Parece significativo inaugurar as edições juninas no Dia
Mundial de Meio Ambiente. A rigor, enquanto brasileiros deveríamos dobrar sinos
a finados.
Hoje completo uma bi-quarentena (2 x 40 dias). Cumpro a
recomendação #fique em casa exorcizada pelo cavaleiro que domingo troteou por Brasília
qual Sancho Pança. Parece que cena fanfarrônica realmente condiz ser ‘um cavaleiro
de triste figura’.
Na última edição comentei minha estreia no mundo das lives.
Narrei então que depois da estreia em Brejo Santo CE em 13 de maio, concluía o mês
com quatro realizações. Para este junho há já agendada dez. A série junina se
iniciou mais uma vez no Ceará, no dia 1º na UECE em Crateús.
Na manhã desta sexta-feira, quando benéfica chuva
fertilizava a terra, uma vivência me foi
obsequiada nestes dias pandêmicos: Desde minha casa dei uma aula para alunos do
sétimo ano do Colégio João 23! Duas grandes emoções então: quando comecei a dar
aula, em 1961, tinha turmas da primeira e segunda série do ginásio, que
equivaleria hoje ao sexto e ao sétimo ano!
A segunda emoção foi voltar ao
colégio onde meus filhos foram alunos. E
eu era pai numa escola fundada em 1964, quando iniciava a ditadura militar. Lembrei
de algumas histórias. A Ana Lúcia ontem perguntou se eu ia contar a história das
caravelas de Cabral. Eu disse que não; houvia me lembrado mais de
uma vez... mas a aula só teria 40 minutos... e não deu para fazer divagações.
Mas os alunos e o Prof. Guy Barcelos, meu querido anfitrião, pediram para eu
voltar...
Completo esta blogada relatando que nesta semana cumpri um
ponto de agenda árduo mas saboroso. Recebera do Prof. Dr. Thiago Henrique
Barnabé Corrêa um distinguido convite para redigir um prelúdio para um livro
acerca do discussões curriculares para o ensino de Ciências da Natureza que
será publicado na Colômbia. Produzi cerca de 10 páginas. Autorizo-me trazer os parágrafos
finais aqui. Se tem discutido os atravessamentos que ocorrem nesses dias pandêmicos.
Pareceu significativo partilhar, aqui e agora, algo (inter)fere nosso
escrevinhar. É o que está a seguir:
Defendo que ao nos aventurarmos no usual sumarento e
enriquecedor binômio escrita ↔ leitura o cenário (ou o ambiente, ou estado de espirito...), tanto do
escritor como do leitor são de influência capital. Não é sem razão que dizemos
que cada leitor de um mesmo livro (ou até um mesmo filme) tem a sua leitura
(diferenciada dos demais leitores). O mesmo vale para quem escreve, se chegando
a fazer das narrativas em diários parceiros de confidências.
Permito-me narrar aqui um fazer intelectual que me encanta: brincar com as palavras. Há não muito trouxe
a este texto uma palavra que não pertence ao cotidiano de nossos falares, também
é infrequente em nossos escrevinhares. Dizia do difícil produzir
intelectualmente em tempos aziagos.
Aqueles que cultivam o saudável hábito de escrever recorrendo a dicionários a
toda hora, muito provavelmente, já brincaram que com a palavra aziago.
Ante a dificuldade de descrever o cenário em que vivo —
estou escrevendo este texto no advento dos primeiros dias juninos deste
bissexto 2020 — , permitam-me brincar com a palavra que encontrei para
descrever para a minha leitora ou para o meu leitor os tempos em que vivo.
Estes podem adjetivados como aziagos
(= Que é de azar ou o faz recear/ De mau agouro) parece descrever bastante bem
os tempos vividos quando da presente escrituração. São tempos de mofino (do
espanhol mohíno). O adjetivo e substantivo mofino
(=Que ou quem mostra tristeza ou infelicidade / estava numa prostração mofina /
estava infeliz; triste) ou me sinto um mofino. (= infeliz, triste). (As dicionarizações deste parágrafo são do Dicionário Priberam
da Língua Portuguesa).
É
muito confortante, em meio a imensa tristeza que nos abate, fazer a partilha
destas emoções: uma imensa tristeza, amofinado, nestes tempos aziagos. Não
tenho pejo em dizer o quanto viver nesta república cívico-militar-teocrática me
é muito desconfortável. Sofro. Minha mente parece se faz estéril.
Vivemos
uma tríplice crise
I) Uma crise pandêmica
que faz a cada uma e a cada um dos habitantes do Planeta Terra, mais ou menos
claudicantes. Uns e outros (pobres ou ricos / crentes ou incréus / negros ou
brancos) manquitolamos, uns muitos ou outros poucos, nestes tempos viróticos.
Talvez, não exista pessoas imune.
II) Uma crise econômica
que atinge muito mais os ricos que os pobres. Estes, mesmo que continuem mais
pobre com a crise, sabem com mais eficiência viver resilientes; aqueles sofrem
muito quando veem seu querido capital se esboroar, vão para as ruas pedir que
os pobres possam trabalhar para salvar seu capital.
III) Uma crise política
que é a pior das três. Temos no (de)governo da nação um presidente genocida. (Manchete de uma das edições semanais de
meu blogue). Só isto seria suficiente para defenestra-lo do Palácio do
Planalto.
Mas temos muito mais do que um presidente sabido, que
mesmo não tendo nenhuma formação acadêmica na área da saúde, sabe mais acerca
de pandemia que a Organização Mundial da Saúde. Temos também um ministro das Relações
Exteriores que é terraplanista. Temos um ministro da Educação que afirma que
não existem povos indígenas. Temos um ministro do Meio Ambiente que alerta que
devemos aproveitar que se está envolvido com as notícias da pandemia e ‘abrir
as porteiras’ às autorizações a mais queimadas. A litania de tudo que temos no
governo que faz o do Brasil uma nação depredadora se estenderia por páginas.
Propus-me
uma utopia. Há duas alternativas. Dentre estas só se pode escolher uma e apenas
uma:
1) Ter na
presidência do Brasil alguém modelo da muito competente chanceler alemã Ângela
Merkel.
2) Ter absoluta
certeza que eu e todas as pessoas com as quais tenho relações de qualquer
natureza sejamos poupados para todo o sempre de todo e qualquer molestar
decorrente da pandemia que ora açoita e vitima o Planeta Terra.
Eu,
muito provavelmente, escolheria a alternativa 1. Assim, não preciso descrever
muito mais acerca do momento histórico que esta protofonia foi gestada.
[...] Mas como se diz: Tudo
passa! Acreditemos nisto. Abeberemo-nos no CURRÍCULO EN CIENCIAS
NATURALES e façamos, cada uma e cada um, sumarenta leitura que há de nos ensejar
tenhamos uma cada vez mais crítica Alfabetização Científica assim ajudarmos
para que tenhamos cidadãs e cidadãos que se envolvam com um Planeta melhor e
mais justo,