terça-feira, 22 de dezembro de 2009

É tempo de Paz, mas é preciso denunciar!

Porto Alegre Ano 4 # 1237

Seria tempo de só falar em Paz. Mas os anjos foram restritivos. Está seria apenas aos homens de boa vontade. Claro que o escritor sagrado (ou os muitos ‘tradutores’ nesses dois mil anos) não tinha a preocupação de se referir aos homens e às mulheres. Certamente as mulheres estão subentendidas na mensagem celestial. Os excluídos são aqueles que não ‘são de boa vontade’

Pois mesmo intensamente envolvido pelos momentos míticos que esses dias ensejam, opto conscientemente por tornar-me um excluído. Minha mensagem hoje não é de concórdia. Não é possível sentir-se a paz ante uma publicidade, que a imprensa escrita e falada começou difundir a rodo nesses dias pré-natalinos.

Para que não se diga que possa estar agindo com má fé transcrevo na íntegra o anúncio referido. Peço que leiam, se possível, despidos de preconceitos.

Com licença! É assim, com respeito, que nós da Celulose Riograndense nos integramos ao Rio Grande do Sul e aos valores deste povo que ama a sua terra.

Como na natureza, onde os ciclos se sucedem num processo contínuo, iniciamos hoje uma nova fase, dando continuidade a uma história de desafios e conquistas. Um trabalho multiplicador feito por uma empresa gaúcha, de raízes e laços fortes, que traz em sua essência a mais nobre e importante matéria-prima: o respeito.

Assim, pedimos licença a este povo que tem tradição no cultivo da terra e na produção de celulose. Para nós, ser uma grande empresa é muito mais do que ter tecnologia de ponta, exportar toneladas de celulose e ter milhares de hectares plantados. Ser uma grande empresa é entender sobre pessoas, culturas, confiança e amizade. É ser uma empresa que respeita a natureza, a biodiversidade e a troca de conhecimento, colaborando com a atividade econômica do Estado para que todos possam viver melhor.

É por isso que nós, da Celulose Riograndense, estamos orgulhosos em fazer parte deste povo que ama a sua terra, respeita a natureza e trabalha por um desenvolvimento sustentável.

Digam-me se pode haver algo mais vil, cínico e mentiroso. Como se vem apelar para a compreensão de um povo “que ama a sua terra, respeita a natureza e trabalha por um desenvolvimento sustentável quando se anuncia uma empresa que vem para plantar eucaliptos predadores e transformar a madeira em celulose para exportar para os países centrais produzirem papel. Estes não querem poluir suas terras (transformando-as em desertos verdes), consumir suas águas (em processos que necessitam de milhões de toneladas do precioso líquido) e nem tornar seus ares irrespiráveis com poluentes gasosos (que já determinaram judicialmente o fechamento da mesma planta industrial).

Sabem quem é esse lobo que se anuncia chegando travestido em pele de ovelha? Permito que ela mesmo se apresente: A CMPC Celulose Riograndense é uma empresa brasileira e é a

maior fabricante gaúcha de celulose branqueada a partir de fibra curta de eucalipto. Sua Unidade Industrial, localizada em Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre, com capacidade instalada para 450 mil toneladas anuais de celulose de mercado, destinadas à fabricação de papéis de higiene pessoal e papéis especiais de

alto valor agregado. Parte deste volume é destinada à produção própria de 60 mil toneladas anuais de papéis de impressão e escrita, basicamente voltadas ao mercado doméstico. Suas operações florestais atingem 38 municípios do Rio Grande do Sul, com uma base de 212 mil hectares, entre áreas próprias (185 mil hectares) e de terceiros (26 mil hectares do Programa Produtor Florestal).

E vejam quem é a ‘gaúcha’ CMPC: Fundada no ano de 1920, a CMPC, fundada em 1920, é pioneira no Chile na fabricação de celulose e papel. Trata-se de uma das principais empresas na área florestal na América Latina e está presente em mais de 50 países nos cinco continentes.

E agora vejam que a mentirosa Celulose Riograndense é a sucessora ‘física’ da Celulose Borregaard S.A., da Noruega que em 1972 inaugurou planta industrial de Guaíba – hoje a sede da Celulose Riograndense – cujos gases fétidos assolavam Porto Alegre e adjacências. A ‘fedorenta’ como era conhecida, em 1974, foi fechada judicialmente devido suas emanações malcheirosas.

Agora ela volta. Ao seu ‘Com licença!’ a resposta dos gaúchos deveria ser uníssona: Vade retro, poluidora!

Relevem, se nesses dias de Paz, eu pregue a discórdia e me negue a dar licença a um pedido tão asqueroso.

Para amanhã anuncio a publicação dos textos aquinhoados com o presente de natal deste blogue. Até hoje às 24h ainda estão aberta as candidaturas. Uma muito boa terça-feira nesta semana tão prenhe de significados (quase) mágicos, mesmo que envolvida por denúncias.

4 comentários:

  1. Ficou excelente, prof, que bom que ficou aqui no blogspot!
    Meu querido incentivador de sempre, não esqueceu nem do meu aniversário!
    Isso que é padrinho, :)
    Um abraço, querido professor,
    Cris

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  2. Mestre Chassot, suas palavras não erraram o tom. Não vejo palavras melhores para descrever essa ação da CMPC Celulose Riograndense do que "lobos em peles de cordeiro".
    Por um acaso nós abriríamos a porta de nossas casas a um conhecido bandido, portando uma arma na cintura, só por que ele pediu "com licença"? É a mesma situação que temos agora: é um bandido conhecido, querendo minar nossas riquezas minerais e usar extensas quantidades de terra para criar desertos de eucaliptos, sendo que esse espaço poderia ser utilizado na plantação de alimentos. Qual a maior necessidade da população palpérrima no Rio Grande do Sul: papel ou comida?
    Mesmo fazendo coro à indignação dessa blogada de hoje, amenizo meu ânimo e desejo, como sempre, um ótimo dia.

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  3. Estimada Cristiana,
    ~~ natalina aniversariante marcada assim no seu nome ~~
    Obrigado pelo avaliação do ‘novo’ blogue.
    Também nisso tens expertise.
    Feliz aniversário do

    attico chassot

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  4. Muito querido Marcos,
    confesso que tua adesão a denúncia é muito significativa. Sabia que essa seria a tua posição. Mas é confortável não ser voz solitária. Tuas palavras endossam posicionamentos. Poucas vezes desejo que como hoje mais pessoas adiram a essa ‘horripilante’ denúncia.
    Com expectativa,
    attico chassot

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