terça-feira, 5 de janeiro de 2010

05* CADA UM COLHE O QUE PLANTA

Porto Alegre Ano 4 # 1251

A notícia de abertura deste blogue não poderia ser outra hoje. Nasceu a Joana Martins Apolinário. Ela é filha do João e da Rose. A mãe que já mais de uma vez foi assunto aqui é s super-Rose que trabalha com a Gelsa há mais de 11 anos. Já era terça-feira, quando recebemos a confirmação da notícia do nascimento de uma menina saudável com 47,5 cm e 2.725 g. Nossas atenções estavam desde o começo da noite no Hospital Divina Providência. Na vibração da notícia a expectativa que Joana receba e ofereça o melhor de/para cada uma e cada um com quem conviverá.

Se ontem comentava aqui a tragédia de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, hoje é o Rio Grande do Sul que mais uma vez vive conseqüências de intempéries: mortes, desabrigados, alagamentos, rodovias interrompidas, milhares de residências sem energia elétrica são alguns dos resultados das chuvaradas de ontem. Paradoxalmente são chuvas que faltam em outras regiões que estão a determinar racionamentos no Equador, Colômbia, Venezuela.

Ontem, por razões administrativas da Escola que me convidara, a palestra para qual fora convidado, foi transferida para fevereiro. Tal me ensejou uma gostosa oportunidade. Atender convite do meu querido trio Bernardo,

Carla e Maria Antônia e com eles ter um almoço de inauguração do novo ano. As duas fotos registram momentos de então. Numa a Maria Antônia mostra para seu encantado avô materiais escolares que recém adquirira e na outra fruo os prazeres da mesa com meu filho e minha nora.

Nesta terça-feira sirvo-me do texto que recebi de Aron Belinky – aron@ecopress.org.br –consultor especializado em sustentabilidade e responsabilidade social. Ele é coordenador executivo da campanha TicTacTicTac no Brasil e esteve na CoP-15. Para conhecer mais sobre essa organização que é tão atuante na defesa do Planeta ver www.tictactictac.org.br. O texto trazido hoje foi enviado com pedido de divulgação; por isso esse blogue o reproduz.

CADA UM COLHE O QUE PLANTA Aron Belinky, 20/12/2009

Das muitas lições que vão aparecendo conforme assentam a poeira e as emoções levantadas pela CoP15, uma das mais evidentes é a confirmação do ditado que intitula este artigo.

Por exemplo, o caso do Sr. Lars Rasmussen, primeiro-ministro da Dinamarca, que protagonizou alguns dos mais deploráveis lances do espetacular fiasco em que terminou a conferência do clima em Copenhague, CoP15. Há ampla convicção que um dos elementos centrais para tal insucesso foi a postura autoritária e auto-centrada do responsável por presidir um evento dessa importância. Quem ignora as regras do jogo e os processos democráticos estabelecidos por uma comunidade, não pode esperar que este mesmo grupo endosse seus atos e decisões. Quem cultiva acordos em conchavos obscuros não irá colher o respaldo dos que duramente lavram consensos no campo aberto das Nações Unidas.

É nessa evidente morosidade e ineficácia dos processos da ONU que o presidente final da CoP15 procurou justificar sua postura. Para salvar as aparências, preferiu meter-se a montar um acordo rápido entre os atores principais, do que enfrentar o prenunciado vazio de conclusões em Copenhague. Afinal, era isso mesmo que poderia resultar dos dois longos anos de reuniões preparatórias, uma torturante coleção de conversas ocas entre negociadores sem real poder. A bem da verdade, lembre-se que Rasmussen até tentou adiar ou esvaziar a CoP15, avisando que dela não se podia esperar muito, dada a ineficácia do processo preparatório. Foi impedido pela pressão da ciência e da sociedade civil, alertas para o fato de que o clima não espera e o tempo não para: TicTacTicTac. Melhor cair logo na realidade, do que permanecer iludidos.

