quinta-feira, 30 de maio de 2013

30.- EM BUSCA DE UM CASTELO

ANO
7
ERECHIM – RS
EDIÇÃO
2480

A postagem desta blogada — em um dia santo (¿ou feriado?) resquício de uma hegemonia da Igreja católica que se esboroa — ocorre desde Erechim. Cidade que merece o título que ostenta: “Capital da amizade”.
Cheguei aqui na madrugada de ontem, retorno a Porto Alegre, à 01h desta quinta-feira. À tarde participei na URI, no Programa de Pós Graduação em Ecologia da banca de defesa da dissertação Saberes locais acerca de espécies vegetais praticado por agricultores familiares ecológicos na região do Alto Uruguai” da agora mestre Camila Raquel Dipp. As interlocuções com meus colegas da URI-Erechim: Sônia Beatris Balvedi Zarzevski (Orientadora), Jean Carlos Budke (Co-orientador) e Alice Tereza Valduga foram frutuosas.
 À noite o departamento de Ciências Biológicas e do Coletivo Educador do Alto Uruguai Gaúcho promoveram a palestra “Indisciplinaridade: para além da transdisciplinaridade”. O público foi estimado em cerca de 200 participantes. A fala foi seguida de sessão de autógrafos. www.uricer.edu.br/new/site/inicio
Mas esta blogada tem outro eixo. Ao chegar, ainda escuro em casa, depois do dia em Erechim, há outra partida. Na agenda ela classifica-se como ‘turismo familiar’. Promete-se algo emocionante. A Gelsa e eu vamos avonar com duas de nossas netas: a Maria Clara e a Carolina, com seus pais Clarissa e Carlos, vão conosco em busca de um castelo, há muito no meu imaginário. Quando, há uns anos, em fevereiro de férias, li a excelente trilogia de Luiz Antonio de Assis Brasil, Um Castelo no Pampa dizia-me ser uma lacuna na minha formação gaúcha não conhecer o castelo de Pedras Altas. Hoje, catalisado pelo espírito estradeiro de minha filha e de meu genro, um sonho deve se transmutar em realidade.
Na trilogia ficcional (descrita com detalhes em www.lerdemais.com/2011/09/um-castelo-no-pampa.html), a abertura é o livro Perversas Famílias com a visão magnífica de um castelo em estilo medieval com suas torres, construído em pleno pampa gaúcho, com banheiros ornados de tritões, biblioteca com gravuras de filigranas a ouro. 
No segundo volume da série: Pedra da Memória vive-se alternâncias entre uma muito arraigada cultura nacional e o sempre presente estereótipo da corte europeia,
A clausura ocorre com o terceiro volume: Senhores do Século, quando ao lado de personagens que não perdem o brilho ao longo de toda a saga, que surge a figura de uma mulher ímpar que constrói seu destino com uma obstinação arrasadora.
Saborosa ficção de Luís Antonio Assis Brasil se tece com a realidade do lendário castelo de Pedras Altas que pode ser conhecido com mais detalhes em assisbrasil.org/ castelo.html de onde trago breves excertos:
O castelo de Pedras Altas se impõe nas desoladas planícies do sul do estado do Rio Grande do Sul como testemunha da história e patrimônio dos gaúchos. Nascido em São Gabriel, Joaquim Francisco de Assis Brasil - diplomata, político, revolucionário, agropecuarista e escritor - escolheu a sede do castelo em 1904. Situada a 30 quilômetros de Pinheiro Machado, Pedras Altas tem clima seco (altitude de 370 metros), pastagens abundantes e fontes de água. A pedra angular da fortaleza, de 44 cômodos, foi lançada em maio de 1909. Depois de ter atuado nas embaixadas de Washington e Portugal e discursado em parlamentos, Assis Brasil queria morar no campo. Também desejava oferecer conforto à segunda mulher, Lídia Pereira Felício de São Mamede, filha de José Pereira Felício, o segundo conde de São Mamede. Os dois se casaram em Lisboa, em 1898.
Assis Brasil ergueu a fortaleza com traços medievais numa das paisagens mais isoladas do Rio Grande do Sul para mostrar que era possível desfrutar a natureza sem ficar embrutecido. A ideia não era ostentar, mas enobrecer o campo. O diplomata, que privou com reis e chefes de Estado, achava que o arado e o livro eram as ferramentas do progresso. Em 1999 governo tentou tombar o castelo de Pedras Altas como monumento histórico, mas a família de Assis Brasil recusou, preferindo manter o castelo com a família.
Pedras Altas impulsionou a atrasada pecuária gaúcha. Assis Brasil importou vacas jersey da Inglaterra, robustos touros devon, cavalos árabes e ovelhas karakul e ideal. Só criava animais de raça, como galinhas white wyandotte trazidas dos Estados Unidos. Ele também introduziu novas espécies de árvores, como o eucalipto, construiu estrebarias, galpões e porteiras que ainda funcionam. Ainda inventou utensílios, como a bomba de chimarrão de mil furos que jamais entope e leva o seu nome.
Estar em Pedras Altas é uma das metas deste dia de Corpus Christi. Esta quinta-feira deverá terminar Jaguarão(Brasil)/Rio Branco(Uruguai). 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

