sábado, 31 de julho de 2010

31.- O Telescópio de Schopenhauer

Porto Alegre Ano 5 # 1458

Essa é uma blogada que encerra julho e vem encharcada da amorosidade de treze leitores que ontem postaram comentários, fazendo homenagens pelo quarto aniversário deste blogue. Pensei hoje em fazer uma edição especial com os comentários. Seria algo por demais laudatório. Devo abafar um pouco da dimensão narcísea do bloguista.

Outro detalhe que se adita – permitam-me uma vez mais lembrar os significados múltiplos desse verbo e aqui ao lado adicionar ele significa também: Causar a dita de, tornar feliz – nesta jubilação comemorativa é o aumento de leitores, talvez decorrente do XV ENEQ, A estes em especial, ilustro que se digo que vou manter a pauta sabatina, significa que vou falar de livros.

Hoje falo de um livro que me acompanhou todo o mês de julho: foi e voltou inconcluso à Chapecó, à Brasília. Terminei ontem, pois o tinha pautado para hoje.

Não foi fácil ler O Telescópio de Schopenhauer. Talvez tenha uma justificativa. Fui seduzido por um trecho da orelha: “A neve se forma silenciosamente, como suaves flocos brancos que aterrissam em pequenos pedaços e constroem sua força na medida em que se unem. [...] É possível observar a pegada de tudo e de todos. Sabemos onde estiveram e onde foram. Pode-se segui-las. De mim a neve nunca atraiu nada. Ando nas pegadas dos outros, portanto na deixo rastros.” Claro que imediatamente me reportei a minha vivência na Dinamarca no último fevereiro e março, onde viver olhando e deixando pegadas me impactou fortemente.

Juntou-se a chamada da orelha o título, que tradução fiel do original: O Telescópio de Schopenhauer e aqui há que denunciar uma propaganda enganosa: o título está como Pilatos no credo. Nada a ver. Sobre o uso deste título, Luis Felipe, explica 21ABR09, em http://aeiou.visao.pt, independente do livro escreve: É no vórtice do furacão em que se tornou o mundo em que vivemos que os políticos deviam recorrer mais aos clássicos. O filósofo alemão Schopenhauer aconselhava, no século XIX, os dirigentes de todas as nações a fazerem o exercício da "observação pelo telescópio". Esta "técnica" para melhorar a acção política consistiria em transportarem-se para uma época futura e, mediante a utilização de um telescópio imaginário, observarem, de longe, no espaço e no tempo, a sua acção e a forma como ela influenciou as vidas de milhões de pessoas. No fundo, trata-se de um mero exercício de reflexão prospectiva, de que apenas alguns iluminados, como Churchill, Monet ou Adenauer foram capazes. O famoso telescópio de Schopenhauer não foi, no século XX, utilizado praticamente por mais ninguém - e a história sangrenta desses cem anos, em que o experimentalismo histórico teve os seus auges nos totalitarismos estalinista e hitleriano, está cheia de políticos-toupeira, incapazes de enxergar, sequer, o que está à frente dos olhos.

Mas vale trazer algo do livro, seguindo o roteiro usual: Ficha técnica, algo do autor e uma resenha do livro.

DONOVAN, Gerard, O Telescópio de Schopenhauer (Schopenhauer’s telescope, Irlanda, 2003) Tradução de Sally Tilelli. Osaco: Novo Século Editora, 2009, 271 p. ISBN 978-85-7679-234-5

Gerard Donovan nasceu em Wexford, em 1959 e viveu em Galway, na Irlanda. Seu primeiro romance, O telescópio Schopenhauer (2003), pelo qual recebeu em 2003 Man Booker Prize de Ficção e selecionados como o romance irlandês do ano de 2003. Ele também é autor de dois outros livros: Doctor Salt (2004) e Júlio Winsome (2006), e três coletâneas de poemas: Columbus Rides Again (1992), Reis e Bicicletas (1995) e O Farol (2000). Publicou também uma coleção de histórias interligadas na elegíaca irlandesa. Donovan agora vive em uma casa de campo antiga estação ferroviária, em Nova York.

O Telescópio de Schopenhauer é um romance muito interessante e original. Desenvol-se das 12h às 18h. Há apena dois personagens. Numa certa vila européia, em meio à guerra civil, enquanto um homem cava, o outro observa. Na verdade um padeiro e um professor. Este controla a tarefa daquele: cavar um buraco em meio a neve e em solo pedregoso. Um professor de história muito sábio. O padeiro, que a princípio aparenta ser um ignorante, recebe ordens para cavar um buraco enquanto o professor está ali, para vigiá-lo. Gradativamente, eles começam a dialogar. E como sempre acontece quando a neve cai, o clima foi tornando-se suave, mesmo perante os conflitos, as reações humanas e a morte iminente. O padeiro demonstra ser uma pessoa fria e cínica com um grau elevado de conhecimentos sobre vários eventos, especialmente guerras, genocídios e batalhas que marcaram a história da humanidade e que é pouco conhecida.

