sexta-feira, 18 de abril de 2025

UMA SEMANA-SANTA INESQUECÍVEL

 


ANO

 17

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      EDIÇÃO

       2022

Por primeiro, uma vez mais, agradeço convivermos solidariamente, com problemas técnicos que nos impediu circular na edição passada. Posto este agradecimento é importante trazer, aqui e agora, uma informação: a edição desta Semana Santa é uma cópia da edição da Semana Santa de 2002, que vivemos* durante a estada de pós-doutorado na Espanha. (*o vivemos NÃO é um plural majestático. Quando referir NÓS é a Gelsa e eu com quem, então eu era casado).

Meu imaginário está fortemente povoado pela mais emocionante semana santa de minha vida: aquela, na qual fizemos em 2002 um périplo de sete dias por Córdoba, Granada, Cádiz e Sevilha, durante o período pós-doutoramento em Madri. A Andaluzia era então a realização de nossos desejos turísticos. Aproveitamos então a semana de feriados pascoaes. 

A Andaluzia se estende ao longo do sul da Espanha, tem, além das cidades

antes mencionadas, muitas outras cidades históricas e vilarejos de casas brancas. Há, ainda, na região reservas naturais (Parque Nacional de Doñana), desertos como os da região de Almeria. Há contrastes que são atrações: a Sierra Nevada, com as mais famosas estações de esqui da Europa e as praias da Costa do Sol no Mediterrâneo e também praias no Atlântico, pois na região está o estreito de Gibraltar, que faz a Europa distante da África apenas 13 km. Vale referir que Gibraltar é um território britânico no sul da Espanha. Mas a Espanha tem dois enclaves em Marrocos – Ceuta e Melia – e também dois territórios insulares – as três ilhas Baleares no Mediterrâneo e as sete ilhas Canárias (a 1050 km a sudoeste de Cadiz e a 150km de Marrocos). Os gibraltarenhos se manifestaram em tempos recentes pela sua não anexação a Espanha; há aspirações de independência.

O histórico Guadalquivir, que recordamos de estudos da assim chamada descoberta da América ou dos romances que têm como cenário os exuberantes sete séculos de domínio muçulmano na Península Ibérica, hoje ainda é via uma fluvial muito importante da Andaluzia. É nesta região que se encontra o maior legado da presença árabe no ocidente.

Na Semana Santa da Andaluzia é atração, não apenas para os espanhóis de

outras regiões, mas para turistas de várias partes do mundo. Já há um tempo, elegêramos que aproveitaríamos o recesso acadêmico. Inicialmente, é preciso dizer que se esta nossa decisão foi com uma antecipação de dois meses, foi muito pequena. Hotéis para Semana Santa andaluz se reservam, no mínimo meio ano antes, para se poder ter alguma opção de escolha. Aliás, os hotéis na região, no período, mesmo reservados com antecedência, são muito mais caros do que no resto do ano, como as próprias tabelas dos hotéis indicam. É algo como procurar um hotel em Salvador, na Bahia, para os dias de carnaval.

Nosso programa, a partir das muitas opções de diferentes cidades e por possibilidades de hotéis e conexões ferroviárias, ficou assim definido: iniciaríamos no Domingo de Ramos por Córdoba, na segunda e na terça-feira iríamos a Granada, na quarta-feira a Cádis, para concluirmos, na quinta e na sexta-feira em Sevilha, retornando à Madrid na noite de sábado.
Foram dias prenhes de envolvimento por uma das mais intensas manifestações de culturais dos espanhóis: a religiosidade. Assim aqui estão alguns excertos de um texto bem mais extenso.
Na madrugada de domingo de ramos, 24 de março de 2002, tomávamos o primeiro metrô, para a movimentadíssima Puerta de Atocha, onde às 7h em um Ave, – trem de Alta Velocidade Espanhol–, partíamos cheios de expectativas. Às 10h30min estávamos em Córdoba, uma cidade com cerca de 200 mil habitantes. O perfume das laranjeiras floridas nas ruas logo nos contagiou. Os preparativos nas ruas para a primeira procissão eram intensos.
Uma primeira novidade: haveria uma procissão que iniciaria às 11h e se prolongaria até às 16h e outras cinco durante a tarde; sendo a primeira, partir da 15h30min e as últimas terminariam à 1h da madrugada, ou seja, mais de 13 horas processionais. E vimos que haveria mais 6 procissões programadas para segunda-feira (Lunes Santo); 5 para terça-feira (Martes Santo); 5 para quarta-feira (Miercoles Santo); 6 para quinta-feira (Jueves Santo); 6 para sexta-feira (Viernes Santo) e uma para o Domingo de Páscoa.
As procissões, que ocorrem durante todos os dias da Semana Santa, em todas as cidades e mesmo em pequenos povoados, são centrais nas comemorações destes dias festivos. Tivemos os primeiros contatos com os “nazarenos” ou “penitentes”, que passariam a integrar nossa realidade durante toda a semana. Estes trajam longas túnicas com cíngulos, revestidas por mantos e longos chapéus cônicos – estes chapéus são muito semelhantes àqueles que usavam os submetidos aos tribunais da Inquisição –, vestem uma cobertura sobre o rosto, com apenas dois buracos na altura dos olhos. Estes hábitos ostentam bordados com as insígnias da irmandade. As vestes são de diferentes cores, predominando o preto e o roxo escuro, mas existem aqueles que são brancos, verdes, azuis ou vermelhos, havendo também possibilidades de combinações de cores entre túnica, manto, chapéu e cíngulo. Os nazarenos podem ser homens, mulheres, jovens e até mesmo crianças. As crianças além de nazarenos são chamadas de hebreus. A grande maioria dos participantes de uma procissão, mesmo as crianças, leva grandes velas.
Aprendemos também que cada uma das diferentes procissões (por exemplo, as 35