23.- DAS ALEGRIAS DE SER PROFESSOR.


ANO
7
www.professorchassot.pro.br Uma edição extra
EDIÇÃO
2479

Quando, há duas semanas, anunciava aqui a alteração da frequência deste blogue de diário para semanal, não se excluía possibilidade de edições extras. Hoje se tece a primeira.
Há uma semana — como contei na edição anterior — vivi uma experiência saborosa: a convite do professor Guy B. Barcellos fui, mais uma vez, ao Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama. Desta vez para conversar sobre Ciências para quatro turmas de 7º e 8º anos do ensino fundamental (a maioria já nascidos no século 21). Algo significativo: as mesmas discussões que faço com pesquisadores e professores trouxe para eles.
Neste sábado recebi um retorno de minha passagem pelo Paulo da Gama. Um excerto do que escreveu, em uma avaliação, o Sérgio, um menino de 11 anos, receptor de bolsa-família e afro-descendente. Sua afirmação traduz o que escrevi na quinta-feira aqui: Valeu ver os olhinhos de gurias e guris encantados querendo saber mais
As duas fotos evocam um pouco da palestra.
Votos de uma frutuosa segunda-feira a cada uma e cada um. A minha se concluirá com uma atividade muito especial. Estarei numa Skype-aula com alunos da Licenciatura em Química da USP de Ribeirão Preto. Estabelecerei um dialogo de aprendentes com alunas e alunos da Professora Joana Andrade.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

23.- ACERCA DE UMA REVISITAÇÃO E OUTROS FAZERES.


