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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

11.- Discussão com Dante sobre a Divina Comédia


ANO
 10
A G E N D A 2016 em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3123

Vivemos a primeira edição após este blogue ter chorado a morte do Prof. Dr. Murilo Cruz Leal. Uma das dimensões da querideza do Murilo pode ser atestada, por exemplo, pelo fato de em menos de 24 horas após a publicação da edição passada haver 541 acessos, depois de no dia anterior ter 191; nos três dias seguintes a infausta notícia (sab/dom/seg) houve 1029 acessos, quando nessa época a média cerca de 200 acessos diários. Também no FB houve 125 curtidas, mais de uma dezena de comentários e compartilhamento. De vez em vez, assola-me a sensação de que notícia de 8 de janeiro é  falsa. É algo incrível.

Esta é a última blogada antes de iniciar minha viagem de férias, que será assuntada na edição de quinta, dia 14. A edição de hoje se faz no esteirar daquela da sexta-feira, dia primeiro, que abriu as edições de 2016.
Então comentava a reprodução de uma pintura a óleo, de 2006, pintada pelos artistas chineses Dai Dudu, Li Tiezi e Zhang Na. Lembro que ao clicar (ou copiar para um navegador): http//cliptank.com/ PeopleofInfluencePainting.htm, surge uma versão maior da pintura. Nesta ao passar o cursor do mouse por cima das pessoas ou ícones históricos o programa dirá quem é e o que é cada um deles. Se clicar sobre a pessoa ou ícone, terá sua biografia e história em páginas da Wikipédia. Quando a história aparecer, do lado esquerdo, há a possibilidade de traduzir o texto para vários idiomas (inclusive para o português, da maioria dos personagens).
Aprendi depois daquela edição bastante mais acerca da pintura. Os autores chamaram a obra “Discussão com Dante sobre a Divina Comédia” Dante Alighieri pode ser visto com o sua Divina Comédia no canto superior direito do quadro, entre os três artistas, autores do quadro. Li que houve um tempo que detetives internéticos se impuseram caçadas para identificar os 103 personagens figurados na obra. Há resultados díspares.
Em http://www.dailymail.co.uk/news/article-1162771/The-Internet-sensation-dinner-party-painting-103-historical-guests--spot.html#ixzz3wSsM4f4F há uma figura numerada e um desafio para ver quantos se reconhece. Segue uma listagem dos 103 personagens com uma breve caracterização.
Contei que já usara a reprodução em palestras para mostrar que não é apenas a Ciência que é masculina. Há, no quadro do trio chinês, uma muito reduzida presença feminina inserta num universo masculino. Não sei se há outras mulheres além das bem destacadas Elizabeth 2ª — há listas que apenas referem: 82 the Queen (convenhamos que Elizabeth 1ª ou Isabel de Espanha, mereceriam seu lugar), Margareth Thatcher (8) e Shirley Temple (95); e de Audrey Hepburn (59, escondida atrás do piano de Beethoven) e Marylin Monroe (47, no lado oposto). Encontrei depois Marie Curie, (43, quase apagada pelo imponente cavalo de Napoleão). Há listas que ‘encontram’ no quadro Madre Teresa de Calcutá, única figura da igreja católica romana (número 53, semioculta). Dentre os apóstolos, encontrei apenas Pedro, em alguma lista e em outras não. Paulo, em importância muito mais significativa que Pedro, na disseminação do cristianismo, não aparece.
Talvez a figura mais abjeta é a 61: Adolf Hitler. O filho de The Queen, Charles, o Príncipe de Gales é simplesmente referido: 22.- The Prince of Wales.
O único brasileiro e também o único futebolista é Pelé (30). Estão, também, os estadunidenses: Michael Jordan (88), jogador de basquete e Mike Tyson (92) boxeador e o chinês Liu Xiang (23) campeão olímpico em corrida com obstáculos.
Parece-me que há pelo menos um erro nas identificações mais correntes: o pastor (97), que aparece no primeiro plano poderia ser Abraão ou Moisés, menos Charles Robert Darwin; numa das listas encontrei Moisés (e nesta não aparece Darwin e em outra o 97 aparece como Darwin ou Noé). Aliás, não encontrei Jesus Cristo na pintura, mas nela aparece um ignoto (para mim): Cui Jian (03, no canto superior esquerdo), apresentado como pai do rock chinês. Há chineses em abundância no quadro. Contei cerca de 20 em uma das listas e mais os três autores do quadro.
A figura 34, identificada como Albert Nobel em uma das listas, deve ser Alfred Nobel o instituidor dos Prêmios Nobel. Há um destaque (57) para Sir Run Run Shaw (1907-2014) um muito influente chinês, filantropo líder na produção cinematográfica e de empresas de televisão. Estabeleceu o Shaw Prize (o Prêmio Shaw) usualmente referido como o Prêmio Nobel da Ásia.
Algo surpreendente deste quadro está no canto superior direito: um ícone muito destacado em referência às houris, as virgens prometidas aos homens islâmicos bem-aventurados (os que como gratidão por suas boas ações em terra) são premiados no paraíso. As houris são personagens celestiais, (segundo texto explicativo) ou meninas de tenra idade, de seios grandes e redondos, que não balançam, e elas são desprovidas de pelos em qualquer parte do corpo, com exceção de seus belos cabelos e sobrancelhas. Há uma promessa de 72 virgens na vida futura, não apenas aos mártires, mas a todo homem que chegar ao paraíso. Certamente na tela poderíamos obrar em outras conjecturas, mas depois das houris há pouco a divagar. Melhor, talvez  sonhar com uma vida futuro no paraíso.

