos ‘vinicius’ ou ‘vinitius’ e não achei. Por ouvido, parece-me ser ‘aquele que vem’.
    Pareceu-me muito gostosos os castigos impostos a Marte. Quem não gostaria de ganhá-los.
    Muito grato por teus sempre enriquecedores comentários.
    Un muy bueno Marte
    attico chassot

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  3. Querido Prof Chassot:
    Marte: O Planeta Vermelho!
    Muito interessante seus escritos prof. Conheço pouco de mitologia, mas me interesso pelas belas histórias... E esse planeta é também o favorito dos escritores de ficção científica sendo visto como o mais favorável lugar no Sistema Solar (além da Terra!) para a moradia humana.
    Muito show!
    Abraços,
    Neusa

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  4. Ha! Arrumei meu perfil para me identificar com mais facilidade.
    Bjos

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  5. Muito querida Neusa,
    tu não imaginas como isso que fizeste é facilitador para responder aos comentários. Oxalá (si! Queira Alá) outros queridos comentarista fizessem isso. De muitos devo caçar os endereços.
    Obrigadíssimo
    attico chassot

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  6. Muito querida colega Neusa,
    realmente muito já fizemos ficções com nossos amigos marcianos. Não me havia dado conta disso. Tu, como o Marcos (se dizendo protegido de Marte), realmente enriqueceram a blogada de hoje,
    Votos de uma muito boa noite e que teu dia de Mercúrio seja muito bom.

    attico chassot

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