ANO
7
Uma nova fase: Agora, SEMANÁRIO.
EDIÇÃO
2478
Chegamos à quinta-feira dia, estabelecido como aquele da edição hebdomadária deste blogue. Ele, depois de 6,8 anos de edições diárias, no último dia 13, se fez semanal.
Há muitas adaptações. Por exemplo: o diário de bordo como fica? E as dicas sabáticas de leituras? E as edições associadas acerca de um tema?
Há vazios: não existe mais a curtição de ver, a cada dia, uma nova produção elogiada ou criticada. Essa talvez seja a perda maior. Mas, também, não existe mais aquele (quase) tormento herdado de minha mãe: Não sei o que vou cozinhar (= blogar) amanhã!
Quase sete anos de cachimbar deve ter deixado a boca torta. Há novas aprendizagens. Apreendo-as.
Na última quinta-feira comentava aqui minha viagem naquele dia a Santa Maria. Vi a fachada macabra da Boate Kiss, marco de uma tragédia dolorosa, que ainda neste domingo fez sua 242ª vítima: uma aluna da UNIFRA. Esta, a instituição que me acolheu de maneira atenciosa, para falar, à noite para centenas de professores e estudantes envolvidos com o PIBID.
A propósito de falas, nesta segunda-feira vivi uma experiência saborosa: a convite do professor Guy B. Barcellos fui, mais uma vez, ao Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama. Desta vez para conversar sobre Ciências para quatro turmas de 7º e 8º anos do ensino fundamental (a maioria já nascidos no século 21). Algo significativo: as mesmas discussões que faço com pesquisadores e professores trouxe para eles. Valeu ver seus olhinhos encantados querendo saber mais.
Em blogadas espaçadas adensam-se emoções de uma semana. Isto me obriga compartir uma tragédia.
Em dia atrás, ao entrar em sala de aula, disse informalmente a uma aluna: “Não vieste à aula passada!” “Explico-lhe” e convidou-me para sairmos um momento da sala. “Meu marido, na semana passada resistiu a um assalto e foi assassinado!” Fiquei estarrecido. Estava com uma jovem mãe que perdera o marido de 28 anos. Senti-me impotente. Como avaliar a dor daquela quase menina.
Ainda por cima revoltou-me o legalismo. O Centro de Atendimento ao Estudante não quis reconhecer-lhe o abonamento de faltas, mesmo que mostrasse a certidão de nascimento de um filho com o pai, cuja certidão de óbito apresentava. Faltava uma certidão de casamento. O salutar foi que imperou o bom senso da coordenadora do curso. A Rosimeri Cardoso se faz para mim exemplo de mulher forte. Neste registro minha encantada admiração.
Mas, o ocaso desta quinta-feira me encontra, uma vez mais, fazendo um repetido trajeto: Porto Alegre/Frederico Westphalen. Amanhã tenho a minha segunda sexta-feira mensal na URI. Mas antes de ir à rodoviária tenho algo que prevejo aflore emoções. Vou ao Instituto de Química da UFRGS para palestra na Semana Acadêmica: Formas de motivar o aprendizado em Química.
Não é trivial. Revisito, ao anoitecer, a instituição mais in/extensamente presente em minha história. Nela comecei como atendente no Restaurante da Reitoria, fiz graduação, mestrado e doutorado e como professor ocupei todos os postos da carreira docente (de auxiliar de ensino a professor titular; posto conseguido por concurso público de provas e títulos). Fui Vice-diretor e Diretor do Instituto de Química e coordenador da Comissão de Carreira de Química.
A minha graduação em Química foi na Faculdade de Filosofia, há época que estas unidades universitárias eram protótipos de uma Universidade, pois ofereciam cursos de Ciências da natureza, Humanidades, Letras e Artes.
Iniciei como professor na UFRGS na Faculdade de Filosofia em 1967 (aposentei-me 1991) e em 1968 uma reforma universitária (Lei 5540/68) editada pelo governo militar redesenha a Universidade brasileira. A palavra chave é ‘departamento’. Havia talvez dois ou três professores de Química na Faculdade de Filosofia, Migro para um dos três departamentos do então criado Instituto de Química (Departamento de Química Inorgânica) onde foram lotados professores provenientes da Agronomia, Engenharia, Farmácia, Filosofia, Geologia. O Instituto de Química oferecia disciplinas de Química para todos os cursos da Universidade onde havia o conhecimento químico no currículo. Eu era o mais jovem dentre os professores, cabiam-me as disciplinas menos disputadas. Lecionei, durante vários semestres Química Geral para alunos de três cursos (Engenharia Química, Farmácia e Química) que iniciavam a carreira acadêmica. Em geral, três turmas de mais de 50 alunos cada. Era muito bom.
Talvez, ter sido ’escalado’ para dar uma disciplina de História da Química (que ninguém queria dar) tenha decretado minha transmutação profissional. Tenho gratidão à disciplina QUI-114- Evolução da Química. Aprendi muito na sua docência. Primeiro reconhecer que não podia lecionar História da Química sem saber História da Ciência; depois vi que deveria estudar História da Filosofia, das Artes, das Religiões (a mais significativa), das Bruxarias e também a história daqueles que tiveram suas histórias sonegadas ou apagadas. Foi isto que fiz e me facilitou ser professor. Talvez, um professor diferente. Hoje, este professor revisita um pouco de sua gênese.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

16.- INDISCIPLINARIDADE; PARA ALÉM DA TRANSDICIPLINARIDADE.