3 comentários:

  1. Oi, Chassot.
    Tudo que envolve a "Divina" me interessa. Então, achei a proposta interessante, mas, sob um olhar inicial, pareceu-me aquém da complexidade do passeio de Dante, guiado por Virgílio, no inferno e seus vários bolsões, rios, câmaras e sub-setores. Também causou-me espécie algumas figuras ignóbeis ganharem galas de retrato na 'extravaganza' dos artistas plásticos. De qualquer forma, é divertido pinçar vultos no mural. O próprio Dante incorreu a alguns "pecadilhos". Descreveu os bolsões do inferno, pormenorizadamente, relacionando às danações aos pecados dos seus habitantes. Num local árido, no qual corriam, eternamente, os punidos por "pederastia" e "sodomia" viu Brunetto Latini. Detalhe: Latini era seu amigo. Muy amigo era Dante dele. O autor, em sua estupenda narrativa, também pôs nas entrelinhas muitas mensagens políticas. Pôs nas profundezas de Dite seus desafetos guibelinos, pois era da facção dos guelfos, nêmesis dos guibelinos. Sou fascinado pela figura de Beatrice, seu simbolismo é muito rico. Enfim… IN GIRUM IMUS NOCTE ET CONSUMIMUR IGNI (ler ao contrário - é um imenso palíndromo da Divina), dito por Virgílio. Adoro esta ideia de um passeio guiado pelo inferno. Um tanto quanto "museológico"! Abraços dantescos

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    1. Meu dantesco amigo,
      — a adjetivação vale nas acepções 1 e 2 e NÃO na 3 do Priberam; há muito te sentia um muito merecedor possuidor desta adjetivação. No teu comentário fazes, com justiça, uma auto-outorga do adjetivo—,
      deste uma pitança (acepções 2 e 6, s.v.p) a minha blogada. Nunca havia visto a ‘Divina’ (não sei se posso me conferir a mesma intimidade que tu tens com obra) lendo-a como um roteiro de visitação de um infernal museu.
      Devo dizer que quando li, depois do dia 1º mais sobre o quadro, tive decepções. A começar, pela mal posta nominação da obra: “Discussão com Dante sobre a Divina Comédia”. O que aparece de Alighieri no concepção do quadro? Aliás, os três artistas porem-se juntos com Dante Alighieri com o sua Divina Comédia já é uma significativa pretensão. Além desta pretensão pessoal, aparece por demais uma sino exaltação. Todo o quadro é eivado de distorções. Tanto por ausências quanto por presenças.
      Encontrei alguns outros estudos do quadro, mas não sei se vale, ainda gastar pólvora em chimango.
      Mas, uma vez mais sou grato por tua pitança,
      com saudades

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  2. Errata: "[…] às danações, os* pecados […]"

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