O professor com um ar poético e filosófico começa a acirrar o padeiro para ver quanto o mesmo sabe sobre esses eventos espantosos que a humanidade tem como testemunha. O livro nos faz refletir sobre vários assuntos interessantes. Por exemplo: quem é mais malvado; um homem que matou cem pessoas ou um homem que matou cem mil?

Eis três referências da imprensa: "Nenhuma descrição desse extraordinário romance poderia fazer-lhe justiça... oferece uma perspectiva poderosa e humilde da nossa vida como ela é. "Sunday Independent (Irlanda). "(...) Com uma intensidade fotográfica e uma marcha persistente, este belo romance é devastador." Observer "(...) É uma tentativa ambiciosa de refletir os horrores da historia moderna numa narrativa econômica e vibrante." Sunday Times.

Essa é a dica de leitura (não muito entusiasmada) deste último sábado julino. Adito ainda o Santo do Dia, pois para mim foi há um tempo ‘meu celeste patrono’. A trazida aqui é pelo significado histórico, para que este bloguista, não seja acusado uma vez mais de igrejeiro.

Santo Inácio de Loyola ou Loiola, nascido Íñigo López (Azpeitia (País Basco), 31 de maio de 1491 — Roma, 31 de julho de 1556) foi o fundador da Companhia de Jesus, em 15 de agosto 1534, com outros seis companheiros na capela cripta de Saint-Denis, na Igreja de Santa Maria, em Montmartre, "para efetuar trabalho missionário e de apoio hospitalar em Jerusalém, ou para ir aonde o papa quiser, sem questionar". Atualmente a Companhia de Jesus – os jesuítas como seus membros são conhecidos – é a maior ordem religiosa católica no mundo

Para encerrar: um bom sábado às minhas leitoras e aos meus leitores. E que venha agosto, com muito bom gosto.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

30.- No dia do quarto aniversário


Porto Alegre Ano 4 # 1457

Hoje este blogue completa quatro anos. Inicio essa edição comemorativa trazendo (excerto de) edições de 30 de julho de 2006, 2007, 2008 e 2009. Estas se constituem na edição de hoje, 30 de julho de 2010. Vejam na integra a singeleza da primeira edição:



Domingo 30/07/2006 I N A U G U R A N D O

Amanhã começo o segundo semestre de meu 46º ano de magistério.

Parece um bom motivo para estrear mais esse meio de comunicação. É também meu antepenúltimo semestre de UNISINOS, pois nessa instituição a ‘expulsória’ ocorre aos 65 anos. Ganhei um plus de três anos e destes já passou 1,5 ano.

Há expectativa de comunicações aqui.

Realmente dava-me mal, então, com minha saída da Unisinos. Agora, quando, na próxima segunda-feira inicio já o meu 4º ano no Centro Universitário Metodista – IPA isso parece se esboroar em um passado distante e (quase) irrelevante.

Um ano depois eis excertos da abertura de uma edição já com mais fôlego e conteúdo.

30JUL07

Porto Alegre

#361

Segunda-feira

Fundado em 30JUL06

Ano 2

Pois hoje este blogue completa um ano. Não sei se isso merece festejamentos; para mim é algo jubiloso. Há um ano sonhava ter um lócus para comunicação.

Acredito que foi isso que eu e alguns de meus leitores fizemos em algumas das 360 edições que escrevi nesse ano. Primeira avaliação: fui muito freqüente. Foram apenas cinco dias que não escrevi.

Vejo que escrevi neste primeiro ano desde 29 cidades: 12 do Rio Grande do Sul (Porto Alegre e em seguida São Leopoldo foram as mais freqüentes), 3 de Santa Catarina, 3 do Paraná e 3 de São Paulo e ainda Belém e Rio de Janeiro. A estas 23 cidades nacionais juntam-se três européias (Paris, Sofia e Amsterdam) e agora, mais recentemente três mexicanas (Querétaro, Guanajuato e México DF). Nesse período estive em outras cidades, mas nem sempre o acesso a internet foi facilitado e só mais recentemente passei levar o notebook em viagens.

Um ano depois, eis excertos a abertura de uma edição que jubilosa celebrava dois anos.

30JUL08

Porto Alegre

#727

Quarta-feira

No dia do segundo aniversário

Ano 3

¡Vivas! Loas e hosanas. Hoje é um dia festivo aqui neste blogue. Aos humanos é muito grato colocar balizas celebrando passagens ou festejando jornadas vencidas. Pois hoje celebro aqui com cada uma e cada um de meus queridos leitores dois anos deste blogue. [...]

Recordo, quando há dois anos – 30 de julho de 2006 –, minha querida nora Carla – que há não muito se confessou aqui, enquanto leitora assídua que é, minha aluna não formal – me sugeriu que tivesse um blogue e eu resisti. Então meu filho Bernardo me fez vencer a resistência e criou esse espaço de comunicação. Meu começo foi tímido, marcado por nada mais que pequenos recados. A primeira semana foi intermitente. Tanto se for calculado que no período houve 365+366=731 dias, significa que no período faltei 5 dias, que foram nos primeiros dias de agosto de 2006. Desde então houve pelo menos uma postagem diária.