ANO
7
Inaugurando uma nova fase: Agora, SEMANÁRIO.
EDIÇÃO
2477
Esta é a primeira edição deste blogue depois da migração de diário (por 6,8 anos) para semanário. Vestibularmente, agradeço os acarinhamento de meus leitores entendendo a opção anunciada na edição anterior. Houve mensagens que me emocionaram. Obrigado a cada uma e cada um. Não posso negar que a sensação de abstinência é, às vezes, amarga, mas há também, uma sensação de alívio.
Nesta quinta-feira — dia eleito à circulação semanal — viajo à tarde para Santa Maria (são 4 horas de ônibus) para a conferência de encerramento do III Seminário do Pibid da UNIFRA. A proposta para discussão é Indisciplinaridade: um passo além da transdiciplinaridade. Volto na madrugada. Para mim, é significativo ser a primeira vez que retorno a Santa Maria — tão presente em minha infância como filho de ferroviário —, após o macabro 27JAN13.

Acerca de minha fala, em um momento destaco que nosso fazer Educação não se consubstancia numa ilha programada por nossa fantasia. Há múltiplas realidades, a nos alertar sobre a impossibilidade da existência de um mundo ideal.
Todavia, a visão fracionada da realidade não ocorre assim por acaso. As agências de fomento – o nome não poderia ser mais poético – tendem a contratar especialistas cada vez mais especializados, para resolver segmentariamente um problema. A maior parte das análises, diagnósticos e propostas para dar respostas a uma demanda, só tem uma característica comum: entender o problema com seus óculos específicos. Peritos de cada uma das áreas propõem soluções no terreno das outras:
 – o educador considera que é impossível oferecer uma educação de qualidade a meninos cujos pais não têm trabalho e moradia adequada e sofrem de carências alimentares, portanto propõe começar a resolver a questão do emprego, da moradia e da saúde;
– o experto em empregos sustenta que precisa começar atendendo as questões educativas, pois os novos modelos laborais requerem uma formação e capacitação tal que sem educação não pode haver emprego de qualidade; ainda afirma que se requer boas condições sanitárias da população para que se possa trabalhar adequadamente;
– o perito em segurança afirma que precisa começar educação, emprego e erradicação da pobreza, pois está comprovado estatisticamente – e isso é decisivo – que quanto maior o nível educativo, menor é o uso da violência e que quanto maior o nível de equidade social, menor a taxa de violência em geral;
– o experto em saúde afirma que não há sistema de saúde sustentável sem pleno emprego (pois o sistema público não pode atender satisfatoriamente a toda a população) sem educação suficiente (base da prevenção) e sem condições ambientais e educacionais adequadas;
– o perito em habitações afirma que sem emprego e sem educação toda a política de moradias não passa de mero assistencialismo.
– o perito em questões ambientais remete o inicio de suas ações à segurança, à educação, à saúde, ao emprego...
Como nenhum dos problemas centrais da vida é possível ser abordado sem múltiplas conexões com outros problemas vitais, resulta que parece impossível de solucionarmos aquele problema no qual temos expertise. É preciso pensar, deixando de lado as nossas especializações, transgredindo as fronteiras de nossas disciplinas é propormos ações que tragam a marca daquilo que Del Pércio propõe como “a in-disciplina como a metodologia mais adequada para abordar a análise das principais tendências sociais”. (p. 20).
DEL PERCIO, Enrique M. La condición social: Consumo, poder y representación en el capitalismo tardío. Buenos Aires: Altamira, 2006.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

13.- ANUNCIANDO DECISÕES.


