domingo, 27 de dezembro de 2009

27*Aos vencedores do desafio, loas!

Porto Alegre Ano 4 # 1242

É o último domingo de 2009. Ele se inicia aqui densamente nublado. Choveu um pouco durante a noite. Abro com um registro familiar. Ontem à tarde chegou de Paris o casal Benoît e Daphné Motte. Sãos pais do Benjamin, que desde quarta-feira está com a Júlia entre nós.


As fotos registram dois momentos de ontem. Na primeira, estão os dois casais visitantes durante um agradável fim-de-tarde na Morada dos Afagos. A primeira foto é uma cena de um desses momentos, Foi gostoso ouvir do casal Motte as emoções de sua primeira estada no Brasil, que se fez próximo deles desde 2001, quando começou o namoro da Júlia e do Benjamin. Recordamos nosso estar juntos com eles em diferentes ocasiões, especialmente no memorável casamento da Julia e Benjamin, em 16 de dezembro de

2006, sobre as águas do Sena.

À noite fomos, junto com a Liba, a um restaurante onde nossos hospedes saborearam as carnes que fazem conhecido o Rio Grande do Sul. Há registro fotográfico desse encontro. Nele, algo excepcional. Os visitantes trouxeram para a Liba o suplemento do prestigiado matutino parisiense Le Monde, que este ano encolheu pela primeira vez o ‘Homme de l’annee’, que é, para o jornal, o Presidente Lula. A Liba está

emocionada com a revista, lembrando que o El País de Madrid fez idêntica escolha. Foi também uma noite para guardar na lembrança.

Agora, vivemos já o domingo preguiçosamente inserido no recesso das festas de fim de ano. Logo, dia muito propício para algo ameno (e também para cumprir promessas).

No domingo, dia 06 de dezembro publiquei aqui um texto (com 328 palavras, em 28 linhas) que recebera. A singularidade do mesmo era não conter a letra A.

Ao ensejo do mesmo, ofereci um exemplar de “A Ciência é masculina?” com autógrafo personalizado, a cada um dos 20 primeiros leitores que postarem um comentário consistente, com no mínimo 40 palavras sobre assunto pertinente a este blogue. Abri a possibilidade de poder ser em qualquer idioma corrente entre nós (não vale, por exemplo, em mandarim, tai, polonês...). Quatro leitores aderiram ao desafio e trouxeram textos muito especiais. A blogada de hoje se faz com eles.

No mesmo domingo o leitor Marcos Vinicius Pacheco Bastos – que no próximo dia 15 se gradua em História no Centro Universitário Metodista – IPA, também o comentarista mais assíduo deste blogue – dizia: ‘envio aminha produção textual, com suadas e sofridas 186 palavras’. Eis sua produção:

Eu discordo do texto do blogue de hoje: tecer um texto como esse é, sim, muito difícil. Vendo e lendo, crê-se que é simples. Contudo, exercendo esse modelo de exercício de escritor, certifico-me de como é melindroso o escrever sem o dito símbolo. Posso, sim, escrever o que quiser sem ele, porém, com intempéries, pois mesmo sendo rico e fértil o português, meu conjunto de termos conhecidos - sem o referido e suprimido signo mote desse texto - é pouco extenso.

Existem muitos sinônimos disponíveis, e um bom leitor conhece muitos termos. Contudo, empreendendo esse exercício, percebe-se que é bem menos simples do que se crê. É bem possível suprimir certos dizeres, e muitos devem ser substituídos no momento de escrevê-los. Porém, conforme o texto é escrito, percebe-se que, com esforço, pode-se obter êxito.

Hoje, com o início do evento COP-15, todos nós torcemos pelo sucesso dos nossos membros tupiniquins. Roguemos pelo bom senso dos líderes políticos do mundo, que tem o nosso destino - e o de muitos outros – preso em seus gestos, reflexões, concordes, discordes e, infelizmente, no envolver de seus dedos. Ótimo domingo.

A segunda produção veio, no mesmo dia. Ela é de Matilde Kalil, psicóloga que dirige em Guayaquil a Q-Analysis, a mais respeitada empresa de análises de mercado equatoriana e entre os leitores estrangeiros, a mais presente comentarista deste blogue. Receberá o livro por este texto:

Muy querido Mestre, de quien no diré su homólogo en mi registro lingüístico ni su nombre –por obvios motivos-, pero que con respeto en otro tiempo dirigí mis textos como Profesor. Entretenido y novedoso reto el que hoy su blog nos pone, de difícil pero no imposible composición. Espero cumplir con él y ser entonces feliz de obtener un libro suyo, premio merecido de un precedido esfuerzo.

Que el primer domingo de diciembre culmine lleno de gestos tiernos y de sorprendentes escritos.