A edição comemorativa ao terceiro aniversário foi retrospectiva e trouxe alguns dados históricos. Eis excertos da mesma.

30JUL09

Porto Alegre

#1092

Quinta-feira

HOJE: TRÊS ANOS DESTE BLOGUE

Ano 4

Hoje este blogue inicia o seu ano quatro em mais uma manhã de madrugada fria, com temperaturas de -4ºC no interior e em Porto Alegre +1,5ºC.

[...] Na elaboração desta edição visitei, aleatoriamente, algumas de minhas blogadas. Matei saudades. Devo reconhecer o quanto elas se transformaram. Não apenas porque no início elas se resumiam a lacônicos diários de poucas linhas, mas também porque não eram edições muito cuidadas. Procurei o ponto de viragem para esta concepção de agora. Não há um momento muito definido. Parece que a partir do inicio do ano 2 (julho de 2007) há uma melhoria, mesmo que, ainda, pareçam blogadas pouco reflexivas. Claro que parto do pressuposto que agora elas sejam mais elaboradas. Mas realmente, parece que há um pouco mais de um ano começa a ocorrer uma transformação mais significativa.

Como nas duas outras edições de aniversário (30JUL07 e 30JUL08), trago nessa edição um pequeno balanço destes três primeiros anos.

A primeira mirada é para o mais significativo: o número de visitantes, pois são os leitores e as leitoras a razão a única da deste blogar.

Eis o número de visitas acumuladas por ano e as médias anuais. Estou supondo que cada visita signifique um acesso para leitura. Sei que isso é uma superestimação.

Em 30JUL

Visitas acumuladas

Visitas no ano

Media do ano

2007

06687

06687

18,3

2008

22960

16273

44,6

2009

42186

19226

52,7

Mesmo com maior divulgação, especialmente em palestras, pode se verificar que não houve um aumento significativo no número de leitores, mesmo que me gratifique essa meia centena de visitas diárias. Talvez se possa creditar isso ao aumento exponencial do número de blogues. Aquela frase do começo do século 21: “Blogue: um dia você ainda vai ter um!” parece se concretizar cada vez mais.

Um dado que tenho acompanhado são os locais de postagem das diferentes edições. Na edição suplementar uma tabela ilustra isso apresentando três segmentos, também acumulados, Rio Grande do Sul, e os demais 26 estados (BR) e exterior:

ANO

RS

BR

EXT

Total

1

12

11

06

29

2

18

23

11

52

3

24

28

14

66

Este registro permite algumas inferências: ele não aumenta mais devido ao retorno a locais onde já houve edições. Isso ocorreu nesse último ano nas três categorias.

Não tenho contabilizado o número de comentários, que não são muito numerosos.

30JUL10

Porto Alegre

#1457

Sexta-feira

QUARTO ANIVERSÁRIO DESTE BLOGUE

Ano 5

E agora uma sexta-feira, um quinto 30 de julho. Dia do 4º aniversário; abertura do ano cinco. Mais um dia de celebrações. Uma vez mais fazer balanços de 4 anos / de 12 meses.

Talvez o mais significativo que deva registrar nesta mirada de mais uma etapa cumprida é o quanto este blogue buscou refinar-se no fazer alfabetização científica. Penso que nas reflexões trazidas acerca dessa meta, alguns comentários de leitores ratificaram isto. Assim vale a pena. Isto me entusiasma com o realizado e me estimula a continuar.

Outro destaque é a persistência de a cada dia fazer uma postagem. Isto só ocorre porque há um grupo de leitores ‘fiéis’ que sei presentes no cotidiano. É fabulosa esta constatação.

Na atualização da tabela do terceiro aniversário, os números aumentados nos últimos 12 meses apresentando três segmentos, acumulados, Rio Grande do Sul, demais 26 estados e exterior:

ANO

RS

BR

EXT

Total

1

12

11

06

29

2

18

23

11

52

3

24

28

14

66

4

28

36

20

82

O mais relevante nos últimos 12 ocorreu a 01 de dezembro de 2009 quando, com a ajuda operacional do Jairo Brasil, houve a migração para o ‘blogspot’ que trouxe um significativo ganho em termos editoriais. Houve também a consolidação do nome do blogue. Ocorreram algumas perdas: inicialmente caiu o número de leitores. Atualmente este esta em torno de 70 leitores diários, que não é o mesmo do que o número de visitas (cerca de 100) que apresento na tabela do 3º aniversário. Outra desvantagem do novo editor é que há restrições a postagens de comentários. Perdi comentaristas que ainda fazem saudades, pois vejo a ‘maravilha’ de seus acessos. Outra desvantagem deste editor: mais raramente recebo informações do endereço do comentarista.

Encerro agradecendo a cada uma e cada um de meus leitores. São eles que vivificam o binômio escrita↔leitura. Meu agradecimento mais emocionado vai para aquelas e aqueles que me presenteiam com comentários.

Amanhã haverá dica de leitura em mais uma blogada sabatina. Até então.