ANO
7
Livraria Virtual em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
2476
Aos brasileiros 13 de maio, evoca usualmente 13 de Maio de 1888, quando de direito, mas não de fato, se aboliu a escravatura. Vale lembrar a blogada de abertura deste mês: “Bangladesh é aqui!”. A propósito, se então falava de 260 mortos, a imprensa de ontem informa que já passam de 1000 as vítimas da tragédia em Daca. Há dias atrás, a imprensa brasileira fazia manchetes: “Quatro negros apenas nos dez cursos mais procurados na USP”. “Não há negros nos três cursos mais concorridos na USP”. Ainda não expiamos a escravatura.
Mas a chamada “ANUNCIANDO DECISÕES!” não se refere a esse tétrico preâmbulo. Agora algo, em outra dimensão, que se faz difícil compartir. Neste fim de semana, ainda tendo a desconfortável companhia de uma gripe que muito atrapalhou meu tríduo missioneiro, auscultando a Gelsa, fiz reflexões que devem reestruturar meus fazeres. Uma contingência imprevista gerou sobrecarga em meu envolvimento acadêmico. Há que fazer escolhas!
0
A essas decisões a fazer, se junta outra, que já é executada agora: o blogue, depois de seis anos e nove meses, com edições diárias, passa a ter frequência semanal.
A proposta feita desde 30 de julho de 2006, de publicar um blogue diário, gerou 2476 edições, sem faltar um dia. Fiz blogares neste período em mais de uma centena de cidades da maioria dos Estados do Brasil, e em 16 países (Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, México, Estados Unidos, França, Espanha, Reino Unido, Holanda, Bulgária, Croácia, Eslovênia, Dinamarca, Suécia e Rússia). Para cada um destes lugares levei um pouco meus leitores.
Mas agora não é hora de balanços. Não estou encerrando o blogue. Estou apenas espaçando as edições. E com isto, um convite. Sonho continuar com cerca de 400 visitas, hoje diárias. (Basta conferir o contador na abertura). Espero que a cada quinta-feira (ou em dia qualquer) continuarmos ser companhia recíproca. Então até quinta-feira! Para mim é difícil, neste momento, não dizer: lemo-nos amanhã!

domingo, 12 de maio de 2013

12.- HOJE, DIA DA MINHA MÃE



ANO
7
Livraria Virtual em
Www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
2475
Hoje é, mais uma vez, o ‘Dia das mães’. Entre nós o segundo domingo de maio é prenhe de evocações. Não vou filosofar acerca do mesmo. Não vou tecer merecidas loas à maternidade. Não vou desqualificar a data, dizendo que depois do Natal é aquela que mais engorda os ganhos dos comerciantes.
Também não vou listar mães que com muita precisão mereceriam minha admiração. Amealho, fácil, dezenas. Peço que todas elas que relevem minha preterição. Hoje me permito ser egoísta.
Hoje minha homenagem maior é para Maria Clara Volkweiss Chassot (12AGO1909—10SET2001) em família conhecida como Marichen. O logo é da celebração de seu centenário que comemoramos em uma emotiva festa familiar realizada em 2009.
Para ela estas ‘violetas dos Alpes’ que ela cultivava com suas mãos de fadas que produziram maravilhas.
Ainda um recado: “Mãe, de vez em vez, tenho muita saudade... do que conversávamos e também sinto por muitos assuntos acercas dos quais não conversei com a senhora! Como os ‘dias das mães’ eram diferente quando a senhora ainda estava aqui!”. Há que convir com Coelho Neto: 'A saudade é a memória do coração.' 

sábado, 11 de maio de 2013

11.- LOAS NO MÍNIMO ORIGINAIS.