desta semana em Córdoba) era responsabilidade de uma cofradía ou irmandade, que é uma entidade civil que se reúne de uma maneira sistemática e permanente, com diferentes fins, por exemplo, assistência social. Estas confrarias têm em um único dia do ano, na semana santa, tem seu momento mais importante, com a saída em procissão. Os membros de cada confraria pagam uma contribuição mensal e ainda arcam com as despesas da própria roupa na procissão anual da Semana Santa.
Entre as muitas descobertas em Córdoba, visitamos emocionados uma sinagoga judaica do século 14. Em toda Espanha só restou esta e aquela que se preserva em Toledo. Admiramos também a homenagem que Córdoba presta ao grande Maimónides (1135-1204), um cordovês que foi médico, talmudista e filósofo judeu, que buscou conciliar a filosofia judaica com a filosofia grega, e que teve então muita influência na filosofia judaica, cristã e árabe. Não posso negar que não tenha me emocionado ao posar ao lado de sua estátua.

A reedição da primeira parte da Semana Santa de março de 2002 se estendeu mais do que imaginava! É preciso recordar que esta descrição que fiz até aqui (e também a segunda parte foi redigida em tempo real) Há quase 22 anos a editoração não tinha as facilidades de agora. Meus atenciosos leitores já podem prever qual o assunto da próxima edição. Há destaques a reapresentar.

Não raro, sou criticado por ser por demais igrejeiro em muitos dos temas aqui assuntados. Justifico quando  me refiro que estudo (também) Ciência e Religião. Nesta edição que escrevo acerca do Carnaval (na última terça-feira 04/02 os assuntos vêm a calhar. Eis uma questão: Por que a data do Natal (25 de dezembro) é fixa e a data da Páscoa é móvel (entre 22 de março e 25 de abril)? Torcendo para que esta noite as nuvens  nos permitam contemplar o Plenilúnio. Lua cheia; fase da lua que se define pela sua completa iluminação, sendo possível perceber todo o seu contorno circular. O plenilúnio é uma marca de cada Sexta-feira-Santa.

Uma muito 

FELIZ PÁSCOA a cada uma e cada um.



sexta-feira, 11 de abril de 2025

Por um problema técnico deixa de circular no entardecer desta sexta-feira a segunda blogada aprilina 2025.

 Por um problema técnico deixa de circular no entardecer desta sexta-feira a segunda  blogada aprilina 2025. Superado o impasse voltamos a circular. Agradeço a compressão e apresento desculpas

A imagem que está em 

pinterest-recommendations@ideas.pinterest.com

e deseja uma gratidão.



sexta-feira, 4 de abril de 2025

PARA AQUELAS/AQUELES QUE COMEÇAM A AMAR AS NUVENS

 

ANO

 17

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Livraria virtual

      EDIÇÃO

       2819


Escrevo no dia 1º de abril de 2025 (prenhe de evocações dos tempos em que nós narrávamos, uma fake new, mas logo em seguida nos labelávamos: uma pegadinha de primeiro de abril!). Este ano, parece que ‘o brinquedo de dar trotes nos outros no dia 1º de abril’ teve um decréscimo, chegando a quase zero. O que não significa que alguns usuários das redes sociais sejam mais educados. Talvez, até ocorra o contrário.

Duas evocações se fizeram pressurosas nesse blogar. {Pressurosa: mesmo que: apressada, dedicada, frenética, indecisa, irrequieta…} Tento explicar!

Nesses 17 anos de blogares, cerca da metade do tempo esse blogue foi diário. Houve tempos de edições bissemanais. Nos últimos anos, não sem dificuldades, tenho cumprido a promessa de uma edição semanal, nas sextas-feiras, no início do fim de semana. Minha interrogação mais continuada: como conseguia fazer extensas edições diárias se agora é difícil mantê-las semanais? Não aceito o diagnóstico que eu tenha ficado mais preguiçoso. Talvez, mais seletivo na escrita! Ou mais difícil a existência do fazer físico do escrever. Ora, folhear um livro, digitar uma mensagem no smartphone ou ações similares  parece mais difícil a cada dia.