Dias depois o leitor Alexandre Rezende Teixeira, professor de Química em Lavras e doutorando em Agroquímica e Agrobioquímica na Universidade Federal de Lavras, sul de Minas Gerais, amealhou o terceiro exemplar com este significativo exercício intelectual:


Quem detém o conhecimento possui o poder. O nosso povo sempre se deixou conduzir pelos opressores, desde os tempos sob o jugo do Império Português, que com o ímpeto de nos oprimir proibiu centros de ensino de difundirem o conhecimento produzido no mundo. Este fenômeno foi seguido pelo seu vizinho ibérico, que juntos com o intuito de infundir seu jugo sob o “Novo Mundo” impediu o conhecimento de ser difundido sem o prévio consentimento do poder opressor. Restringir o conhecimento é um modo horrendo de reprimir o povo e resumir tudo como simples “desejo” dos opressores (hoje pode ser nossos péssimos políticos que com sede por dinheiro, se esquecem dos seus eleitores).

De outro modo, o conhecimento destrói o jugo dos oprimidos e os permite verem o mundo sob um novo foco. O conhecimento é luz que se difunde pelo horizonte e nutre o homem de poder e o converte em um ser melhor, conhecedor do seu meio e de seus direitos e deveres.

Neste último domingo, a leitora Maria Lúcia Lopes, bióloga e professor de Biologia em Curitiba que já colaborou neste blogue na elucidação de plantas de jardim, escreveu

Querido mestre: Pensei ter perdido o tempo de concorrer com seus digníssimos leitores neste gostoso brinquedo de percorrer o cérebro descobrindo termos coerentes com o que se quer dizer, termos esses sem um dos seus tijolos muito freqüentes.

Só com sinônimos e construções de uso pouco comum se consegue escrever coerentemente. Mesmo eu que sobrevivo do ofício de ler textos e livros com o objetivo de difundir o gosto pelo conhecimento me senti um pouco reticente em concorrer.

Conseguirei cumprir o que me propus construir em tempo de competir com outros leitores de seu blog? Espero que sim, só que com um texto bem simples.

Professor, mesmo que este brinquedo insólito só gere o treino do intelecto, sem o recebimento de um prêmio por isso, foi bom concorrer só por eu poder lhe dizer que continuo sempre lendo seus dizeres com muito gosto e que desejo votos de contínuo êxito com seu novo blog! M.L.Lopes.

Assim, nesta vigília onde esperamos 2010, os cumprimentos para o Marcos, Matilde, Alexandre e Maria Lúcia. Nenhum deles pode assinar seu texto – pois todos têm A nos nomes –, para não incorrer em desclassificação.

Aos quatro ganhadores dos regalos natalinos e a cada uma e cada um de meus queridos leitores votos de um domingo marcado pelo recesso das festas. Para amanhã há o convite para um reencontro aqui.

5 comentários:

  1. Mestre Chassot, esse foi um exercício maravilhoso de se fazer. É incrível ver como nosso vocabulário é mais vasto do que imaginamos, e como podemos contruir textos sem uma vogal tão recorrente como a letra "a". Talvez um desafio grande demais seria escrever sem as letras "a" e "s", que são as mais presentes em nosso idioma.
    Ótimo dia.

    ResponderExcluir
  2. Muito estimado Marcos Vinicius,
    ~~ um do quarteto laureado ~~
    primeiro obrigado por vires aqui, em um domingo tão atípico.
    Não sabia que o ESSE é uma letra tão presente no português. Uma sugestão para um futuro desafio.
    Na expectativas que curtas o recesso, votos de um bom saldo de um domingo que por aqui foi/é mormacento.
    Certamente nas plagas viamonenses a temperatura seja mais amena,
    attico chassot

    ResponderExcluir
  3. Querido mestre Chassot, prezados leitores, que delícia foi receber este presente, tão especial, e que me proporcionou importantes e saborosas leituras neste dia de Natal.
    Foi bom ter participado deste "desafio", gostei de saber que foram 2 representates masculinos e 2 femininos, e que ajudei a manter a balança, em termos de gênero, equilibrada!!
    Abraços a todos e todas, desejando um ótimo final de ano e início de 2010, em especial a nosso querido mestre e família!
    Maria Lucia

    ResponderExcluir
  4. Querido mestre Chassot, prezados leitores, que delícia foi receber este presente, tão especial, e que me proporcionou importantes e saborosas leituras neste dia de Natal.
    Foi bom ter participado deste "desafio", gostei de saber que foram 2 representates masculinos e 2 femininos, e que ajudei a manter a balança, em termos de gênero, equilibrada!!
    Abraços a todos e todas, desejando um ótimo final de ano e início de 2010, em especial a nosso querido mestre e família!
    Maria Lucia

    ResponderExcluir
  5. Querida Maria Lúcia,
    vibrei com tua participação e com a qualidade de tua reflexão sem “A”. Obrigado pelo teu entusiasmo e pelos votos aos leitores deste blogue e por aquele destinados a mim e aos meus familiares.
    Podemos dizer, pela nossa singela amostra que este blogue tem, entre se leitores homens e mulheres em mesma proporção.
    Um bom 2010 com muita leitura aqui,
    Um afago com carinho
    attico chassot

    ResponderExcluir