ANO
7
Frederico Westphalen /
Porto Alegre
EDIÇÃO
2474
Esta edição circula quando estou partindo rumo à Porto Alegre. Ela faz a clausura de meu tríduo missioneiro (e missionário, segundo alguns) que nos últimos três dias levou-me a sucessivamente à São Luiz Gonzaga / Cerro Largo / Frederico Westphalen.
Pela agenda cumprida (e comprida) é dispensável justificativa para não trazer uma usual dica de leitura sabática. Mas não deixo o espaço em branco. A inspiração: quarta feira à tarde, antes de minha fala para professores do ensino fundamental, promovida pela 32º CRE de São Luiz Gonzaga, no espaço cultural, a professora Alice Moraes declamou uma laudação a algo usualmente esquecido. Impressionou-me a originalidade do tema. Teço com texto de Pablo Morenno esta blogada.
Com votos de frutuoso sábado, o poema também antecipa votos às mães pelo dia de amanhã. Afinal foram elas que nos legaram o sinal de beleza agora aqui cantado:
O UMBIGO
Detenha-se um instante. Se for homem, abra a camisa. Se for mulher, desabotoe o vestido, levante a blusa. Se as gorduras atrapalharem, use um espelho. Se mesmo assim for impossível, solicite ajuda. Há algo imprescindível para a felicidade, algo a ser feito urgentemente pela vida: você tem de ver seu umbigo. Quer dizer, olhá-lo simplesmente é pouco. É preciso mais. Muito mais. Faça um filme, tire fotografias, elabore uma maquete. Seu umbigo, como você, é único.
Analise-o como a uma conta a ser paga. Pense nele como se pensa em grandes investimentos. Admire-o como um agricultor ao céu nublado em tempos de semeadura. Dedique-se a ele como algumas mulheres à cútis, como alguns homens aos músculos. De hoje em diante, dedicar-se ao umbigo deixa de ser mesquinhez.
Nestes tempos econômicos, do umbigo dependem a alegria e a esperança. O amor. O paraíso exige reconstrução. Adão e Eva já tiveram suas chances. Eles não têm para onde olhar. Nós, sim. Somos seres cortados de outros seres. Somos humanos originados de outros. Temos procedência e o mapa das trilhas.
 Procuram-se homens e mulheres construtores da paz; eles precisam amar seus umbigos. Procuram-se homens e mulheres solidários, generosos, entulhados de afeto; eles devem estar reconciliados com seus umbigos. Procuram-se homens e mulheres ternos e tolerantes; de seus umbigos devem ter resgatado as bagagens dos antigos navegantes.
Nestes tempos econômicos, enxergar o próprio umbigo tornou-se rara oportunidade de compreensão do todo. O umbigo é um espelho côncavo e convexo, uma lente para perto e para longe. No umbigo há histórias e profecias. Primeiro, respiramos e gritamos. Depois, nos cortaram do útero para o mundo. A cicatriz está ali para exibir respostas complexas. O umbigo é a caixa-preta do voo humano.
O umbigo diz muito sobre nossa natureza. Não somos ovíparos, por exemplo. Não fomos engendrados fora, expostos às intempéries. Não precisamos ser salvos da boca de lagartos e do bico de gaviões. Somos vivíparos, mamíferos. Fomos gerados num ventre. Tivemos calor, afeto, cuidado. Estávamos ligados a alguém, recebemos seu sangue e nutrientes. Ouvíamos sua voz antes mesmo de destrinchar o sentido das palavras.
 Se você até agora não olhou seu umbigo, anda desinformado. Procure ler mais jornais, revistas, assista à televisão. O umbigo está super na moda. (Não me refiro às calças de cós baixo.) O umbigo virou assunto científico. As células do cordão umbilical guardam segredos. Podem trazer a cura de doenças incuráveis até hoje e, com isso, prolongar a expectativa de vida.
Olhe seu umbigo atentamente. Você nunca mais será o mesmo. Não desista. Tente de novo. Curve-se. Não se envergonhe. Faça-lhe uma reverência. Quanto maior a curvatura para dentro, maior será a abertura para o universo. Faça um abdominal reflexivo.
Pelo umbigo tomamos consciência, tivemos ligados a alguém. Ela. Mulher. Mãe. Nos deu abrigo, amor e alimento. Cortado o cordão umbilical, deu-nos seu peito, seu coração e nos fez herdeiros de coisas e valores. O umbigo jamais será sinal de egoísmo, ou símbolo de quem tem medo do mundo. Quem teve uma mãe e foi realmente amado jamais olhará o umbigo para fugir da realidade ou para esquecer-se dos outros.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