Vemos aqui dois outros exemplos de plantio e colheita: o dos países-membros da ONU, e o da sociedade civil planetária. No que tange aos primeiros, o que plantaram foi um processo ineficaz, os tais dois anos de preparo, que pouco ou nada prepararam. Burocratas e diplomatas agiram como lavradores irresponsáveis, fingindo que aravam, quando apenas arranhavam a superfície dura de um enorme desafio. Pior fizeram os chefes de Estado e governo, seus pretensos líderes, que fingiam acreditar enquanto seus comandados fingiam que avançavam.

Pior ainda se de fato acreditavam na farsa, ou se nem sequer a ela prestavam atenção, surdos aos gritos da ciência e das precoces vítimas do clima, como se tudo ocorresse com a quietude das geleiras que derretem. Colheram retumbante fracasso. Desmoralização pública, gravada para a posteridade pelos milhões de registros e testemunhos dos dias da CoP15: as duas semanas em que diplomatas irresponsáveis tentaram consertar dois anos de incúria. Dos dois dias em que políticos acuados tentaram, madrugada adentro, resolver problemas que pouco antes desprezaram. Das últimas horas, em que os pseudo-líderes simplesmente fugiram da cena do crime, do plenário que ridiculamente varou a noite para, pelo menos, arrumar a bagunça.

Mas alguém teve boa colheita: as centenas de organizações da sociedade civil, de todos os matizes: ambientais, sociais, religiosas, sindicais, empresariais, profissionais, acadêmicas... Esse diversificado e meio caótico grupo descobriu-se unido como nunca. Articulado como jamais se viu, superando diferenças individuais em prol de um objetivo comum. O mundo não será mais o mesmo, após dezembro de 2009. E a razão para isso é o alerta que, graças a milhões de vozes, fez o tema das mudanças climáticas ser finalmente alçado ao status de emergência global, trazendo consigo as discussões sobre justiça social (agora climática) e o inexistente sistema de governança global. Mesmo subestimada pelo noticiário, todos sentem ser essa a força por trás dos fatos que chegam à superfície da grande imprensa. Lembrando Caetano Veloso, é a gente-estrela, que se espanta à própria explosão. E não vai parar por aqui: está apenas no começo.

Concluindo, e fazendo devida homenagem aos cidadãos e cidadãs do mundo, lembro que houve algo de belo no reino da Dinamarca, como as 100.000 pessoas pacíficas, mas não passivas, marchando pelas ruas geladas no 12 de dezembro. É exceção que confirma a regra do plantio e colheita: mesmo plantando desorganização, desrespeito e brutalidade, os organizadores da CoP15 não colheram a previsível reação violenta. Grata surpresa!

Muitas sementes foram plantadas em Copenhague e no mundo todo. Cumpre agora a todos nós delas zelarmos delas com carinho e cuidado, em nome do merecido futuro que colheremos.

Com votos de uma muito boa terça-feira meus renovados desejos que nesse novo esteja entre nossas muitas metas aliar-nos àquelas e àqueles que lutam para que o Planeta tenha uma vida mais saudável em benefício de todos que o habitam.

10 comentários:

  1. Querido Chassot,
    Mais um ano se foi e estamos juntos novamente em 2010, que será "dez". Estou muito feliz por estar compartilhando contigo esta alegria. O Papai Noel deste ano foi Ítalo que encantou Henrique e os sete sobrinhos que vieram passar o natal conosco.O ano novo brindamos aqui mesmo. Iremos viajar dia 09/01 para Barra Grande-Bahia , um lugar lindo e exuberante. Gostaria que um dia pudesse te levar lá. Depois vamos para Chapada Diamantina outro lugar inesquecivel.
    Desejo a você e a sua família maravilhosa e alegre(nas fotos, é só alegria!!!!!) muitas realizações.
    Saudades.

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  2. Pai

    Estamos muito Contente com o Nascimento da Joana !

    Parabéns Super Rose !