Parece acertada a evocação creditada a LF Veríssimo: quando éramos pequenos nos davam livros com letras grandes. Agora, quando somos grandes, nos dão livros com letrinhas cada dia menores… 

Agora uma evocação mais remota. Ante a minha não rara aridez intelectual não encontrando assunto para a edição semanal, lembro de uma continuada interrogação trazida, muitas noites por minha mãe: “O que vou cozinhar, amanhã?” Deveria ser uma preocupação pertinente a uma dona-de-casa que tinha — com muito limitadas posses — prover a mesa para o marido e 7 filhos. 

Agora, às vezes, desde sábado à sexta-feira, tal qual minha mãe, me interrogo: acerca do que vou escrever na próxima edição?

Trago, então para cumprir tabela, algumas memórias. Defendo a tese que devemos deixar memórias. Nossos pósteros só nos conhecerão se deixarmos memórias.  Vou ser breve… mas este outono iniciado há não muito, pede um registro: tenho um presente que pode ser surpresa para alguns.

Meu presente aprilino* (aprilino, adjetivo / 1. Relativo ao mês de abril. 2. Fresco, jovem ou viçoso ~Dicionário Priberam) ~~ com uma Semana Santa e com Tiradentes numa segunda-feira ~~,  é apresentar a meus leitores uma sociedade que une os amantes das nuvens.

Acessem ~~ cloudappreciationsociety.org ~~ e conheçam a “Sociedade dos Amantes das Nuvens”. A sociedade para pessoas que amam o céu! Bem-vindos, artistas, cientistas, observadores de nuvens e sonhadores. Vocês vieram ao lugar certo!

Quantas vezes nos surpreendemos vagabundeando nas nuvens ou até somos convidados a ‘abandonar o mundo das nuvens’ e cair na real. Pois eu não sabia que nuvens a tantos agradam. Há não muito as nuvens passaram ser (também) local repositório de nossas produções intelectuais… vez ou outra somos alertados a comprar mais local para armazenar (na nuvem) nossas produções.

Nesse março recém terminado as nuvens (des)agradaram os mais atentos! Talvez, se devesse reconhecer que não são as nuvens que nos (des)agradam: Parece que são os ditos ‘meteorologistas’ que se transmutam em profetas e anunciam o que interpretam nos mapas das nuvens. Anunciam ou melhor fazem previsões para uma ou duas semanas ou mais…

Também nas interpretações que os magos divulgam houve/há uma usual greminação. Eis exemplo: para os gremistas, são percentuais aceitáveis, 52% de gremistas e 48% de colorados. Para os colorados são cerca de 52% colorados e quase 48% de gremistas.

Deixo os números discutíveis das duas maiores torcidas do futebol do Rio Grande do Sul e vamos ver como se dividem nas nuvens. 

Março praticamente não choveu. Houve aqueles que  — quais pregoeiros  — a cada dia, ao olhar um céu azul sem um rasgo de nuvem, choravam as plantações que, com o plantio choravam junto com o plantio. Todavia, outros viam um dia de sol para passar o dia festejando férias. Não é possível não entender os dois: uns têm razões sobejas para chorar; outros há que têm os melhores motivos para celebrações. 

Mas parece que há outra classe de pregoeiros, que se põem a matraquear nas redes em televisões e em redes de emissoras de rádio. A situação é de inexperiência de pregoeiros (escolhidos muitas vezes pela beleza corporal em oposição a conhecimentos meteorológicos) que se põem papaguear previsões para o Brasil inteiro. É fácil prever como as nuvens passam a ser correções para inferir propostas sem bases científicas ou racionais.   

A natureza não tem sido generosa para o Rio Grande do Sul. Vive-se aqui secando um desastre atmosférico e preparando nova cheia. A foto é da capa do jornal Zero Hora do temporal desta segunda-feira em Porto Alegre.

 Aguardemos, por ora, uma nova cheia! Então, parece que tudo melhora. A temperatura, nesta sexta-feira, já passou de quase 40 graus para 7 graus. Isso acompanhado de um minuano,

minuano, substantivo masculino: Vento do sudoeste, seco e frigidíssimo, que se manifesta no inverno, após as chuvas, no sul do Brasil. Dicionário Priberam) que nem cusco coloca focinho na rua.

Ainda não sei o que vou escrever na segunda blogada aprilina 2025. Então já será quase Semana Santa. Um bom assunto para quem é considerado igrejeiro! Então, até mais ler!

 

Eis uma linda amostra de uma nuvem pássaro. Há muitas outras.