10-TRÍDUO MISSIONEIRO SE ENCERANDO



ANO
7
CERRO LARGO
Terra missioneira
EDIÇÃO
2473
O segundo dia do tríduo já foi vencido e as duas palestras previstas para ontem foram cumpridas. Assim como ontem, São Luiz Gonzaga, hoje, Cerro Largo se adita a lugares inéditos onde este blogue é postado pela primeira vez.
Há ainda dois registros do dia de ontem desde a terra natal de Sepé Tiaraju. Antes da partida, com o Ayrton e o Roniere realizei duas visitas: uma a imponente igreja matriz gótica de São LNuiz Gonzaga, onde valeu ver uma dezena de imagens de santos feitas pelos guaranis no Século 17; a redação de A notícia — jornal bi-semanal —onde fomos recebidos pelo Editor-proprietário senhor José Grisoglia Filho, de cuja irmãs Scheila e Corina me ligo há muito por relações de coleguismo.
Viajei a Cerro Largo com o Airton e o Roniere da em Cerro Largo, onde fui recebido pelas colegas Julieta e Judite do curso de Química da UFFS. O orgulho que alunos e professores têm da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus de Cerro Largo comove.

 À tarde fiz uma fala de mais de duas horas propondo  “Formar jardineiros para cuidar do Planeta” para cerca de 120 professores das redes municipal e estadual, mais particularmente a acadêmicos de Biologia e Física vinculados ao PIBID. À noite proferi solene aula do curso de Química enfocando “A Ciência como instrumento para explicar a natureza” que depois de duas horas foi aplaudida de pé.Em uma e outra palestra tirei muitas fotos e autografei vários exemplares de meus sete livros. Nisto tive a preciosa ajuda da Débora e do Max como eficiente livreiros.
Devo deixar Cerro Largo pelas 5h, pois estou a 260 km de Frederico Westphalen, onde esta sexta-feira completo meu tríduo.
A pauta hoje contempla: pela manhã banca de qualificação de minha orientanda Quiélen Rosa Albarelo. Ela deseja Identificar qual é a percepção vivenciada por munícipes de Palmitinho acerca da Matemática e possíveis fatores que definem essa percepção.
Ao meio dia almoço com meu trio de orientanda e com as quais tenho também sessões individuais de orientação. A noite tenho a 4ª sessão da oficina ‘escrita em questão. Retorno à Porto Alegre após as atividades noturnas.
Peço a compreensão aos meus leitores, por fazer desta blogada de hoje apenas um diário de bordo. Mas cansaço me vence e tenho um madrugar no horizonte.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