    Obrigado pelo teu carrinho ontem no Almoço

    Bernardo e Familia

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  3. Muito querida Joélia,
    é muito bom estarmos começando mais um ano que muitos desafios e desejos de realizações.
    Que bom que o Henrique, com teus sobrinhos, curtiu o Natal com Papai-Noel.
    Desejo que aproveitem o máximo a Barra Grande e a Chapada Diamantina,
    Obrigado por teus votos a mim e aos meus.
    Um afago com admiração,
    attico chassot

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  4. Muito queridos Bernardo, Carla e Maria Antônia,
    muito obrigado pela manifestação de alegria pelo nascimento da Joana. Esta manha estivemos no Hospital. É uma fofurinha de bebe.
    Muito carinho para este trio querido
    attico

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  5. Mestre Chassot, em um mundo cada vez mais conturbado, é importantíssimo que estejamos dispostos a semear boas intenções para colhermos bons resultados. Ouso dizer que, devido às últimas ações dos governantes mundiais, certo tipo de fertilizante não há de faltar nessa plantação.
    Ótimo dia.

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  6. Meu caro Marcos Vinicius,
    lembro da ‘historinha do beija-flor’. Há que fazermos a nossa parte.
    “Um outro mundo é possível” dissemos e agora repetiremos no Fórum Social Mundial.
    Com estima
    attico chassot

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  7. Meu caro Mestre Chassot! Parabenize em meu nome a ROSE e o JOÃO pelo nascimento da pequena Joana. Imagino aqui também a alegria da Gelsa, que por tabela assume mais uma vez o papel de avó. E você como avô, por que não? Ao contemplar a mesa onde estava voce, o Bernardo e a Carla, senti falta de uma cervejinha gelada, pois o clima atual está muito propício àquela bebida germânica. Abraço do JB

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  8. Professor Chassot, é sempre muito bom acompanhar o nascimento de uma criança.
    Também enfatizo o belo texto que você aqui reproduz. Porém ainda tenho muitas perguntas e dúvidas. E agora com os acontecimentos dos últimos dias estou cada vez mais confuso. As vezes entro numa "neura" e acho que deveriamos começar tudo de novo. Mas claro, isso não é possível. Vejo a COP15 como um marco histórico para as discussões ambientais e planetárias.
    Porém o que vejo muito forte é uma espécie de "desigualdade ambiental" crescendo a cada dia. Isso é preocupante.
    E ainda volto a questão da escola. Penso que essa discussão preciso entrar nas pautas pedagógicas, visando uma prática educativa que promova a consciência, uma ação consciente.
    Resumindo, minha única conclusão é um conjunto de perguntas.
    Abraços, professor, e fica um convite para comparecer na cabana, para um "chima".

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  9. Meu querido amigo Jairo,
    obrigado pelos votos à Rose, ao João e também a Gelsa. Transmitirei a eles.
    Devo dizer que muito me emocionei esta manhã ao contemplar a Joana com menos de 12 horas de vida extra-uterina.
    Quase me quedei genuflexo ante a grandeza da vida.
    Com admiração
    attico chassot

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  10. Muito estimado colega Luís,
    realmente ver um recém nascido nos remete a interrogações acerca da vocação dos humanos que são insondáveis.
    Quanto as tuas interrogações ~~ nem tanto ao céu e nem tanto a terra ~~ lamentavelmente não dá para começas tudo de novo. Vivemos essa angústia a nível micro (quantas vezes já não desejamos refazer a nossa vida pessoal e nem sempre dá para mudar...) e também a nível macro: a Humanidade deveria precisaria refazer algumas caminhadas.
    Fizemos tanto no micro como no macro correções de trajetórias. Que bom quando podem ser audaciosas, mesmo que dolorosas. Vale tentar... Concordo contigo que isso deva fazer parte de nosso fazer pedagógico.
    O convite para conhecer a cabana caiu em solo fértil. Aguarde...
    A admiração e a amizade do
    attico chassot

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