19.- Ainda de luto

Porto Alegre, Ano 4 # 1416

José de Sousa Saramago (Azinhaga, Golegã, 16 de novembro de 1922 — Lanzarote, 18 de junho de 2010) foi um escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português

A este verbete da Wikipédia me permito aditar: ‘Pensador que disse corajosamente muitas das coisas que alguns de nós não dissemos, não apenas por que não pensamos tão profundamente, mas também porque não tivemos/temos aquela que foi uma das marcas maiores do escritor falecido ontem: ousadia”.

Sábado é dia de dica de livro. Hoje é sábado. Hoje é dia de Saramago, porque Saramago é igual a livro. Não há muito a dizer. Quando redigia a edição de ontem e contava de minha viagem de volta de Itumbiara, falava das parábolas de Senhor Deusmar, soube da notícia. Fazia talvez menos de duas horas que Saramago morria na espanhola Lanzarote que ele fez sua, quando Portugal – que hoje o recebe de volta o expatriado – tornou-se difícil para o autor crítico da religião.

Tive, então, uma esterilidade intelectual que não me permitiu continuar escrever. Era difícil imaginar que o escritor polêmico se calara.

Nesse sábado a situação não é muito diferente. Quando na tarde de ontem, numa reunião no Centro Universitário Metodista - IPA. Comentei com alguns colegas, que ainda desconheciam a perda, minha querida Luiza Helena Dalpiaz, disse apenas: ‘Sinto-me órfã pela perda de alguém que ainda pensava neste mundo’. Uma leitora escreveu neste blogue: Todos perdemos un ícono de la literatura en habla portuguesa, pero un pensador universal. Somos sim todos um pouco órfãos. Estamos tristes.

E por isso este blogue faz silêncio hoje.

Um bom sábado– para alguns com a boda real da Princesa Vitória, futura Rainha da Suécia –, este do último fim de semana de outono. Não é sem razão que passava das sete horas e tínhamos aqui uma chuvosa noite escura. Este sábado aditado ao convite de nos lermos, aqui, amanhã.