23*TER* Antes tarde, do que nunca

Porto Alegre Ano 4 # 1328

Pois ontem me passei... Não vou buscar explicações. Talvez até pudesse dizer que desde que voltei da Escandinávia, enquanto a Gelsa ainda está na Europa, tenho procurado postar as edições mais cedo, para que minha privilegiada leitora tenha no seu despertar, quatro horas antes do horário de Brasília, a edição diária deste blogue. Para mim este postar antecipado traz a sensação de ‘comer a merenda antes da hora do recreio’. A propósito, essa expressão era usada em minha infância para comentar nascimentos antes que houvessem decorridos nove meses da data do casamento. Hoje, comentário dessa natureza, é completamente démodé, até porque dentro da aceleração da vida, os jornais na semana passada ‘saudavam’ o lançamento de preservativos para meninos de 12 anos. Ou como dizia a notícia ‘camisinhas para os pintinhos’.

A propósito de ditos de antanho, no meu diário desta segunda-feira registrei outra expressão de minha infância dizendo que ‘queimei o assado’ (= acordar atrasado). Houve na madrugada temporal que trouxe chuva, pela janela, à minha cama. Houve também um terceiro apagão na noite. Fui à Academia atrasado e com o café por tomar na volta. Todavia não sei se esse dito tem o mesmo mofo que o primeiro.

O leitor, que estranha esse preâmbulo e que lê o título desta blogada. Há de perguntar-se que esquecimento quero justificar. Pois, minutos depois de postar a edição de ontem sou alertado que nessa segunda-feira se celebra o DIA MUNDIAL DA ÁGUA. Então ‘o leite estava derramado’! Um blogue que pretende fazer alfabetização científica não poderia omitir-se. Minhas culpas afloraram mais forte quando acessei a página do meu UOL e ela na segunda-feira se tintou de azul, homenageando a data. Aliás, a Folha de S. Paulo, em suporte papel, também tinha todo seu primeiro caderno em azul. Uma manchete de um jornal de circulação nacional de ontem é significativa: ONU: água poluída mata mais que violência no mundo

O Dia Mundial da Água foi criado pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas em 22 de fevereiro de 1993, declarando todo o dia 22 de Março de cada ano como sendo o Dia Mundial das Águas (DMA), para ser observado a partir de 1993, de acordo com as recomendações da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento contidas na Agenda 21.

A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92 ou Rio-92, ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. É um documento que estabeleceu a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais. A Agenda 21 se constitui num poderoso instrumento de reconversão da sociedade industrial rumo a um novo paradigma, que exige a reinterpretação do conceito de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio holístico entre o todo e as partes, promovendo a qualidade, não apenas a quantidade do crescimento.

Desde o lançamento do vários do DMA países foram convidados, como fosse mais apropriado no contexto nacional, a realizar no Dia, atividades concretas que promovam a conscientização pública através de publicações e difusão de documentários e a organização de conferências, mesas redondas, seminários e exposições relacionadas à conservação e desenvolvimento dos recursos hídricos e/ou a implementação das recomendações proposta pela Agenda 21.

A cada ano, agências Nações Unidas produzem propostas com objetivos de

discutir situações e focar a atenção nas necessidades como: Tocar assuntos relacionados a problemas de abastecimento de água potável; aumentar a consciência pública sobre a importância de conservação, preservação e proteção da água, fontes e suprimentos de água potável; aumentar a consciência dos governos, de agências internacionais, organizações não-governamentais e setor privado; participação e cooperação na organização nas celebrações do DMA.

Quase em cada uma de minhas falas tenho dito que parece indiscutível que não tenhamos sabido administrar as conquistas da Ciência. Muito já se lamentou que, em 11 de Setembro de 2001, tenha havido cerca de 3.000 mortes inocente no ataque às torres gêmeas do WTC, atualmente, a cada dia, morrem trinta mil pessoas devido à falta de água potável. É como se houvesse a cada dia os mortos de 10 WTC! Mesmo que os apregoadores dos transgênicos apresentem soluções para a produção de alimentos por menor custo, assistimos o aumento da miséria, com mais homens e mulheres, e especialmente crianças, morrendo de fome. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman refere-se à existência de “resíduos de humanos” e fala no crucial dilema que vive o Planeta diante de um fenômeno novo e sem precedentes que representa uma crise aguda, aonde a “industria do tratamento de resíduos humanos” se encontra sem condições de “efetuar as descargas e sem instrumentos de reciclagem, ao mesmo tempo que a produção desses resíduos não diminui e aumenta rapidamente em volume.” Esse é um outro doloroso e cruento lado da moeda desta Ciência aparentemente triunfadora.

Foi com essas palavras que abri, nesta segunda-feira, meu segundo encontro na Universidade do Adulto Maior. E aqui está, mesmo que tardia, a minha adesão as comemorações do Dia Mundial da Água. Vale registrar que na tarde de ontem desci o “Morro Milenar’ vindo do Centro Universitário Metodista - IPA e ‘estado de graça’ pela sintonia maravilhosa que tive com os 27 participantes da disciplina ‘Processo histórico e antropológico do envelhecimento’, na UAM. Esta sendo para mim das experiências mais gratificante. Hoje uma aluna na alegria de seus 83 anos veio dizer-me ao final o quanto as aulas estão valendo a pena.

Destaco três pontos que tornam gostosamente prenhe agenda desta terça-feira:

1) Esta manhã, ministro uma das três aulas magnas das licenciaturas no Centro Universitário Metodista - IPA. Meus colegas: Prof. Dr. Edgar Zanini Timm, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e de Extensão e Ação Comunitária e Prof. Dr. Jose Clovis de Azevedo - Coordenador de Pesquisa são meus parceiros nessa atividade que me traz gostosos envolvimentos. Não é possível na lembrar o quanto essas aulas eram momentos solenes na Universidade medieval, começando com solene invocação do Espírito Santo. Ao final apensei o convite das três aulas.

2) Ao meio dia almoço com meus quatro filhos. Na próxima sexta-feira não estou em Porto Alegre, assim o trio ABC antecipa o almoço, onde estará a Ana Lúcia, pois nessa semana está por aqui no seu curso de Pós-graduação. Será um momento de gostosa curtição.

3) À noite tenho o terceiro encontro com alunas e alunos da Filosofia, em atividade de preparação às aulas que devem dar em seus estágios. Esse semestre grupo me gratifica muito.

Agora, ao fim e ao cabo, adito um convite para nos lermos, amanhã, aqui.