09-~SEGUNDO DIA DE UM TRÍDUO MISSIONEIRO


ANO
7
SÃO LUIS GONZAGA,
Terra missioneira
EDIÇÃO
2472

Vencido o primeiro dia do tríduo, nesta a quinta-feira ainda me encontro em São Luiz Gonzaga, onde a agenda de ontem, de três falas foi cumprida como programada.
Pela manhã a palestra “Das disciplinas à indisciplina” para cerca de 350 professores do ensino médio de 25 escolas. À tarde, “O que é Ciência, afinal?” para cerca de 300 professores de 38 escolas. Em uma e outra atividade os participantes eram de 11 municípios da região geo-educacional da 30º Coordenadoria Regional de Educação, coordenada pelo Professor Ayrton Ávila da Cruz. Foi a 32º CRE — onde almocei ontem — que suportou financeiramente meus deslocamentos e estádia, nesta etapa.
À noite algo que me emocionou. Depois de já ter falado em centenas de universidades brasileiras (e mesmo algumas no exterior), pela primeira vez falei em uma unidade da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, cuja fundação me envolveu enquanto conselheiro do Conselho Estadual de Educação em 2000 e 2001. Falei por duas horas para plateia formada por acadêmicos dos cursos de pedagogias e de cursos da área das Ciências  Agrárias e autoridades; entre estas destaco a presença do prefeito, que foi dos que liderou aquela centena de pessoas que aplaudiram de pé minha fala.
No começo desta manhã viajo menos de 50 km e chego a cidade de Cerro Largo, que até 1954 era distrito de São Luiz Gonzaga.
Minhas atividades desta quinta-feira atendem a convite da Universidade Federal da Fronteira Sul, mais precisamente da Professora Judite Scherer Wenzel Coordenadora do Curso de Graduação em Química Licenciatura - UFFS Campus Cerro Largo.
Na parte da tarde faço a fala “Formando jardineiros para cuidar do Planeta” para professores das redes municipal e estadual, mais particularmente de escolas vinculadas ao PIBID. À noite as atividades centram-se no convite elaborado por alunos, que está a direita [Problemas técnico impedem a adição do mesmo.
A UFFS é uma das ‘lula-universidade’. Ela tem campi nos três estados do Sul: Realeza (PR), Chapecó (SC) — onde já estive mais extensamente —e Erechim e Cerro Largo (RS).
Não é senso comum entre os quase 15 mil habitantes de que a UFFS seja vetor de transformação na cidade que tem uma história recente original:
No início do século, a Companhia de Colonização Bauerverein, que tinha por objetivo abrir novas fronteiras agrícolas no estado para o assentamento de colonos descendentes de imigrantes alemães, decidiu vender lotes de terras na região noroeste do Rio Grande do Sul.
Assim, sob o comando do Padre Jesuíta Maximiliano Von Lassberg, lá chegaram as primeiras famílias de colonos oriundas da região de Montenegro. A colonização oficial ocorreu no dia 4 de outubro de 1902; estava fundada em terras férteis e cobertas por mata virgem entre os rios Ijuí e Comandaí, a colônia Serro Azul, hoje município de Cerro Largo. No início da colonização foi construído um barracão para abrigar as famílias imigrantes até que pudessem ir morar no lote adquirido.
O espírito empreendedor, a obstinação e a dedicação ao trabalho, somadas à fertilidade da terra provocaram um rápido progresso aos colonos. Tanto assim que, já no ano de 1915, Serro Azul foi elevada à categoria de vila, sede do 4º Distrito do então município de São Luiz Gonzaga. Em 1942, por exigência do IBGE, a denominação de Serro Azul foi alterado para a atual Cerro Largo.
Também na década de 1940 houve a primeira movimentação pela emancipação. Mas, apesar da prova plebiscitária, a iniciativa foi abortada por força política dos escalões superiores do governo central. Os esforços em prol da independência político-administrativa foram retomados no início dos anos 50, através da Comissão de Emancipação. E, finalmente, em 15 de dezembro de 1954 foi assinado pelo governador de estado o Decreto nº 2.519, criando o município de Cerro Largo, cuja instalação oficial aconteceu em 28 de fevereiro de 1955.
Na década de 1960 desmembraram-se de Cerro Largo os atuais municípios de Roque Gonzales, São Paulo das Missões e Porto Xavier; posteriormente São Pedro do Butiá e Salvador das Missões.
O censo de 2000, realizado pelo IBGE, informa de que a população de Cerro Largo é de 12 663 habitantes, sendo que 9 340 encontram-se na zona urbana e 3 323 na zona rural. Em 2002, o município comemorou 100 anos de fundação.