sexta-feira, 9 de julho de 2010

09.- Mercúrio/Hermes... Deus do Mercado

Porto Alegre Ano 4 # 1436

Manhã fria (em torno de 12ºC) que começa com relampagueares, depois de há dos dias termos tido mais de 30ºC. Sabor de fim de semana. Aos meus leitores paulistas votos de que curtam hoje a celebração da Revolução Constitucionalista, que enseja um feriadão.

Hoje no calendário de cultuação do deus Mercado é a grande vigília. Há abstinência de culto para preparar dois mega-eventos deste fim de semana. Amanhã duas repúblicas – algo mais popular, portanto de menos valor simbólico, até por que é uma disputa de dois perdedores, chamado de desclassificados – disputam os 3º e 4º lugares. Classificações consideradas como consolação. Domingo, são duas monarquias que disputam o cetro máximo. Mesmo que pelo menos uma das bandeiras não tenha, nem de longe, a unanimidade de torcida de totós os reinóis. Os catalães não torcerão pela Espanha e muito menos os bascos. Os galegos, não sei. Os andaluzes, sim. Há certa incongruência: as realezas são perenes e aqui o reinado só dura quatro anos.

Na mitologia romana, Mercúrio (associado ao deus Grego Hermes) era um mensageiro e deus da venda, lucro e comércio. Seu nome é relacionado à palavra latina merx ("mercadoria"; comparado a mercador, comércio etc). Em suas formas mais antigas, ele aparenta ter sido relacionado ao deus Etrusco Turms, mas a maior parte de suas características e mitologia são emprestadas do deus Grego, Hermes. A estátua de Mercúrio é obra do escultor flamengo do século 17, Artus Quellinus, identificado por seu chapéu, bolsa fechada por um fio, caduceu, sandálias aladas, galo e bode (Amsterdam Town Hall, hoje Royal Palace).


Mas independente dos resultados deste fim de semana, desde ontem o Brasil se apossou da copa. Com a eliminação antecipada, se escolheu um sucedâneo. Decreta-se antecipadamente o término da Copa de 2010 e rede Globo organiza uma micareta – carnaval fora de época – e lança a Copa de 2014, com o Presidente da República de rei momo. No encerramento da outra copa, domingo, terá rainha de verdade. Mas a de domingo já era, vale a que foi aberta ontem. Até o logo da copa já é outro e esse é que conta, mesmo sendo grotesco.

Em Porto Alegre e nova copa também teve largada com estardalhaços: começaram as obras com o alargamento de uma rua para dar acesso mais rápido ao estádio. Agora por quatro anos viveremos a operação 2014.

Vale ver o que aconteceu na África do Sul. O balanço final dos custos dos estádios construídos ali para a Copa do Mundo indica que o governo gastou 16,5 bilhões de rands (R$ 3,8 bilhões) com as obras. A quantia ultrapassou dez vezes o valor previsto inicialmente pelo governo, quando a África do Sul ainda era candidata a sediar o Mundial. Na época, em 2003, o valor estimado foi de 1,6 bilhão de rands (R$ 370 milhões), a serem gastos com a construção e a adequação dos seus estádios.

Levantamento do Tesouro Nacional sul-africano, dias antes do início do torneio, já apontava que o gasto real tinha sido dez vezes maior que o esperado. O valor também superou em 98% o que havia sido previsto em um segundo projeto feito para o Mundial, esse divulgado em 2006. Três anos depois da primeira estimativa, o governo havia ajustado sua previsão para 8,3 bilhões de rands (R$ 1,9 bilhão). Gastou quase o dobro.

Dos dez estádios que receberam jogos do Mundial, pelo menos oito custaram mais que o esperado em 2006. A reforma do Ellis Park, de Joanesburgo, por exemplo, custou 400% mais que o previsto. Já a construção do novo e moderno Green Point, da Cidade do Cabo, superou em 175% seu orçamento.

Para o diretor da empresa Stadium Management, Barry Pollen, diferenças entre a previsão e o custo de um estádio são normais. Materiais como cimento e ferro, além de itens como mão de obra e o câmbio, tudo isso varia durante o período da construção e influencia no gasto final. Para Pollen, no entanto, o aumento foi exagerado no caso dos estádios da África do Sul.

Na opinião do empresário, isso ocorreu devido à falta de controle mais severo das obras pelo governo sul-africano, o maior financiador dos investimentos. “Faltou controle”, disse. “As obras atrasaram, tiveram que ser apressadas e acabaram custando mais.” Segundo Pollen, a experiência sul-africana deveria ser observada atentamente pelo Brasil, que sediará a próxima Copa. Para ele, o Brasil já está atrasado em suas obras e corre o risco de arcar com custos extras para receber os jogos do Mundial daqui a quatro anos.

“Os projetos deveriam estar fechados há dois anos, mas há cidades que nem sabem onde vão ocorrer os jogos”, alertou, ao lembrar do exemplo de São Paulo. “Quando as obras começarem, já estarão atrasadas. As empreiteiras, com certeza, cobrarão mais para cumprir o prazo exigido.”

Uma muito boa sexta-feira. Amanhã, aqui é dia dica de leitura. Antecipo que mesma se insere na ‘série mulheres da África’ com Amêndoa: um relato erótico considerado pela autora um brinde à saúde das mulheres árabes. Até então.

4 comentários:

  1. Bom dia, Professor!
    É, como em muitas situações, o Brasil está deixando para a última hora...
    .
    Ansiosa, e curiosa, pela dica de amanhã!
    =]
    .
    Um ótima sexta ao senhor também!

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  2. Querido Chassot,
    Estou escrevendo e corrigindo resumos que serão submetidos ao IV EQBA. O prazo é até 19 de julho. Mas vai dar tudo certo. Estou feliz, pois meus alunos querem apresentar trabalhos e estão lendo e pesquisando muito. Tem um que retrata sobre o papel da mulher na ciência e estamos utilizando suas referências.
    Vou torcer para dar tudo certo na copa de 2014 aqui no nosso Brasil.
    Saudades!

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  3. Thaiza querida,
    aqui entre nós bloguistas: temos que vez ou outra deixar seduções para uma próxima edição.
    Obrigado por seres parceiras no fazer alfabetização científica.

    attico chassot

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  4. Joélia querida,
    quando falas no EQBA , penso gasta-se tanto em futebol é não há apoio para uma passagem para um evento como este.
    Um bom trabalho.
    Saudades

    attico chassot

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